Tecnologia, alimentos e meio ambiente estão entre as áreas mais promissoras para a profissão
POR CONSELHO FEDERAL DE QUÍMICA
em 22/05/2020
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Cervejas artesanais crescem no país, tendo como responsável técnico na área de produção um químico Foto: Banco de Imagens |
Há sempre um novo elemento na vida do profissional da Química. Muitos descobriram a paixão pela ciência ainda crianças, movidos pela curiosidade. Na escola, tiveram noções teóricas e práticas. No mercado de trabalho, conheceram a enorme variedade de setores que dependem diretamente da Química: medicamentos, cosméticos, comida, bebida, petróleo, carros, aviões, combustíveis, energia. E as atividades profissionais também são múltiplas, da pesquisa à produção industrial, do ensino à fiscalização, da perícia ao controle de qualidade.
Para Raquel Bombarda, paulista de São José do Rio Preto, foi uma surpresa descobrir, em 2009, que havia vaga para químico no concurso da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Aprovada, mudou-se em 2011 para Brasília, para trabalhar na Embrapa Agroenergia.
— A vaga tinha meu perfil, eu era formada em Química, com mestrado em Engenharia de Alimentos. A Embrapa Agroenergia trabalha com processos ligados ao aproveitamento de resíduos da agricultura, deixando de poluir o planeta e agregando valor ao que antes era lixo. Temos um andar inteiro de laboratório para química analítica, que é a área onde trabalho — diz Raquel, que, quando pequena, gostava de misturar plantas para fabricar “veneno para formigas”.
Orientadora de mestrado e doutorado da UnB, a professora Sandra Luz também se interessa pela Química desde criança.
— Eu comia sabão para saber o gosto — diverte-se.
Sandra entrou na área de pesquisa aos 17 anos, com um estágio no Instituto de Estudos Avançados no Centro Técnico Aeroespacial, em São José dos Campos (SP).
— Comecei na área nuclear, tive que esperar seis meses, até completar 18 anos, para entrar no laboratório e poder mexer com urânio, plutônio, radônio.
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Sandra Luz dedica-se à avaliação de impacto ambiental para tornar veículos mais leves e sustentáveis Foto: Divulgação |
A etapa seguinte foi a iniciação científica, quando passou a trabalhar com componentes vegetais, sua especialidade até hoje.
— Parti para mestrado, doutorado e fiz o pós-doutorado em Lisboa, na área de fibras naturais com polímeros, focada na avaliação de impacto ambiental, para tornar veículos mais leves e sustentáveis. Agora vou entrar em um projeto para desenvolver material para a parte externa de aviões. Tenho alunos engenheiros civis e até arquitetos que ficaram também especialistas em Química. É gratificante ver eles crescerem nessa área — afirma Sandra.
Formado em Engenharia Química há 38 anos, Darcilo Lisboa é mais um exemplo da amplitude de atividades profissionais desta ciência. Em Chapecó (SC), trabalhou em vários ramos da indústria de alimentos e bebidas: da extração de óleo bruto de soja ao controle de qualidade em frigoríficos de abate e da fabricação de refrigerantes à produção de insumos para ração animal, setor ao qual se dedica atualmente.
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Darcilo Lisboa se especializou em vários ramos da indústria de alimentos e bebidas Foto: Divugação |
Atuou ainda como fiscal técnico ambiental para o estado de Santa Catarina e como perito da Justiça Federal catarinense, para resolver impasses entre a fiscalização do Conselho Regional de Química da 13ª Região e empresas.
— É preciso buscar cada vez mais conhecimento, nunca achar que sabe tudo. A Química na área de alimentos é muito abrangente e a Engenharia Química me permitiu formar ligações entre tudo que aprendi. Consigo aproveitar todas as minhas experiências — afirma Lisboa, que faz parte da diretoria do CRQ catarinense.
Também no Rio Grande do Sul a produção de alimentos e bebidas move a economia e exige atuação dos profissionais da Química em vários setores, como de vinhos e recentemente de cervejas artesanais, o que abriu novas oportunidades de emprego.
— Temos quase mil vinícolas no estado e todos os profissionais que trabalham na produção são vinculados ao Conselho Regional de Química. E as cervejas artesanais ganharam espaço, atualmente com 200 fábricas. Cada empresa tem um responsável técnico na área de produção e segue todos os trâmites da área de alimentos — diz o presidente do CRQ da 5ª Região, Paulo Roberto Bello Fallavena, ele próprio produtor de cerveja artesanal, como hobby. Mesmo para a produção caseira, Fallavena recomenda a supervisão de um químico.