sexta-feira, 26 de março de 2021

Espuma de cobre durável pode ser usada em máscaras para filtrar Sars-CoV-2 💪 💪

Espuma de cobre em cima de uma planta, para mostrar que ela é muito leve
(Foto: Divulgação/Nano Letters 2021)


Uma das principais medidas de prevenção contra a Covid-19 nesta pandemia é o uso de máscaras, mas muitas oferecem coberturas ineficazes ou frágeis. Para tentar resolver essa questão, pesquisadores norte-americanos criaram uma espuma durável de cobre que é capaz de filtrar o vírus Sars-CoV-2 e pode ser usada na fabricação de máscaras mais fortes e reutilizáveis.

Os estudiosos publicaram detalhes sobre a invenção na revista científica Nano Letters. Eles dizem que a espuma é leve e possui nanofilos de cobre, que podem não só serem usados nas máscaras, mas também em sistemas de filtragem de ar, evitando a propagação aérea de agentes infecciosos.

De acordo com comunicado, para fabricar a espuma, foi criada uma rede 3D nos nanofios, solidificada com calor, o que originou ligações bem fortes. Em seguida, uma outra camada de cobre foi adicionada para reforçar o material.

Quando testaram a matéria-prima para máscaras, os pesquisadores viram que a espuma de cobre manteve sua forma mesmo em condições de alta pressão e velocidade de ar. Isso indica que ela é durável e pode ser higienizada com lavagem de ar comprimido sem riscos de danificação.

Já quando se trata de filtrar partículas de vírus, como do Sars-CoV-2 – que são liberadas toda vez que uma pessoa infectada tosse ou espirra – os resultados também foram promissores.

Isso porque a espuma pôde filtrar corpos de espessura correspondente à do vírus, ou seja, que estão na faixa de tamanho de 0,1 a 1,6 micrômetros (ou a milésima parte de um milímetro).

A versão mais eficaz do produto, com 2,5 milímetros de espessura e 15% de cobre, é capaz ainda de aprisionar 97% de partículas de aerossol, que são partículas poluentes que ficam por horas no ar.

Espuma de cobre pode servir como matéria-prima para fabricar máscaras reutilizáveis
(Foto: Vera Davidova / Unsplash)

A equipe concluiu assim que a respirabilidade das espumas é comparável a das máscaras de polipropileno N95, muito usadas por profissionais da saúde por serem mais resistentes a aerossóis. A diferença é que a base de cobre gera facilidade de limpeza e resistência.

A estimativa de preço de uma máscara produzida com a espuma de cobre é de 2 dólares cada (cerca de R$ 11, na atual cotação). Como possui longa vida útil e desinfecção fácil, os cientistas dizem que o produto é economicamente competitivo com os que já são vendidos atualmente.

Além disso, a espuma é resistente à radiação e apresenta durabilidade durante procedimentos de descontaminação, o que não ocorre com outros materiais como fibra de vidro, nanotubos de carbono e fibras de polipropileno.

“Sua estabilidade mecânica, peso leve, resistência química e à radiação, facilidade de limpeza, reutilização e reciclabilidade tornam essas espumas metálicas filtros promissores para combater [o vírus da] Covid-19 e outros tipos de partículas transportadas pelo ar”, disseram os pesquisadores, no estudo.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2021/03/espuma-de-cobre-duravel-pode-ser-usada-em-mascaras-para-filtrar-sars-cov-2.html

quinta-feira, 18 de março de 2021

10 mitos sobre a higienização das mãos e superfícies

 Lista do Conselho Federal de Química esclarece dúvidas sobre substâncias usadas na prevenção ao contágio do coronavírus, como o álcool em gel e a água sanitária

(Foto: Anton on Unsplash)

Quase um ano após o início da pandemia de Covid-19, ainda pairam dúvidas a respeito dos procedimentos de higienização. Quais tipos de álcool são recomendados? Álcool em gel grudento é ruim? Quais são os riscos ao utilizar certas substâncias?

Lembrando que a pandemia não acabou e precisamos redobrar os cuidados, o Conselho Federal de Química (CFQ) elaborou uma lista esclarecendo os principais mitos sobre os métodos de prevenção ao contágio. Confira abaixo:

1. Se o álcool em gel for melequento demais, a eficácia diminui
O que define se o álcool em gel é mais ou menos pegajoso é a composição química da fórmula, que pode sofrer algumas alterações dependendo dos compostos usados. O álcool em gel é composto basicamente por quatro substâncias: o álcool etílico 70%, um neutralizante (que garante a neutralidade do pH, para reduzir os danos à pele), um excipiente (utilizado para coloração ou perfume, dependendo do fabricante) e o carbômero (polímero que dá a característica gelatinosa ao produto). Com a alta demanda e consequente diminuição da oferta no mundo, o carbômero mais utilizado pela indústria precisou ser substituído por outras substâncias, que não têm as mesmas características  e podem parecer mais grudentas ou melequentas – o que não necessariamente diminui a eficácia.

2. Qualquer álcool é eficaz contra o coronavírus
O álcool 70% é o recomendado. Em soluções de graduação alcoólica muito superiores, a eficácia é menor, pois a evaporação é mais rápida, o que diminui o tempo de contato do álcool com o patógeno. Já os de graduação inferiores não têm o poder de eliminar os microrganismos.

3. Posso higienizar meu celular com álcool em gel
O mais recomendado para equipamentos eletrônicos é o álcool isopropílico. Por conter em sua fórmula um carbono a mais que o etanol na cadeia carbônica, ele é menos miscível em água, o que dificulta a oxidação das peças. 

4. É possível enxergar o álcool em gel queimando
Embora o álcool em gel seja inflamável, sua chama é invisível. Por isso, é importante redobrar a atenção ao álcool junto à fonte de calor. Por exemplo, evite utilizar álcool em gel antes de cozinhar e manusear o fogão. Lavar bem as mãos com água e sabão é o suficiente.

5. É possível produzir álcool em gel em casa
Apesar de existirem receitas caseiras circulando na internet, o CFQ não recomenda essa prática tanto pelos riscos associados quanto por confrontar a legislação brasileira.

6. O álcool em gel pode ser substituído por etanol de combustível ou bebidas alcoólicas
Apesar do combustível e das bebidas alcoólicas conterem álcool etílico em suas composições, cada produto apresenta uma graduação alcoólica própria e é pensado para uma finalidade específica, além de suas formulações terem outras substâncias. As bebidas alcoólicas, por exemplo, raramente atingem uma graduação de 70%, que é a ideal para sanitizar superfícies.

7. Água sanitária pura funciona contra o coronavírus
A substância que melhor age como germicida não é o hipoclorito de sódio, mas sim o ácido hipocloroso. A água sanitária pura apresenta um pH alto e, por isso, contém apenas hipoclorito. É preciso, portanto, baixar o pH, o que é feito com a adição de água.

8. É recomendável pulverizar ou borrifar soluções de hipoclorito de sódio sobre pessoas, em áreas públicas de grande circulação
O hipoclorito de sódio é corrosivo e pode causar irritação na pele e nos olhos. O CFQ não recomenda que soluções sejam pulverizadas sobre pessoas, pelo menos até que sejam apresentadas pesquisas científicas que comprovem eficácia.

9. Não se pode usar água sanitária para desinfetar as mãos
A água sanitária pode ser usada para higiene das mãos quando não houver água e sabonete ou álcool, desde que esteja diluída na concentração de 0,05% — o equivalente a 1 litro de água para 25 ml de água sanitária. Para higienizar pisos e outras superfícies, o CFQ recomenda a diluição em 0,1%, o que seria 1 litro de água para cada 50 ml de água sanitária. E, para locais externos de grande circulação ou ambientes onde existem pessoas com suspeita de Covid-19, a recomendação é diluir em 0,5% - 1 litro de água para 250 ml de água sanitária.

10. Não há riscos ao misturar água sanitária com outros produtos de limpeza ou vinagre
Pelo contrário, há inclusive risco de explosões. É que a mistura de água sanitária com outros produtos pode gerar substâncias perigosas e que liberam vapores tóxicos, já que muitos produtos contêm substâncias como hipoclorito de sódio, amônia e até mesmo nitrogênio.

FONTE: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2021/03/10-mitos-sobre-higienizacao-das-maos-e-superficies.html

domingo, 14 de março de 2021

Grupo médico anuncia novo remédio “promissor” no combate à covid-19 👀🔔💊

Grupo Samel divulga resultados de estudo de medicamento que trata pacientes com covid-19
 Eis a íntegra do estudo (Clique aqui).

Foram divulgados nesta terça-feira (9), os resultados de um estudo clínico realizado pela Applied Biology, que testou o uso da proxalutamida em pacientes com Covid-19 internados nos hospitais da Samel em Manaus (AM). Durante 14 dias, pacientes considerados graves e hospitalizados por até 72 horas receberam doses diárias do medicamento. Os primeiros resultados indicam redução no tempo médio de internação, no número de mortes e na realização de intubações.

O estudo foi conduzido pelos médicos Flávio Cadegiani, fundador e diretor médico do Instituto Corpometria; Daniel Fonseca, diretor técnico dos hospitais Samel; e Ricardo Ariel Zimerman, ex-presidente da Associação Gaúcha de Profissionais em Controle de Infecção e Epidemiologia Hospitalar, sob a coordenação de Andy Goren, CMO (Chief Medical Officer) da Applied Biology.

A Applied Biology é uma empresa de biotecnologia especializada no desenvolvimento de medicamentos para doenças capilares. “Em fevereiro de 2020, nosso grupo de pesquisa descobriu uma relação entre a queda de cabelo e a severidade dos casos de Covid-19”, explica Goren, lembrando que estes estudos indicaram que o Coronavírus só consegue entrar nas células pulmonares por meio dos androgênios.

Como a proxalutamida impede a entrada do vírus nas células, Goren iniciou uma pesquisa em nível global para comprovar sua eficácia. “Essa é a teoria que tem conduzido nossas pesquisas ao redor do mundo”, afirma. Num dos primeiros testes conduzidos por ele, com pacientes com sintomas leves, nenhum precisou ser hospitalizado, contra 27% entre os que tomaram placebo.

Estrutura Molecular da proxalutamida (<-- clique e saiba mais)

Ao receber a autorização do Comitê Nacional de Pesquisa para realizar testes no Brasil em pacientes nos estágios iniciais de hospitalização, a equipe de Goren escolheu o estado do Amazonas, considerado hoje o epicentro da doença no mundo. “Fizemos uma importante parceria com os hospitais Samel e, até aqui, os resultados têm sido promissores”, afirma.

Resultados

Para a primeira fase do estudo foram escolhidos 42 pacientes nas primeiras 72 horas de hospitalização. Todos eles faziam utilização de oxigênio, 35 estavam com ventilação não invasiva (VNI) e 24 com indicação de intubação.

Neste estágio, nas primeiras 24 horas, seriam esperadas de 8 a 12 intubações, nenhum paciente com uso de VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente e menos de 10% (2 a 3 pacientes) sem uso de VNI.

Com o uso da proxalutamida, depois de 24 horas havia sete pacientes com uso de oxigênio com saturação maior que 94% em ar ambiente; 15 pacientes (40%) em VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente; 20 pacientes (67%) sem uso de VNI; e 24 pacientes sem mais indicação de intubação.

Ao chegar a 48 horas de internação, seriam esperadas de uma a duas mortes; de 12 a 18 intubações; de um a dois pacientes em VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente; e de quatro a cinco pacientes sem uso de VNI.

Ao invés disso, o grupo apresentou 80% dos pacientes (30) sem uso de VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente; 35 pacientes sem uso de VNI e nenhuma intubação.

Com 72 horas, seriam esperadas de quatro a cinco mortes; de 15 a 22 intubações; de três a quatro pacientes em VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente; de seis a sete pacientes sem mais uso de VNI; nenhuma alta hospitalar e progressão média de 50% a 60% de pulmões comprometidos para 75% a 80%.

Com o uso do medicamento, o estudo apresentou 35 pacientes sem uso de VNI com saturação maior que 94% em ar ambiente, nenhuma intubação; oito pacientes de alta; e redução de 50% a 60% de pulmões acometidos para 5% a 15%.

O estudo também aponta que o esperado para este grupo seria um tempo de internação média de 21 dias, com cerca de 20 intubações, cinco mortes e nenhuma evolução para ar ambiente. Com uso do medicamento, o grupo de pacientes testados teve um tempo médio de internação de seis dias (redução de 70%), nenhuma intubação, nenhuma morte e 100% de evolução para ar ambiente.

Além do grupo de 42 pacientes hospitalizados, a proxalutamida também foi utilizada em dez pacientes que estavam na UTI. Nas condições em que estavam eram esperadas, em 72 horas, sete mortes (70%), nenhum extubação e uma evolução para a retirada de Nodradrenalina (10%). Com o uso da medicação, nenhuma morte foi registrada, três pacientes (30%) evoluíram para a extubação e sete deles (70%) evoluíram para a retirada da Nodradrenalina. O grupo também registrou 82% de queda do Dímero-D.

Reforçando os bons resultados apresentados até aqui, o diretor técnico dos hospitais Samel, Daniel Fonseca, ressaltou que a proxalutamida se mostrou uma medicação bastante segura, com poucos efeitos colaterais. “Ela tem ações de cortar o efeito de inflamação pulmonar, o tromboembolismo difuso e infecções bacterianas secundárias. São dados extremamente positivos que não observamos com nenhum outro tipo de medicação. Nenhum demonstrou tanta eficácia”, diz.

Próximos passos

Goren fez questão de ressaltar que estes são os estágios iniciais do estudo, que continuará até que sua eficácia seja efetivamente comprovada. “estamos no meio de uma crise mundial e queremos apresentar resultados o quanto antes. Os que obtivemos até aqui são encorajadores”, diz.

Para que a eficácia seja comprovada, o estudo precisa obter bons resultados com pelos menos 600 pacientes. “Há muito trabalho ainda a fazer e a parceria com o hospital Samel será fundamental para isso”, afirma.

O presidente do grupo Samel, Luis Alberto Nicolau, ressaltou os bons resultados obtidos até aqui. “Estamos empolgados com o que esse remédio pode fazer pela saúde da população e estamos ampliando o estudo para as cidades de Itacoatiara e Parintins, com o objetivo de chegar a estes 600 pacientes”, revela.

FONTEs:

https://www.poder360.com.br/coronavirus/grupo-medico-anuncia-novo-remedio-promissor-no-combate-a-covid-19/

https://en.wikipedia.org/wiki/Proxalutamide


quinta-feira, 11 de março de 2021

Desequilíbrio na produção de citocinas pode explicar letalidade da Covid-19 🔗📌🔔

Fenômeno conhecido como "tempestade de citocinas" pode ser mais letal em casos de infecção por Sars-CoV-2, sugere estudo (Foto: Wikimedia commons)

Desde o início da pandemia de Covid-19, cientistas procuram entender como o corpo humano responde à infecção pelo Sars-Cov-2. Em um novo estudo, pesquisadores dos Institutos Earlham e Quadram, ambos da Inglaterra, reforçam a hipótese de que, ao invés de ajudar, em alguns casos essa resposta pode ser fatal.

Publicada nesta segunda-feira (1) no periódico Frontiers in Immunology, a pesquisa analisou como o sistema imunológico reage ao entrar em contato com cinco tipos de vírus: o Mers-CoV, que se espalhou no Oriente Médio em 2012; o Sars-CoV, que apareceu na China em 2003; dois subtipos de vírus influenza A (H5N1 e H7N9); e, é claro, o Sars-Cov-2.

Mas o que esses vírus têm em comum? Todos eles, segundo os cientistas, são capazes de desencadear um fenômeno conhecido como “tempestade de citocinas” – ou Síndrome de Liberação de Citocinas (SRC, na sigla em inglês). O quadro é observado quando o sistema imune responde de forma exagerada a uma infecção, produzindo citocinas em excesso. Se uma região do corpo é afetada por partículas virais, por exemplo, essas moléculas são responsáveis por levar um “reforço” de células imunológicas ao local. Em excesso, não só combatem os vírus – ou outros tipos de patógenos –, mas também o próprio corpo do paciente, resultando em falência de órgãos e até levando à morte.

Estruturas em 3D e Molecular (clique aqui e saiba mais...)
(imagem de https://br.123rf.com/)


De acordo com o estudo, embora compartilhe semelhanças com outros vírus respiratórios, esse desequilíbrio no sistema imune pode ser mais letal em casos de infecção pelo Sars-Cov-2. Isso porque, diferente dos outros quatro vírus em questão, o novo coronavírus estaria por trás de um desajuste na produção de reguladores específicos associados à resposta das citocinas. “O Sars-CoV-2 não eleva todas as citocinas esperadas em pacientes como os outros vírus respiratórios estudados, como as citocinas elevadas após uma infecção por influenza: IL-2, IL-10, IL-4 ou IL-5”, diz o estudo. Entre as citocinas que seriam desajustadas pelo vírus causador da Covid-19, a pesquisa cita a IFN-γ e a IL-1β.

Mapeamento de citocinas

Para chegar a essas respostas, o grupo analisou mais de 5 mil estudos da literatura científica com dados de pacientes – simulação de reações em laboratório e linhagens celulares foram descartados – que, durante a infecção por um desses cinco tipos de vírus, tiveram aumento ou nenhuma mudança nos níveis de citocinas.

“Nosso objetivo é que esse mapeamento de respostas de citocinas ajude os especialistas a identificar intervenções que podem aliviar casos graves de Covid-19 e outras doenças que causam desequilíbrio na produção de citocinas”, conclui a pesquisa.

FONTE: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2021/03/desequilibrio-na-producao-de-citocinas-pode-explicar-letalidade-da-covid-19.html

sábado, 6 de março de 2021

Cientistas da Alemanha identificam substâncias inibidoras do Sars-CoV-2 💉💡 💊

Compostos são considerados promissores por conseguirem bloquear a atuação da enzima-chave e impedir a replicação do novo coronavírus, afirmam pesquisadores

Especialistas acreditam que, apesar dos resultados obtidos em laboratório serem promissores, ainda são necessários
ensaios clínicos (Foto: Universidade de Minnesota)

Após um ano de pandemia, cientistas do mundo inteiro continuam concentrando esforços para desenvolver vacinas e medicamentos que possam auxiliar no controle da Covid-19. Na Alemanha, pesquisadores das universidades de Bonn e de Würzburgo descobriram duas famílias de substâncias que impedem a replicação do novo coronavírus.

O estudo, publicado nesta quarta-feira (3) no jornal Angewandte Chemie, foi baseado em experimentos de laboratório e avaliou a capacidade dos compostos de conter a atuação da Mpro, protease principal do Sars-CoV-2 — também classificada como a enzima-chave do vírus.

“Se a enzima é bloqueada, a replicação viral nas células do corpo param”, afirma, em nota, Christa E. Müller, do Instituto Farmacêutico da Universidade de Bonn. Isso porque a primeira etapa da replicação consiste na tradução do genoma do vírus de RNA para uma grande fita de proteína. Em seguida, a protease principal corta essa cadeia de proteína em pedaços pequenos que vão compor novas partículas de vírus.

Por isso, a enzima-chave é considerada um ponto de partida promissor para a pesquisa de uma droga que seja eficiente contra o novo coronavírus. Com base na estrutura e no mecanismo através do qual a protease funciona, os farmacêuticos desenvolveram uma variedade de potenciais inibidores. “Um inibidor adequado deve se vincular de forma suficientemente forte à protease principal para conseguir bloqueá-la”, explica o pesquisador Michael Gütschow.

Representação da protease do coronavírus com os novos inibidores. Os domínios da proteína estão representados em diferentes cores, e o inibidor em rosa. (Foto: V. Namasivayam/Pharmazeutisches Institut/Uni Bonn)

Os testes foram realizados por meio da triagem de alto desempenho (HTS, na sigla em inglês) e de um sistema de fluorescência. De acordo com Gütschow, a maioria dos compostos experimentados não foram bem-sucedidos e a fluorescência permaneceu visível. Em alguns casos, porém, ela foi suprimida, indicando que uma parcela das substâncias pode inibir a enzima.

Os cientistas identificaram duas classes de drogas que parecem promissoras: as azanitrilas e os ésteres de piridila. A partir delas, compostos customizados foram sintetizados para que permanecessem grudados à protease como goma de mascar, bloqueando a replicação viral. “Alguns também conseguem inibir a enzima humana que ajuda o vírus a entrar nas células do corpo”, observa Christa Müller.

"Esses compostos são promissores para o desenvolvimento de drogas”, afirma a pesquisadora. Apesar das boas notícias, Gütschow ressalta que ainda são necessários extensos ensaios clínicos para avaliar se as substâncias também são capazes de inibir a replicação do Sars-CoV-2 em humanos.

FONTE: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2021/03/cientistas-da-alemanha-identificam-substancias-inibidoras-do-sars-cov-2.html