Falta de conscientização é um dos fatores que contribuem para agravar o problema.
Por Daniel Gois, Gabriel Bruno e Marcela Alonso*
Imagem de g1.globo.com |
Segundo Bumba, além dos metais pesados, outros materiais presentes no lixo eletrônico podem causar doenças. O alumínio é outro exemplo, porque se acumula no cérebro.
A contaminação do solo e dos rios também é agravada pelo descarte irregular de lixo eletrônico. “Quando você descarta um celular no lixo, é descartado plástico que vai para o meio ambiente e circuitos com metais que acabam contaminando o solo do lixão”, aponta o professor. “Temos uma grande quantidade deles nos rios. Podem atingir lençóis subterrâneos que abastecem os rios”.
Uma pesquisa de 2017 da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que o Brasil é o sétimo maior produtor de lixo eletrônico no mundo. Ao todo, o país gera 1,5 milhão de toneladas por ano.
Francisco Antonio Nogueira da Silva, supervisor operacional do Projeto Lixo Eletrônico da fundação Settaport, chama atenção para a falta de conscientização em relação ao descarte. “Há pouco tempo, as pessoas não separavam, porque misturavam todos os tipos de lixo. Acham que pode por lixo eletrônico junto com comida. Esse lixo pode causar câncer e pode afetar o meio ambiente, pode afetar a saúde. O pessoal não entende isso”, aponta Nogueira.
A entidade atua desde 2010 no recolhimento de aparelhos eletrônicos, que são destinados para conserto, venda ou reciclagem. Segundo Francisco Nogueira, mais de 200 toneladas de lixo eletrônico foram recolhidas no ano passado. Após os reparos necessários, os computadores, impressoras e demais equipamentos são doados para escolas e entidades ou reciclados.
Marco Antonio Bumba também chama atenção para a diferença entre aterros e lixões. “O lixão é aquele lugar que o caminhão chega, despeja todo lixo e acabou. Os aterros sanitários são lugares preparados para receber o lixo, para minimizar o impacto desse lixo no meio ambiente. Só que esses aterros estão ficando superlotados. Lixão é um problema sério”.
Diferentemente do lixo orgânico, que libera CO2 e se decompõe rapidamente, o lixo eletrônico tem caráter bioacumulativo. Ele deve ser separado e descartado de forma “consciente”, diz Bumba.Ao invés de ser descartado no meio ambiente, o lixo pode se tornar uma fonte de renda, diz o professor. Ele cita como exemplo o reaproveitamento de pneus para produção de asfalto.
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"As empresas precisam começar a pensar que lixo é uma oportunidade de negócio. Existem materiais que até pouco tempo eram considerados lixo e hoje são matéria-prima para outras empresas", aponta o professor.
O supervisor do Settaport afirma que a conscientização sobre os problemas do lixo eletrônico é o grande passo para combater o problema. "Tudo é parte da educação. Falta às autoridades responsáveis mostrar como é que separa".
"O homem tem um novo preconceito", afirma Bumba, para explicar por que existe tanto descaso com o lixo. "Ele se acha o ser vivente superior da natureza, porque não se preocupa com outros seres viventes. Ele se acha superior aos demais", conclui.
*Sob supervisão de Alexandre Lopes.
FONTE: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/educacao/noticia/2019/06/15/descarte-incorreto-de-lixo-eletronico-traz-risco-de-cancer-e-problemas-ambientais.ghtml?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=g1&utm_content=post
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