domingo, 28 de julho de 2019

Pesquisadores estudam moléculas da maconha que combatem a dor

A canflavina A e canflavina B são 30 vezes mais eficazes contra a inflamação do que uma aspirina: as moléculas não causam dependência

A cannabis tem substâncias que podem ajudar diretamente a curar uma dor (Foto: Pexels)
Imagem de revistagalileu.globo.com

Um grupo de cientistas da Universidade de Guelph (Canadá) fez um estudo para encontrar as moléculas da cannabis que ajudam a combater a dor. No estudo publicado na revista Phytochemistry, os pesquisadores explicam como usaram uma combinação de genômica e bioquímica para descobrir como a planta produz canflavina A e canflavina B, duas moléculas que são 30 vezes melhores para combater uma inflamação do que a aspirina.

Apesar de estas moléculas — chamadas de flavonoides — serem conhecidas desde 1985, o que se sabe sobre o assunto é limitado devido à estrita regulamentação sobre a pesquisa de maconha. Com a recente legalização da cannabis no Canadá, entretanto, os cientistas puderam fazer o estudo sem problemas.


A equipe usou técnicas bioquímicas para descobrir quais genes são necessários para fazer as duas moléculas e quais enzimas estão envolvidas neste processo. "Existem muitos genomas sequenciados que estão disponíveis ao público, incluindo o genoma da Cannabis sativa, que pode ser extraído de informações. Se você sabe o que está procurando, pode dar vida aos genes, por assim dizer, e juntar moléculas como cannflavinas A e B são montadas", explica o autor do estudo Tariq Akhtar em um comunicado.
 

As moléculas atingem diretamente a dor e não são psicoativas, ou seja, não afetam o funcionamento do sistema nervoso central como os opiáceos (subtâncias encontradas no ópio) ou o THC da cannabis. Então seria possível usá-las para criar uma nova classe de analgésicos sem o risco de causar dependência.

"Há claramente uma necessidade de desenvolver alternativas para o alívio da dor aguda e crônica que vão além dos opioides", explica Akhtar. "Essas moléculas não são psicoativas e têm como alvo a inflamação na fonte, tornando-as analgésicos ideais".


O próximo passo é tentar produzir estas móleculas em grandes quantidades sem a necessidade da cannabis, já que mesmo plantas geneticamente modificadas não seriam capazes de produzir o suficiente. Para isso eles já estão trabalhando com uma empresa canadense chamada Anahit International Corp.

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2019/07/pesquisadores-estudam-moleculas-da-maconha-que-combatem-dor.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=post

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Descobriram como é a geometria de um elétron

Um elétron preso em um ponto quântico. Ele se move dentro do espaço, mas, com diferentes probabilidades correspondentes a uma função de onda, permanece em certos locais dentro de seu confinamento (elipses vermelhas)
Cientistas da Universidade de Basileia, na Suíça, mostraram como a geometria de um único elétron se parece pela primeira vez.

A descoberta foi feita através de um método recém-desenvolvido que permite aos cientistas calcular a probabilidade de um elétron estar presente em um espaço.
Isso, por sua vez, leva a um melhor controle dos spins dos elétrons, que poderiam servir como a menor unidade de informação em um futuro computador quântico.

Spin, computação quântica e geometria do elétron

spin (ou “giro”) de um elétron representa as possíveis orientações que a partícula subatômica carregada pode exibir quando imersa em um campo magnético.
spin é um candidato promissor para ser usado como a menor unidade de informação (ou qubit) de um computador quântico.

Controlar e alternar este giro ou acoplá-lo a outros spins são alguns dos desafios nos quais inúmeros grupos de pesquisa em todo o mundo estão trabalhando.
A estabilidade de um único spin e o emaranhamento de vários spins dependem, entre outras coisas, da geometria dos elétrons – que antes era impossível de determinar experimentalmente.

Átomo artificial

O que os cientistas do Departamento de Física e do Instituto Suíço de Nanociência da Universidade de Basileia fizeram foi desenvolver um método pelo qual eles podiam determinar a geometria de elétrons espacialmente em pontos quânticos.
Um ponto quântico é uma “armadilha” que confina elétrons livres em uma área cerca de mil vezes maior que um átomo natural. Como os elétrons aprisionados se comportam de maneira semelhante aos elétrons ligados a um átomo, o ponto quântico também é chamado de “átomo artificial”.

O elétron pode se mover dentro desse espaço, mas, com diferentes probabilidades correspondentes a uma função de onda, permanece em locais específicos dentro de seu confinamento.

Os cientistas usaram medições espectroscópicas para determinar os níveis de energia no ponto quântico e estudar o comportamento desses níveis em campos magnéticos de força e orientação variadas. Com base em um modelo teórico, foi possível determinar a provável densidade do elétron e, assim, sua função de onda com precisão na escala subnanométrica.
“Para simplificar, podemos usar esse método para mostrar como um elétron se parece pela primeira vez”, explica um dos principais autores do estudo, Daniel Loss.

Otimização

Os pesquisadores, que trabalham em estreita colaboração com colegas no Japão, na Eslováquia e nos Estados Unidos, agora têm a chance de entender melhor a correlação entre a geometria e o spin do elétron, que deve ser estável pelo maior tempo possível e rapidamente comutável para ser usado como qubit.

“Nós podemos não apenas mapear a forma e a orientação do elétron, mas também controlar a função de onda de acordo com a configuração dos campos elétricos aplicados. Isso nos dá a oportunidade de potencializar o controle dos spins de maneira bem direcionada”, afirma outro pesquisador principal do estudo, Dominik Zumbühl.
Com o auxílio do método desenvolvido, vários estudos podem ser melhor compreendidos, e o desempenho de spin em qubits pode ser otimizado no futuro.

O resultado dos experimentos foi publicado em um artigo na revista científica Physical Review Letters, e a teoria relacionada foi publicada em um artigo na revista científica Physical Review B. [Phys]

FONTE: https://hypescience.com/geometria-de-um-eletron-e-determinada-pela-primeira-vez/

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Tabela Periódica: frases que ajudam a lembrar dos elementos químicos

A tática ajuda na hora de memorizar os símbolos das colunas do sistema de organização dos elementos químicos

Tabela periódica atualizada de 2019 (Foto: Rottoni/Wikimedia Commons)
TABELA PERIÓDICA ATUALIZADA DE 2019 (FOTO: ROTTONI/WIKIMEDIA COMMONS)

Tabela Periódica tem 118 elementos e, diante deste número, estudar para as provas de química pode parecer um pesadelo. Contudo, diversas artimanhas podem te ajudar nesta missão: o canal do YouTube Periodic Videos, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, possui dicas para explicar cada um dos elementos.

Além disso, é possível aprender os símbolos das famílias – as colunas, também denominadas de "grupos"– lembrando de frases bem curiosas (fiz alguns adendos).
Quer saber mais? Confira abaixo: 


Coluna e frase formada

1
Hoje Li Na Kama Robinson Crusoé em Francês
Hoje Li Na Kasa de Rubens Coisas Francesas

Bete Magrela Casou com o SrBarão Ramos
Bela Margarida Casou com o Senhor Bartolomeu Ramos
4
TiZiraldo viajou com Half e Rafa
5
Vi o Nobel passeando Tarde com o Danúbio
6
Cris Morou com Walter Sargento
7
Minha Torcida é para o Recife, mas moro em Belo Horizonte
8
Fernanda, Ruth, Oscar e Heloísa
9
Como o Rh Irá Multar os funcionários
10
Nicolas Poderia Plantar Damas da noite
11
Cuspi no cão de Agnaldo, ele fez Au como um Rugido
12
Zona Norte tem CadHolograma Construído
13
B
om, Algum Gato Invadiu o Telhado com Ninho
14
Com Sinceridade Geralmente tenho Sonhos Proibidos na Floresta
15
Não é Possível Assar Saborosos Biscoitos no Micro-ondas
Não Pude Assoprar Saborosos Biscoitos no Micro-ondas
16
O S Se Te Porquinhos estão Livres
17
Foi Claudio o Bravo quem Invadiu Atlanta sem Transporte
Foi Clóvis Broxado quem Invadiu Atenas sem Trambique
18
Heitor NeArranca Kriptonita do Xerife de Rondônia que é Ogro
Se quiser melhorar a apreensão, faça musiquinhas, em rima, ou não, em prosa ou ainda em versos!!! Fique à vontade...

2019: ano internacional da Tabela Periódica dos Elementos.

FONTE: https://revistagalileu.globo.com/Vestibular-e-Enem/noticia/2019/07/tabela-periodica-frases-que-ajudam-decorar-os-elementos-quimicos.html

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Chernobyl: o pior acidente nuclear na história se transformou em algo que ninguém esperava

imagem de /hypescience.com
Em 26 de abril de 1986, o reator número quatro da Usina Nuclear de Chernobyl sofreu uma explosão durante um teste técnico na então União Soviética, atual Ucrânia.

Como resultado desse acidente, mais de 400 vezes mais radiação foi emitida na região do que a liberada pela bomba atômica derrubada pelos americanos na cidade japonesa de Hiroshima em 1945.

Até hoje, Chernobyl é o maior acidente nuclear da história. O trabalho de descontaminação começou imediatamente após o desastre. Uma zona de exclusão foi criada em torno da fábrica e mais de 350.000 pessoas foram evacuadas. Elas nunca mais voltaram. Severas restrições ao assentamento humano permanente ainda estão em vigor hoje.
Isso pode ser, inclusive, uma das razões pelas quais a área tem prosperado.

O acidente

O acidente teve um grande impacto na população humana. As estimativas do número de mortes variam muito. Embora não existam números conclusivos, a perda de vidas humanas e consequências fisiológicas foram enormes.

O impacto inicial no meio ambiente também foi importante. Uma das áreas mais fortemente afetadas pela radiação foi a floresta de pinheiros perto da usina, conhecida desde então como “Floresta Vermelha”.
Esta área recebeu as maiores doses de radiação – os pinheiros morreram instantaneamente e todas as folhas ficaram vermelhas. Poucos animais sobreviveram aos níveis mais altos de radiação.

Sendo assim, logo após o acidente assumiu-se que a área se tornaria um deserto para a vida. Considerando o longo tempo que alguns compostos radioativos demoram para desaparecer do ambiente, a previsão era de que a área permanecesse desprovida de vida selvagem por séculos.

A surpresa

Hoje, 33 anos após a catástrofe, a zona de exclusão de Chernobyl, que abrange pedaços da Ucrânia e Belarus, é habitada por ursos marrons, bisontes, lobos, linces, cavalos-de-przewalski e mais de 200 espécies de aves, entre outros animais.

Em março de 2019, diversos grupos de pesquisa que estudam a fauna de Chernobyl se reuniram em Portsmouth, na Inglaterra, para apresentar os resultados mais recentes dos seus trabalhos – cerca de 30 pesquisadores do Reino Unido, Irlanda, França, Bélgica, Noruega, Espanha e Ucrânia.

Estes estudos incluíram trabalhos sobre grandes mamíferos, nidificação de aves, anfíbios, peixes, abelhas, minhocas, bactérias e folhas.

Os resultados indicam que a região abriga atualmente grande biodiversidade. Além disso, os cientistas confirmaram a falta geral de grandes efeitos negativos dos níveis atuais de radiação nas populações de animais e plantas que vivem em Chernobyl.
Todos os grupos estudados mantêm populações estáveis ​​e viáveis ​​dentro da zona de exclusão.

TREE

O projeto TREE (TRansfer-Exposure-Effects, liderado por Nick Beresford, do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido) instalou câmeras de detecção de movimento em diferentes áreas da zona de exclusão, que ficaram ligadas por vários anos.

As fotos tiradas revelam a presença de fauna abundante em todos os níveis de radiação. As câmeras fizeram a primeira observação de ursos marrons e bisontes europeus dentro do lado ucraniano da zona, bem como o aumento no número de lobos e cavalos-de-przewalski.

O trabalho sobre anfíbios em Chernobyl também detectou populações abundantes em toda a zona de exclusão, mesmo nas áreas mais contaminadas.

Além disso, foram encontrados sinais que podem representar respostas adaptativas à vida com radiação. Por exemplo, as rãs dentro da zona de exclusão são mais escuras do que as rãs que vivem fora dela, o que é uma possível defesa contra a radiação.

Efeitos negativos

Vale mencionar que os estudos detectaram alguns efeitos negativos da radiação em um nível individual.

Por exemplo, alguns insetos parecem ter uma vida útil mais curta e são mais afetados por parasitas em áreas de alta radiação.
Algumas aves também apresentam níveis mais elevados de albinismo, bem como alterações fisiológicas e genéticas quando vivem em localidades altamente contaminadas.
Mas esses efeitos não parecem afetar a manutenção da população de animais selvagens na área.

Impacto humano x nuclear

A ausência geral de efeitos negativos da radiação sobre a vida selvagem de Chernobyl pode ser uma consequência de vários fatores. Primeiro, a vida selvagem pode ser muito mais resistente à radiação do que se pensava anteriormente.

Outra possibilidade é que alguns organismos poderiam estar começando a mostrar respostas adaptativas que lhes permitiriam lidar com a radiação e viver dentro da zona de exclusão sem ter danos.

Além disso, a ausência de seres humanos dentro da zona de exclusão pode favorecer muitas espécies, grandes mamíferos em particular. Talvez as pressões geradas pelas atividades humanas sejam mais negativas para a vida selvagem no médio prazo do que um acidente nuclear – uma visão bastante reveladora do impacto humano sobre o ambiente natural.

O futuro de Chernobyl

Em 2016, a parte ucraniana da zona de exclusão foi declarada como reserva radiológica e ambiental pelo governo nacional.

Ao longo dos anos, Chernobyl também se tornou um excelente laboratório natural para o estudo de processos evolutivos em ambientes extremos, algo que poderia ser valioso, dadas as rápidas mudanças ambientais experimentadas em todo o mundo.
Atualmente, vários projetos estão tentando retomar as atividades humanas na área. O turismo vem florescendo em Chernobyl, com mais de 70.000 visitantes em 2018.

Há também planos para o desenvolvimento de usinas de energia solar na área e para a expansão do trabalho florestal. No ano passado, houve até uma instalação de arte dentro da cidade abandonada de Prypiat.

Nos últimos 33 anos, Chernobyl deixou de ser considerada um deserto em potencial para se tornar uma área de grande interesse para a conservação da biodiversidade. Pode parecer estranho, mas agora precisamos trabalhar para manter a integridade da zona de exclusão como uma reserva natural, para garantir que Chernobyl continue a ser um refúgio para a vida selvagem. [ScienceAlert]

FONTE: https://hypescience.com/o-pior-acidente-nuclear-da-historia-transformou-chernobyl-em-algo-que-ninguem-esperava/

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Sensacional: Escritório de Bill Gates tem parede com todos os elementos químicos

O fundador da Microsoft tem um grande estoque de elementos químicos, como urânio, plutônio e polônio

"Parede periódica" no escritório de Bill Gates (Foto: Reddit)
imagem de revistagalileu.globo.com/
Que Bill Gates é totalmente apaixonado por ciências não é segredo para ninguém. Mas não imaginávamos que seu amor era tão grande a ponto de ele ter uma parede em forma de tabela periódica em seu escritório em Seattle, nos Estados Unidos. Podemos chamá-la carinhosamente de "parede periódica". 

A instalação traz diversos compartimentos cobertos por uma fachada de vidro, sendo cada um destinado a um elemento químico. E o mais interessante nisso tudo é que realmente existe uma amostra de cada um dos elementos correspondente ao que está na placa de seu compartimento. Pode-se ver na imagem até mesmo os locais específicos para os gases, como o Argônio. 

A foto foi compartilhada na rede social Reddit - onde o milionário fundador da Microsoft é conhecido por interagir vez ou outra nos tópicos.

Os usuários ficaram muito curiosos sobre os elementos armazenados na parede de Bill Gates. Um deles questionou sobre a quantidade de plutônio estocada. Outro, ainda, brincou que aquela seria como uma loja nuclear com tudo o que é necessário para desenvolver novas armas. 

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/12/escritorio-de-bill-gates-tem-parede-com-todos-os-elementos-quimicos.html

sábado, 13 de julho de 2019

Os Elementos químicos e a tabela das nações onde foram descobertos

imagem  de  suburbanodigital
Você sabia que o Reino Unido lidera a tabela das nações que mais descobriram elementos químicos? Provavelmente não. Mas a tabela acima pode saciar sua curiosidade.

O Google Science Fair postou essa tabela periódica. Ela é diferente das vistas nos livros de química da escola, pois exibe em quais países cada elemento foi descoberto.

Na liderança do ranking está o Reino Unido, com 24 descobertas. Em seguida estão os Estados Unidos, com 21. A Suécia vem em terceiro, com 20 elementos, seguida pela Alemanha, com 19.

Os elementos mais velhos, como ouro, mercúrio e cobre, aparecem na lista como “ancient discovery” (“descoberta antiga”, na tradução para o português). Isso porque não é possível saber qual é o país de origem desses elementos.

Clique aqui que temos uma tabela maior

FONTE:
http://info.abril.com.br/noticias/blogs/cientifica/curiosidades/veja-em-quais-paises-elementos-da-tabela-periodica-foram-descobertos/

https://suburbanodigital.blogspot.com/2015/02/tabela-periodica-de-bandeiras-dos-paises-onde-os-elementos-quimicos-foram-descobertos.html

domingo, 7 de julho de 2019

Qual é o elemento mais "inútil" da tabela periódica?

Getty Images
imagem de noticias.uol.com.br
PorTiago Jokura
Pergunta enviada por Guilherme Taylor, em Campinas (SP) 

"Inútil" é um pouco forte, né, Taylor? Como me disse Henrique Eisi Toma, do Instituto de Química da USP, "não existe elemento inútil, pois a limitação não está no elemento; está em nossa capacidade de entendê-lo para saber onde aplicar". 

Que tal falarmos, então, de elementos "menos solicitados para finalidades práticas"? Assim conversamos num tom mais política e quimicamente correto. 

Se você tiver uma tabela periódica aí pertinho, dê uma olhada em tudo que está depois do califórnio. Os elementos cujo número atômico (que indica a quantidade de prótons no núcleo de um átomo) é maior que 98 têm tantos prótons, que são conhecidos como elementos superpesados. Eles praticamente não são encontrados na natureza. O mais comum é serem criados em aceleradores de partículas por meio da colisão de átomos de outros elementos. 

Essa não ocorrência na natureza se dá por serem muito instáveis, com meias-vidas que variam de alguns minutos a frações de segundos --a exceção é o dúbnio, que pode durar mais de um dia sem decair. Ou seja, do einstênio ao oganessônio, são 20 elementos químicos artificiais, que só são observados em laboratório - produção em larga escala nem pensar. "Se formos pensar em preços, provavelmente estes seriam os elementos mais caros do planeta, pelo custo envolvido em sua produção", completa o professor Toma. 

Todas essas dificuldades acabam fazendo dos elementos superpesados, por ora, um fim em si mesmo: são produzidos para serem estudados. Tanto eles bastam a si mesmos, que sugiro que o próximo elemento a ser criado, com número atômico 119, seja batizado de narcísio em vez de ununênio - nome que já está reservado para quando ele nascer. 

Mas não há inutilidade nenhuma nisso, repito. Quem me ampara nesse pensamento é o professor Peter Tiedemann, do Instituto de Química da USP, ao afirmar que, "embora os superpesados sejam apenas curiosidades para químicos, são muito interessantes para físicos, pois permitem compreender aspectos importantes da estrutura da matéria". Elementar, meu caro Taylor.


quinta-feira, 4 de julho de 2019

No TCC, estudantes de Química desenvolvem canudo comestível

Invenção brasileira, realizada durante trabalho de conclusão de curso, é feita com bagaços e cascas de frutas e é uma alternativa ao uso de utensílios de plástico
Estudantes de química criam canudo comestível como forma de substituição ao canudo plástico (Foto: Divulgação)
Imagem reprodução
A guerra contra os canudos de plástico ganhou mais um novo aliado: um canudo que, além de biodegradável, é também comestível, com sabor de fruta. A invenção é resultado de seis meses de pesquisa e faz parte do trabalho de conclusão de curso (TCC) de Alex Vidotto, Aline Molena e Ariane Guerra, estudantes de Química da ETEC Amim Jundi, de Osvaldo Cruz, no interior de São Paulo.

Os estudantes produziram um polissacarídeo (substância semelhante ao açúcar) a partir de bagaços e cascas de frutas como abacaxi, morango, uva, manga e maracujá. Em entrevista à GALILEU, o estudante Alex Vidotto conta que foi usado um  solvente para separar o polissacarídeo da parte líquida da solução. Assim, foi possível criar um “pó”, que em contato com os reagentes formou um “filme biodegradável resistente”.

“Nós extraímos os polissacarídeos das frutas e o adicionamos a uma solução com uma polpa e outros reagentes para produzir um filme biodegradável: a partir dele, nós moldamos o canudo”, explica Vidotto.

Canudo comestível tem gosto e cor natural de fruta (Foto: Arquivo Pessoal)
CANUDO COMESTÍVEL TEM GOSTO E COR NATURAL DE FRUTA (FOTO: ARQUIVO PESSOAL)
O canudo, segundo o estudante, é “bastante flexível” e possui o sabor e a cor característica da fruta utilizada para produzi-lo. Nenhum aromatizante é usado no processo e o resultado é um produto que mantém as propriedades naturais das frutas. “O polissacarídeo é muito rico em fibras digestivas e ajuda no funcionamento da flora intestinal”, afirma o aluno.

Para testar se o canudo comestível seria uma boa alternativa à versão de plástico — que demora cerca de 400 anos para se decompor —  foram realizados testes de solubilidade e o produto foi exposto à água do mar. “No teste, ele durou poucos minutos para se dissolver e acreditamos que não passe de alguns dias para ele se degradar”, relata Vidotto, que pretende ainda dar continuidade à pesquisa para implementar o canudo no mercado.

A invenção  tem como objetivo ajudar a diminuir o consumo de plástico no nosso país: segundo dados do Banco Mundial, o Brasil é 4º maior produtor de lixo plástico no mundo, com 11,3 milhões de toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, China e Índia.

Na última terça-feira, 25 de junho, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), sancionou o projeto de lei que proíbe o fornecimento de canudinhos de plástico na cidade. No Brasil, 24 estados têm leis estaduais e/ou municipais aprovadas ou em discussão no legislativo para proibir a utilização do utensílio.

FONTE: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2019/06/no-tcc-estudantes-de-quimica-desenvolvem-canudo-comestivel.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=post

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Descarte incorreto de lixo eletrônico traz risco de câncer e problemas ambientais

Falta de conscientização é um dos fatores que contribuem para agravar o problema.
Por Daniel Gois, Gabriel Bruno e Marcela Alonso*
Depósito de sucata eletrônica do Settaport: mais de 200 toneladas recolhidas em 2018 — Foto: Daniel Gois
Imagem de g1.globo.com
O lixo eletrônico pode causar câncer e uma série de doenças devido a predominância dos metais pesados. O professor de Engenharia Ambiental Marco Antonio Cismeiro Bumba alerta para problemas causados pelo descarte incorreto desse tipo de resíduo. “A maioria dos metais pesados tende a causar tumores. Eles são bioacumulativos (entram no corpo e se acumulam)", explica.

Segundo Bumba, além dos metais pesados, outros materiais presentes no lixo eletrônico podem causar doenças. O alumínio é outro exemplo, porque se acumula no cérebro.

A contaminação do solo e dos rios também é agravada pelo descarte irregular de lixo eletrônico. “Quando você descarta um celular no lixo, é descartado plástico que vai para o meio ambiente e circuitos com metais que acabam contaminando o solo do lixão”, aponta o professor. “Temos uma grande quantidade deles nos rios. Podem atingir lençóis subterrâneos que abastecem os rios”.

Uma pesquisa de 2017 da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o Brasil é o sétimo maior produtor de lixo eletrônico no mundo. Ao todo, o país gera 1,5 milhão de toneladas por ano.

Francisco Antonio Nogueira da Silva, supervisor operacional do Projeto Lixo Eletrônico da fundação Settaport, chama atenção para a falta de conscientização em relação ao descarte. “Há pouco tempo, as pessoas não separavam, porque misturavam todos os tipos de lixo. Acham que pode por lixo eletrônico junto com comida. Esse lixo pode causar câncer e pode afetar o meio ambiente, pode afetar a saúde. O pessoal não entende isso”, aponta Nogueira.

A entidade atua desde 2010 no recolhimento de aparelhos eletrônicos, que são destinados para conserto, venda ou reciclagem. Segundo Francisco Nogueira, mais de 200 toneladas de lixo eletrônico foram recolhidas no ano passado. Após os reparos necessários, os computadores, impressoras e demais equipamentos são doados para escolas e entidades ou reciclados.

Marco Antonio Bumba também chama atenção para a diferença entre aterros e lixões. “O lixão é aquele lugar que o caminhão chega, despeja todo lixo e acabou. Os aterros sanitários são lugares preparados para receber o lixo, para minimizar o impacto desse lixo no meio ambiente. Só que esses aterros estão ficando superlotados. Lixão é um problema sério”.

Diferentemente do lixo orgânico, que libera CO2 e se decompõe rapidamente, o lixo eletrônico tem caráter bioacumulativo. Ele deve ser separado e descartado de forma “consciente”, diz Bumba.Ao invés de ser descartado no meio ambiente, o lixo pode se tornar uma fonte de renda, diz o professor. Ele cita como exemplo o reaproveitamento de pneus para produção de asfalto.

Para Francisco Nogueira, do Settaport, público “não entende” as consequências do descarte incorreto  — Foto: Daniel Gois
Imagem de g1.globo.com
"As empresas precisam começar a pensar que lixo é uma oportunidade de negócio. Existem materiais que até pouco tempo eram considerados lixo e hoje são matéria-prima para outras empresas", aponta o professor.

O supervisor do Settaport afirma que a conscientização sobre os problemas do lixo eletrônico é o grande passo para combater o problema. "Tudo é parte da educação. Falta às autoridades responsáveis mostrar como é que separa".

"O homem tem um novo preconceito", afirma Bumba, para explicar por que existe tanto descaso com o lixo. "Ele se acha o ser vivente superior da natureza, porque não se preocupa com outros seres viventes. Ele se acha superior aos demais", conclui.

*Sob supervisão de Alexandre Lopes.




FONTE: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/educacao/noticia/2019/06/15/descarte-incorreto-de-lixo-eletronico-traz-risco-de-cancer-e-problemas-ambientais.ghtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=g1&utm_content=post