terça-feira, 15 de novembro de 2022

A QUÍMICA ESTÁ EM TODA PARTE 💎🎀💉👔🎁

Entenda o que a química estuda e veja que ela está em toda parte, em tudo que vemos, ouvimos e sentimos.

 
A Química que você verá nos livros não é só uma ciência de laboratório, mas está em tudo ao nosso redor e dentro de nós

Nas conversas do dia a dia, nas embalagens de produtos que compramos, nos programas de televisão, nos jornais, na internet e em outros meios de comunicação, a Química é citada como sendo algo ruim, que agride o meio ambiente e a nossa saúde. Por exemplo, você já ouviu alguém dizer: “Esse alimento é melhor porque ele não tem química”? Ou “Esse produto de limpeza é muito perigoso, pois tem muita química!”? Ou, ainda, “esse tratamento de cabelo não faz mal porque ele não tem química!”?

Bem, esses são conceitos errados e negativos que muitos possuem, pois eles pensam que a Química está relacionada somente com o que é produzido em laboratório, com substâncias sintéticas ou artificiais.

Na realidade, a Química está em toda parte, porque chamamos de “química” o estudo dos materiais e das transformações que ocorrem com eles. Os químicos separam os componentes dos materiais, estudam suas propriedades como cor, cheiro, dureza, forma, consistência, o que ocorrerá se o colocarmos em contato com outros materiais e para qual finalidade eles podem ser usados.

Tudo ao seu redor e dentro de você funciona e existe por causa da química. Por exemplo, você viveria sem o ar? Claro que não! Pois bem, o ar é composto por substâncias químicas gasosas, como o nitrogênio e o oxigênio.

O ar que respiramos é formado por vários gases (que são substâncias químicas)

Há algo mais natural do que as plantas? Então, as plantas realizam uma reação química muito importante que limpa o ar, que é a fotossíntese.

As plantas assim como tudo são formadas por átomos que são estudados pela química

Como foi mostrado anteriormente, tudo é formado de átomos, e a química é a ciência que estuda essas minúsculas partículas.

A água é feita de moléculas com dois átomos de hidrogênio ligados a um átomo de oxigênio, ou seja, H2O. Já a água do mar possui muitas substâncias químicas misturadas a ela, que podem depois passar por transformações e separar seu componentes, como o sal de cozinha. Se você quiser saber como isso é feito, leia o texto Separação de misturas.

Dentro de você, a comida é digerida e a energia é consumida pelo seu organismo, permitindo que você viva e realize as atividades do dia a dia. O sangue que circula em suas veias levando oxigênio para as outras partes do corpo, sua pele, suas unhas, seu cabelo, tudo tem química.

Enfim, não há nada que você possa imaginar que não está relacionado com a química!

Mas e os produtos que são feitos no laboratório pelos químicos? É verdade que eles fazem mal?

Conforme dito, os químicos podem estudar formas de realizar transformações com materiais tirados da natureza para fabricar produtos que serão utilizados pelo homem. É o caso, por exemplo, dos remédios que ajudam a salvar muitas vidas, dos produtos de higiene e limpeza que, além de nos deixarem mais bonitos e cheirosos, também ajudam a manter a nossa saúde e a de nossa família, pois a sujeira atrai insetos e animais que transmitem doenças.

Esses exemplos mostram que os “produtos químicos” ou mais corretamente “produtos sintéticos” podem ser usados para coisas boas. Mas é verdade também que, se forem usados da forma errada ou em excesso, eles podem fazer mal para o meio ambiente, para os animais e para nós.

O uso errado da química tem trazido prejuízos para o planeta

Por exemplo, o ser humano tem buscado cada vez mais energia e, muitas vezes, para isso, acaba retirando muitos recursos da natureza, poluindo-a. Assim, a química será “boa” se a humanidade for “boa”, ou seja, se usá-la para fins benéficos e pacíficos. Mas se a humanidade for “má”, isto é, se usá-la apenas para satisfazer suas próprias necessidades imediatas, sem pensar nas outras pessoas, na natureza e no futuro, então a química será “má”.

Mas muitos problemas ambientais que existem hoje são também estudados pelas pessoas que trabalham com a química, que buscam formas de resolver esses problemas. Por isso, te incentivamos a estudar química e obter os conhecimentos importantíssimos que essa ciência nos dá para que ela fique nas “mãos certas” e você possa usá-la em seu favor e em benefício da humanidade.

Por Jennifer Fogaça

Fonte: https://escolakids.uol.com.br/ciencias/a-quimica-esta-em-toda-parte.htm

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Material magnético que congela quando aquecido intriga cientistas

Imãs de neodímio são, na verdade, uma mistura dele com ferro, o que permite que ele se comporte como se espera. No caso do material magnético puro, ele congela quando aquecido (Imagem: Lekdood/Shuttterstock)

Um time de pesquisadores da Universidade Radbound, na Holanda, estão perplexos com o comportamento de um material magnético que, estranhamente, congela quando aquecido. O objeto em questão, um ímã de neodímio, foi algo de um estudo publicado no jornal científico Nature Physics.

“É bem contraproducente”, disse Alexander Khajetoorians, físico que assina a autoria do estudo. “É como se a água se transformasse em um cubo de gelo quando fervida”.

Apesar de intrigante, existe uma razão científica para isso: em imãs normais, feitos de ferro, um fenômeno comum chamado “giro magnético” dos átomos se alinham na mesma direção – ou seja, em um espaço tridimensional, seus pólos magnéticos ao norte e ao sul se orientam sempre da mesma forma. Outros materiais, como cobre, apresentam giros magnéticos mais aleatórios, o que físicos chamam de “vidro giratório”.

O neodímio, um metal normalmente encontrado em países como Brasil, China, EUA, Índia, Sri Lanka  e Austrália (e altamente irritante para os olhos e pele) rende ótimos imãs, mas o que as pessoas conhecem como “imã de neodímio” é, na verdade, uma mistura ferromagnética – ou seja, uma mistura dele com o ferro comum, justamente para que seus giros magnéticos se alinhem corretamente.

Quando puro, o neodímio não se comporta como outros metais. Não se passaram nem dois anos desde que um estudo anterior determinou que esse metal tem o que se convém chamar de “vidro de giro auto induzido”. Na prática: seus giros magnéticos são naturalmente “bugados”, como diz a expressão internética.

No que tange a temperatura, normalmente o que ocorre é: você esquenta um metal, isso aumenta a sua energia, que por sua vez amplia o movimento e velocidade dos seus giros magnéticos. Contrariamente, resfrie um metal e seus giros magnéticos também desaceleram, talvez até parem.

Material magnético que congela

O material magnético do neodímio, porém, congela quando aquecido: cientistas liderados por Khajetoorians observaram que, quando o neodímio sai de -268 ºC (Celsius) e vai para -265ºC, ele é induzido a um estado de paralisação. E quando o metal foi resfriado, seus giros aumentaram novamente.

O time especula que isso tem a ver com um outro fenômeno – “frustração”, e sim, esse é o nome. Basicamente, um metal é incapaz de se colocar em um estado esperado, o que faz com que seus átomos – e os respectivos giros – entrem em desordem.

No caso do neodímio, é possível que seu giro magnético tenha propriedades que dependem da temperatura. Ao aumentá-la, essas propriedades enfraquecem, gerando o momento de “frustração”. “Esse congelamento de padrões normalmente não ocorre em materiais magnéticos”, disse Khajetoorians.

O que vai acontecer agora é a continuidade dos estudos, a fim de descobrir exatamente qual é o mecanismo que permite a existência de um material magnético que congela quando aquecido, disse o cientista: “se ao final de tudo conseguirmos criar um modelo de como esses materiais se comportam, isso também pode ser extrapolado para o comportamento de uma ampla gama de materiais”, ele disse.

Em temperaturas mais baixas, os spins assumem padrões aleatórios, onde cada um gira como uma hélice com uma torção particular. Sob aquecimento, os spins escolhem um dos padrões de hélice particulares, travando nele, um fenômeno que normalmente ocorre quando a temperatura diminui.
[Imagem: Radboud University]

Fontes:
https://olhardigital.com.br/2022/07/06/ciencia-e-espaco/material-magnetico-que-congela-quando-aquecido-intriga-cientistas/

https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=natureza-invertida-spins-magneticos-congelam-quando-material-aquecido&id=010160220707#.YsxGVXbMJPY

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Frances Arnold, de taxista a Nobel de Química: “A vida é longa, você pode ter muitas vidas diferentes”

A engenheira química Frances Arnold, fotografada na cobertura de um hotel de Barcelona.
JUAN BARBOSA

Na adolescência, Frances Arnold saiu de casa por não se dar bem com os pais e precisou fazer muitos “bicos” para arcar com as próprias despesas e os estudos.

Sempre que nos deparamos com uma história de sucesso, ficamos animados, excitados com a possibilidade de uma pessoa comum alcançar os louros da fama, acendendo aquela chama de esperança em nossos peitos.

Na adolescência, Frances Arnold saiu de casa por não se dar bem com os pais e precisou fazer muitos “bicos” para arcar com as próprias despesas e os estudos.

Sempre que nos deparamos com uma história de sucesso, ficamos animados, excitados com a possibilidade de uma pessoa comum alcançar os louros da fama, acendendo aquela chama de esperança em nossos peitos.

Assim que chegou ao ensino médio, ela saiu definitivamente da casa onde morava com a família e passou a se sustentar com os vários trabalhos, conseguindo pagar seus gastos básicos.

|| Frances precisou mentir que já era maior de idade e assim conseguiu trabalhar como garçonete e motorista de táxi. Foi preciso conciliar o trabalho e os estudos, mas ela se formou na Taylor Allderdice High School. ||

Frances se reconciliou com a família e decidiu entrar na Universidade de Princeton, como seu pai tanto queria, mas suas notas não lhe permitiram ser aceita no curso de Artes Liberais, então ela optou por Engenharia Mecânica, o que surpreendeu a todos. Naquela instituição, ela aprendeu russo e italiano, literatura, economia e várias outras disciplinas que nem sequer faziam parte da sua grade curricular.

A cientista nunca se importou em realizar inúmeras funções, e chegou até a trabalhar como faxineira na casa do filósofo da ciência, Thomas Khun. Enquanto fazia faculdade, ela decidiu tirar um ano de folga e trabalhou numa fábrica, fazendo peças para reatores nucleares. Logo depois desse processo, ela concluiu seu curso de Engenharia Mecânica, passando a se interessar por energia alternativa.

Na década de 1980, depois de trabalhar na área de energia solar, Frances decidiu estudar engenharia química na Universidade da Califórnia; em 1986, ela já era pós-doutora em bioquímica. Em 1993, criou novas proteínas em laboratório, e a publicação do seu estudo causou alvoroço na comunidade científica, fazendo com que ficasse na vanguarda da sua área.

Direitos autorais: reprodução/arquivo pessoal.

Seu trabalho e o de sua equipe levaram à produção de enzimas que funcionam em ambientes sem ar, permitindo a produção de biocombustíveis sem depender de equipamentos caros. Frances se tornou cofundadora de uma empresa de biocombustível, em 2005, e outra em 2013, desenvolvendo processos biocatalíticos verdes para produtos químicos agrícolas.

Frances Arnold é creditada com 40 patentes e possui mais de 200 publicações, também já recebeu dezenas de prêmios, inclusive o Nobel de Química, em 2018, o qual apenas cinco mulheres haviam recebido. É a primeira estadunidense a receber tal honraria.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convidou-a, em 2021, para trabalhar em sua administração como uma das presidentes do Conselho Consultivo Científico.

Direitos autorais: reprodução/arquivo pessoal.

Para ela, segundo entrevista do El País, a vida é muito longa e é possível ter inúmeras vidas diferentes, basta abraçar tudo o que estiver pelo caminho, aprendendo o máximo de assuntos que puder. No futuro, é possível combinar seus conhecimentos de maneira inovadora, basta se adaptar, ser flexível e querer aprender permanentemente.

Fontes: 
https://osegredo.com.br/de-motorista-de-taxi-a-nobel-de-quimica-cientista-conta-historia-de-superacao-para-o-sucesso/
https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-07-03/frances-arnold-de-taxista-a-nobel-de-quimica-a-vida-e-longa-voce-pode-ter-muitas-vidas-diferentes.html

quinta-feira, 7 de julho de 2022

A cidade secreta russa considerada o lugar mais radioativo do mundo – Chelyabinsk-40

 

Imagem de https://www.fatosdesconhecidos.com.br/cidade-secreta-russa-considerada-o-lugar-mais-radioativo-do-mundo/

☢️ Além de receber o nome de Chelyabinsk-40, a cidade secreta também era conhecida como Chelyabinsk-65: Chelyabinsk era uma referência ao centro administrativo mais próximo e os números representavam o código postal da localidade, uma maneira comum de dar nome a cidades fechadas na antiga União Soviética. Na década de 1940, a cidade foi escolhida como sede da “Mayak”, um centro de produção de material nuclear que foi mantido em segredo até 1990.
🎯 O objetivo da Mayak era converter o urânio-238 encontrado nas montanhas da região em plutônio para então enviá-lo para a construção de armas atômicas. Porém, como era comum ao governo comunista, questões de segurança, como o planejamento do descarte dos resíduos, foram deixadas em segundo plano. Assim, tanto o rio Techa, que abastecia cerca de 40 cidades e vilas da região, quanto o lago Karachay foram usados como destino dos resíduos nucleares. Entretanto, o material depositado nesses lugares logo se espalhou para outras localidades.
🛑 Não bastasse a contaminação ambiental, a Mayak sofreu acidentes nucleares de grandes proporções e que contribuíram para aumentar os riscos de radioatividade na região. Em 1957, a explosão de um tanque (conhecido como Desastre de Kyshtym e tema de um próximo post) resultou na dispersão de 50 a 100 toneladas de material altamente radioativo, o que contaminou ainda mais o já castigado meio ambiente da região.
⚠️ Com a queda do regime comunista, vieram à tona registros do aumento de até 40% da incidência de câncer, como leucemia, nos moradores da região de Chelyabinsk. Contudo, os médicos tinham que atestar que seus pacientes sofriam de uma “doença especial”, pois eram proibidos de mencionar os efeitos da radioatividade em seus diagnósticos. Atualmente, estima-se que até 70% da população tenha sido afetada, de alguma forma, pela radiação.

Veja também o vídeo abaixo sobre o assunto:


Fonte:
📓 Chelyabinsk: The Evolution Of Disaster, Post-Soviet Geography, 1992, vol. 33, p. 533.

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Microplásticos detectados em sague humano 🩸🩸🩸

 

Imagem de https://olhardigital.com.br/2022/03/25/medicina-e-saude/cientistas-encontram-microplasticos-no-sangue-humano/

🎯 O trabalho feito pelos CIENTISTAS estudou amostras de sangue de 22 pessoas adultas saudáveis e que permaneceram anônimas durante a pesquisa. POLIESTIRENO, conhecido como isopor e muito utilizado em embalagens, foi encontrado em 8 dos voluntários; POLIETILENO, da qual são feitas as sacolas plásticas de mercado, estava presente no sangue de 5 das pessoas analisadas; e POLIETILENO TEREFTALATO, o famoso PET das garrafas de água e refrigerante, foi encontrado em 11 das amostras de sangue coletadas.

Poliestireno (isopor)


 
Polietileno

 Polietileno tereftalato (PET)


🤔 No geral, foram encontrados MICROPLÁSTICOS em 17 dos 22 voluntários, uma taxa impressionante de quase 80% DOS CASOS.
⚠️ Os cientistas ficaram espantados com a descoberta e ligaram um SINAL DE ALERTA em relação à presença das partículas de plásticos no sangue humano uma vez que, em experimentos de laboratório, os microplásticos geralmente são capazes de DESTRUIR CÉLULAS HUMANAS.
👉🏽 A descoberta sugere que as MICROPARTÍCULAS podem utilizar o sistema circulatório para viajar pelo corpo humano e se ALOJAR em qualquer um dos ÓRGÃOS. Tal cenário mostra-se cada vez mais perigoso para a saúde humana, já que grandes quantidades de resíduos plásticos são DESCARTADAS de forma inadequada no solo e em rios e lagos, o que deixa boa parte da população vulnerável à CONTAMINAÇÃO tanto pelo consumo de água e alimentos expostos a essas partículas quanto pela inalação do ar contaminado.


Fontes: 

📓 https://www.instagram.com/p/CcIY1BVMx-1/
📓 Discovery and Quantification of Plastic Particle Pollution in Human Blood, Environment International, 2022, In Press, artigo 107199.

terça-feira, 3 de maio de 2022

Em tempos sombrios vejamos... As 10 substâncias mais mortais do mundo

Quais são os 10 venenos mais mortais para o homem?

Em primeiro lugar, vamos começar definido o que seja veneno. Então, ao ser inserido ou absorvido um veneno é uma substância que causa morte ou ferimentos. Dessa forma, tecnicamente, tudo pode ser um veneno. Além disso, se você beber bastante água, você vai morrer. Então, é só uma questão de dose. Sendo assim, a lista de venenos letais em doses extremamente baixas é grande. Dessa forma, por que alguém precisaria de tal lista? Pode ser útil se você está escrevendo um mistério de assassinato ou querendo saber se alguém está querendo pegá-lo, ou ainda talvez você esteja apenas curioso...


Principais descobertas: 10 venenos mortais

Em princípio, os venenos mais mortais do mundo incluem armas químicas; compostos naturais; defesas químicas usadas por plantas, animais, fungos e bactérias; e até mesmo elementos químicos.

A maioria dos venenos verdadeiramente mortais são, sobretudo, neurotoxinas. A morte geralmente ocorre por sufocamento quando os músculos ficam paralisados e a pessoa não consegue respirar. Embora, todas as substâncias desta lista sejam mortais, algumas são realmente possíveis de sobreviver com primeiros socorros ou atendimento médico profissional.

Ricina

A ricina é um veneno mortal (proteina) que vem da mamona, considerada uma das mais potentes toxinas de origem vegetal conhecida. Essa proteína é classificada dentro de um grupo especial de proteínas denominadas RIPs (do inglês Ribosome-Inactivating-Proteins), ou proteínas inativadoras de ribossomos Em princípio, uma dose do tamanho de um único grão de areia é suficiente para matar. A toxina atua, principalmente, inativando os ribossomos e interrompendo a produção de proteínas, o que acaba sendo um problema letal. Por outro lado, não há antídoto para o veneno, embora seja possível sobreviver se a dose for pequena o suficiente.

imagem de https://clubedaquimica.com/        

Utilizaram a ricina, por exemplo, para assassinar o búlgaro Georgi Markov em 1978. Embora não seja provável que você encontre o veneno purificado, encontra-se essa toxina em sementes da mamona. Engolir as sementes inteiras não o envenenará, mas as crianças e os animais de estimação devem ser mantidos longe dos grãos de aparência interessante, pois mastigá-los pode liberar toxinas suficientes para causar danos.

Estrutura da ricina. 
A ricina se classifica como uma lectina, ou seja, uma proteína que tem um sítio receptor específico para um açúcar ou uma unidade de oligossacarídeo; pertence à família das lectinas A-BA cadeia A é mostrada em azul e a cadeia B é mostrada em laranja.

 

Toxina Botulínica (Botox)

Imagem de https://www.oftalmologiahigienopolis.com/
                          

A bactéria Clostridium botulinum produz uma neurotoxina mortal chamada botulinum. Se as bactérias são ingeridas, pode resultar em envenenamento por botulismo. Você pode obter isso de latas inadequadamente seladas ou carne ruim. Dor e paralisia muscular temporária é o melhor cenário. A paralisia grave pode impedir a pessoa de respirar, causando a morte.

A mesma toxina é encontrada no Botox, onde uma pequena dose é injetada para congelar os músculos, minimizando as rugas. O Botox ataca os neurotransmissores de forma que os músculos contraídos não conseguem relaxar.


Tetradotoxina

A tetradotoxina ou TTX é uma neurotoxina potente que bloqueia a condução nervosa entre o cérebro e o corpo, bloqueando os canais de sódio. Uma dose mínima pode causar perda de sensibilidade e paralisia, mas apenas um pouquinho mais paralisa os músculos que você precisa trabalhar para viver. Demora cerca de 6 horas para atingir o efeito completo, mas uma vez que o diafragma pára, os pulmões já não podem inalar ou exalar e você é um caso perdido. Ou você pode morrer mais cedo de um batimento cardíaco irregular.

                                                          Estrutura da tetradotoxina ou TTX

Como você se expõe? O baiacu é usado para preparar a iguaria japonesa fugu . Se os órgãos que contêm a toxina estiverem danificados ou incompletamente removidos, o prato é mortal. O baiacu não é o único animal que carrega essa toxina. Também é encontrado em alguns polvos, vermes chatos, estrelas do mar, angelfish, sapos e novatos. O TTX é letal seja inalado, ingerido ou absorvido diretamente na corrente sanguínea através de um corte.



Batracotoxina

De todas as toxinas desta lista, a batracotoxina é a que você menos encontrará (a menos que você viva em uma floresta tropical). O veneno é encontrado na pele de sapos venenosos. As próprias rãs não são a fonte da toxina. Vem da comida que eles comem. Quando você vê esses sapos em um zoológico, tenha certeza de que eles não estão comendo besouros mortais, então eles não podem machucá-lo.     



Estrutura da batracotoxina 

A quantidade do produto químico depende das espécies de sapo. O sapo venenoso dourado da Columbia pode conter toxinas suficientes para que, ao tocá-lo, você fique exposto a batrachotoxina suficiente para matar cerca de duas dúzias de pessoas.

O veneno é uma neurotoxina que interfere no funcionamento do canal de sódio. O resultado é paralisia e uma morte rápida. Não há antídoto.


Amatoxina


Amatoxina é o veneno mortal encontrado no cogumelo Amanita, como o fly agaric. Comer um cogumelo pode ser o suficiente para acabar com você, por isso não é o pior produto químico dessa lista, mas é mais provável que você o encontre do que alguns dos outros (especialmente se você conhece um cozinheiro que gosta de colher cogumelos silvestres). A amatoxina ataca os rins e o fígado. Eventualmente, o dano leva a um coma e morte. Não é uma morte rápida.

Estrutura da Amatoxina


Cianeto

O cianeto é um veneno mortal que se liga ao ferro no sangue, impedindo-o de transportar oxigênio para as células. Uma dose letal mata em minutos. No entanto, esta toxina é tão comum na natureza que o corpo desintoxica  pequenas quantidades. É encontrado em sementes de maçãs, cerejas, amêndoas, mandioca brava e damascos. O cianeto de hidrogênio é uma arma química. Dizem que tem cheiro de amêndoas, embora a verdade seja que o odor das amêndoas é o do cianeto que contêm!

"conglomerado" de cianetos de hidrogênio


Gás Nervoso

Qualquer um dos agentes nervosos poderia estar na lista de substâncias químicas mais mortais. Sarin , VX e compostos relacionados são muito mais mortais do que a maioria dos outros compostos. Sarin, por exemplo, é cerca de 500 vezes mais tóxico que o cianeto de hidrogênio. 

O gás nervoso não precisa ser inalado para ser eficaz. Pode ser absorvido pela pele. Embora seja possível sobreviver a uma dose extremamente baixa, a vítima geralmente sofre algum nível de dano neurológico permanente. O VX pode ser ainda mais poderoso, embora o agente nervoso nunca tenha sido usado em batalha, então há menos dados nele. VX inibe uma enzima no sistema nervoso, de modo que constantemente dispara sinais. Perda de controle das funções corporais, sufocamento e convulsões levam à morte.

Estrutura tridimensional do VX


Brodifacoum

Brodifacoum é um anticoagulante potente que reduz o nível de vitamina K no sangue, levando a hemorragia interna e morte. É vendido como rodenticida sob marcas como Talon, Jaguar e Havoc. Enquanto mata ratos porque eles comem a isca contaminada, também não favorece as pessoas ou animais de estimação, desde que tocar nela pode causar exposição. Ela permeia a pele e permanece no corpo por meses. Animais que comem um roedor envenenado também estão em risco.

Estrutura do Brodifacoum


Estricnina


 A estricnina é um veneno de ocorrência natural, obtido principalmente a partir de sementes da árvore Strychnos nux-vomica. É uma neurotoxina que atua nos nervos espinhais, fazendo com que as vítimas se contorcem e convulsem. Está comercialmente disponível como pesticida para matar esquilos e ratos. Como Brodifacoum, é perigoso usar porque apresenta um risco para crianças, animais de estimação e outras vítimas não intencionais.          
Estrutura da estricnina

      

Polônio

Embora existam muitos outros compostos que poderiam facilmente fazer essa lista, não esqueça que alguns elementos químicos são venenosos! Chumbo e mercúrio são terrivelmente tóxicos. Não há exposição “segura” ao chumbo, enquanto o mercúrio é muito pior em sua forma orgânica do que como um elemento puro.

             


Minério de Polônio

O polônio e outros elementos radioativos carregam um duplo golpe. O elemento em si é tóxico e a radioatividade quebra os tecidos do corpo. A dose letal desse elemento é muito menor que a de qualquer outro veneno dessa lista. Ingerir apenas 7 trilhonésimos de grama é sobretudo suficiente para matar um adulto.

 

 

Vejam também um vídeo sobre os nove (substâncias) venenos letais ao ser humano



Fontes: 
https://clubedaquimica.com/2019/06/19/os-10-venenos-mais-mortais-conhecidos-pelo-homem/

https://www.facebook.com/watch/?v=680272326008672

quarta-feira, 27 de abril de 2022

O lugar da licenciatura (para refletirmos)

Pesquisador de educação, professor e reitor honorário da Universidade de Lisboa, António Nóvoa propõe que IES criem “casa de formação docente” e se preocupem com a identidade profissional dos futuros professores

Imagem de https://www.pucpr.br/escolas/escola-de-educacao-e-humanidades/bacharelado-ou-licenciatura/

Professor catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, em Portugal, reitor honorário da mesma instituição e autor de mais de 150 publicações sobre ensino e docência editadas em 12 países, António Nóvoa avalia que “historicamente, a universidade manifestou grande indiferença à educação básica” e, consequentemente, à formação de professores nas licenciaturas. Mas, segundo o pesquisador, ainda há formas de o setor se reconciliar com os professores, que são, em verdade, os instrutores básicos de todos os futuros universitários.
Dentre os caminhos para isso, o pesquisador português aponta a necessidade de as IES terem um comprometimento sério com a formação docente, criando, por exemplo, departamentos direcionados a pensar como e por que é importante formar professores em licenciaturas que podem – e devem – estar mais integradas.
Essas e outras ideias foram expostas pelo pesquisador em entrevista à Ensino Superior concedida em São Paulo. O educador esteve recentemente no Brasil a convite do Instituto Península, do Instituto Singularidades e do Instituto Ayrton Senna para ministrar a palestra “Formação de professores na atualidade: currículo e formação da identidade docente”.
Existe quem defenda que, para dar aula, um historiador, por exemplo, não precisa ter licenciatura, mas sim dominar o conteúdo por meio de uma formação apenas como bacharel. O que sustenta esse tipo de argumento?
Historicamente, há a ideia de que se alguém conhece alguma coisa, se alguém sabe de alguma coisa, facilmente consegue transmitir isso ao outro. E não é verdade, porque profissão de professor não é o mesmo que transmitir conhecimento, tem toda uma complexidade muito maior. Para nós [pedagogos, pesquisadores e teóricos da educação], é claro que não se pode ser professor sem combinar três tipos de conhecimento: saber muito bem o conteúdo que se vai ensinar – isso é central, se não se souber muito bem história, não se pode ensinar história; se não se souber muito bem matemática, não se pode ensinar matemática; ter as bases centrais de tudo o que é da pedagogia, das teorias da aprendizagem, sobre a maneira como as crianças aprendem; e depois, ter um conhecimento da profissão, saber como a profissão funciona na prática, qual é o conhecimento profissional, como se organizar nas escolas, como qualificar o trabalho. Sem esses tipos de conhecimento, é impossível ser professor. E quando se desvaloriza um deles, perde-se a dimensão do que é a formação de professores.

Resultado de imagem para O lugar da licenciatura
imagem de Jornal Bom Dia

Há a necessidade de convencer os gestores de que licenciatura é importante dentro do ensino superior?
Historicamente, a universidade manifestou uma grande indiferença com relação à educação básica. A universidade nunca se comprometeu com a educação básica, comprometeu-se com outras coisas, como a ciência, com a cultura em determinados momentos, com a saúde, com a medicina, mas não com a educação básica. E, assim, também nunca se comprometeu com a formação de professores da educação básica. Foram formando professores, porque tinham alunos que apareciam e queriam ser professores. Mas isso nunca verdadeiramente esteve dentre as preocupações das universidades, e tem de passar a estar.

Como e por que promover isso?
As universidades têm de decidir se querem mesmo formar professores. Se querem, têm de fazer isso a sério. E não estou excluindo ninguém. Quero ter os físicos, os cientistas, os historiadores e os matemáticos formando professores, porque o conhecimento, a ciência e a cultura estão nessas dimensões, não estão na pedagogia apenas. Mas, se eles disserem “formar professores não é a minha preocupação”, nós não iremos conseguir resolver nada. Se não há formação de professores de qualidade, não há ensino de qualidade, não há educação básica de qualidade, e continuaremos a nos queixar de que os alunos chegam às universidades mal preparados, que eles chegam à faculdade sem saber matemática, por exemplo. Andamos nessa caixa permanente, uma espécie de círculo vicioso, que tem de ser cortado de algum lado, e a melhor maneira de fazer isso é a universidade assumir um maior compromisso com a educação básica.

Mas como as universidades podem valorizar a formação do professor na prática?
É preciso uma atenção constante. Todos temos de atuar a partir do nosso lugar na instituição de ensino. Eu não tenho, de maneira nenhuma, como reitor, como estipular um piso salarial para os professores de educação básica. Mas, como reitor, eu posso valorizar a formação de professor na minha instituição, posso lhe dar visibilidade, posso dizer que essa é a primeira das minhas preocupações, posso receber os estudantes que estão nas licenciaturas assim que eles entram na faculdade, posso fazer algumas cerimônias de recepção para esses estudantes, posso canalizar recursos para os programas de formação docentes. Eu fiz isso. Foi na minha gestão que se criaram os mestrados em ensino.

Há algo central a ser resolvido quanto à desvalorização das licenciaturas?
Estou influenciado pela minha experiência como reitor, mas neste momento acredito que as condições institucionais são muito importantes. No fundo, se criarmos boas condições institucionais para essa formação, as
pessoas tenderão a adaptar-se a elas. Acho que o problema principal da formação inicial de professores é a falta de um lugar dentro das universidades onde se formam os professores, a falta de uma casa comum. Por que os professores trabalham nas licenciaturas de biologia, história, matemática separadamente? Onde está o lugar em que nos sentamos à volta de uma mesa para pensar como se forma o professor? Esse lugar muitas vezes não existe nas instituições de ensino superior. Gostaria de convidar as universidades a criarem essa casa comum para a formação de professores. Pode ser um prédio, um colegiado; cada universidade decidirá o que quer fazer, mas tem de haver um lugar, um espaço, onde se reflita sobre essa formação. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, eles estão trabalhando em uma ideia que chamaram de complexo da formação dos professores.

Quais os exemplos de boas licenciaturas ao redor do mundo?
Experiências não faltam. O problema é passar do nível das experiências para coisas que se alargam em outras realidades do mundo. O projeto francês das Escolas Superiores do Professorado de Educação é mais avançado e vale a pena ser acompanhado com muito cuidado. Eles criaram uma escola em cada região da França. Elas têm, lá dentro, os universitários, os docentes, os professores de escolas e os responsáveis por políticas públicas de educação. Ou seja, é uma instituição que não é apenas universidade: é fortemente universitária, tem a dimensão universitária – há possibilidades de fazer mestrados e doutorados –, é como se fosse uma placa de ligação entre diversos mundos. Obviamente, não podemos esperar que haja um único e melhor jeito de formar professores no mundo. Cada país tem a sua história, os seus processos, os seus desenvolvimentos. O importante é que as experiências sejam enriquecedoras, boas, positivas.

O que acha das licenciaturas oferecidas por meio de cursos a distância?
Não é possível formar um professor exclusivamente a distância. Da mesma maneira que não há cursos a distância para formar médicos ou arquitetos. A formação de qualquer profissional implica um contato com a realidade profissional. E ser profissional não é “saber muito disso, e mais isso e mais outra coisa”, mas sim é ser capaz de integrar conhecimentos em uma determinada cultura profissional. Mas, logicamente, devemos recorrer aos meios digitais até onde for possível.

A meta 16 do Plano Nacional de Educação brasileiro prevê o aumento de professores de educação básica com nível de mestrado e doutorado. Qual é o melhor caminho para isso, uma vez que esses pontos já são realidade em Portugal e na Espanha?
É importante haver doutores em educação para pesquisa, para investigação, para a ciência. Mas não é isso que vai melhorar substantivamente a qualidade de formação e a atuação de nossos professores. Podemos reparar que esses objetivos raramente são colocados na área da medicina, por exemplo. O que importa para os médicos é uma boa formação inicial de grande qualidade, que forme a pessoa do ponto de vista profissional. Tudo bem que a pós-graduação para professores em Portugal e na Espanha é uma formação obrigatória. Mas nesses países a pós-graduação atinge cinco anos de formação universitária: dá-se o título de graduado ao fim de três anos de curso, e de mestre ao fim de cinco anos. No fundo, vocês e nós damos nomes diferentes para a mesma quantidade de anos de formação. Defendo que cinco anos de formação universitária é um bom tempo para formar um professor. Agora, se chamarmos isso de mestrado ou de graduação e licenciatura, é indiferente.

A universidade pode ou consegue ensinar a formar identidade para que se queira ser docente, para que um jovem se enxergue como docente?
Identidade não se ensina, é um processo que está sempre em caminho. Portanto, não é um dado adquirido. Nós temos uma vida inteira em que se constroem e se reconstroem processos identitários. Mas essa caminhada deve começar no primeiro dia de universidade. Há maneiras simples para isso. As faculdades de medicina estão dentro de hospitais. Por que isso? Porque é ali que se dá a profissão e, portanto, muito naturalmente há um processo de socialização com o futuro ambiente de trabalho. A primeira coisa que os jovens estudantes de medicina fazem nos primeiros dias de aula é entrar na universidade com um jaleco de médico e um estetoscópio ao redor do pescoço. Eles têm 18 anos, não sabem nada de medicina ainda, mas já se comportam como médicos, já têm um traço identitário como médicos. Mas nas licenciaturas temos alunos que passam cinco anos na faculdade sem nunca entrar em uma escola, sem nunca ter contato com um professor ou com um aluno.

Como mudar isso?
É preciso construir essa identidade profissional desde o primeiro dia de aula, ter um programa de formação docente em que a reflexão sobre a identidade profissional exista. Nenhum de nós nasce professor, nós nos tornamos professores. A formação deve ser um processo de constituição de uma cultura profissional, de um gesto profissional, de uma maneira de ser profissional. Formar um professor é conseguir que alguém aprenda a conhecer, a pensar, a sentir e a agir como um profissional docente.

FONTE: http://www.revistaeducacao.com.br/o-lugar-da-licenciatura/

sábado, 19 de março de 2022

Horrores das guerras --> ARMA QUÍMICA: GÁS SARIN


imagem de https://www.chemicalrisk.com.br/
As armas químicas de guerra são definidas como qualquer substância química cujas propriedades tóxicas são utilizadas com a finalidade de matar, ferir ou incapacitar algum inimigo na guerra ou associado a operações militares. 
  • Histórico
O sarin é um composto organofosforado, classificado como agente neurotóxico, que atua inibindo as enzimas colinesterásicas, em particular a acetilcolinesterase (AChE), a AChE eritrocitária (EC 3.1.1.7) e a AChE butirilcolinesterase (EC 3.1.1.8). Tais compostos fosforados são conhecidos como armas químicas de guerra e armas de terrorismo, e estão entre as mais mortais dentre as armas químicas de guerra. O primeiro registro de exposição a inibidores da colinesterase foi em tribos nativas da África, que utilizavam feijão-de-Calabar, cujo princípio ativo é a fisostigmina. Em 1854, foi sintetizado o primeiro composto organofoforado, o tetratilpirofosfato, e, em 1937, foi esclarecida a fórmula geral dos organofosforados e sintetizado o Sarin.
  • Características do Sarin
Fórmula estrutural do Sarin
  • líquido incolor e inodoro;
  • agente muito volátil;
  • DL50 (dose letal 50%) é estimada em 14,3 mg/kg;
  • CL50 (concentração letal 50%) é estimada em 100 mg/min/mm³.
  • Mecanismo de ação
A acetilcolina (ACh) é o mediador químico necessário para a transmissão do impulso nervoso em todas as fibras pré-ganglionares do sistema nervoso autônomo, em todas as fibras simpáticas pós-ganglionares parassimpáticas e em algumas fibras simpáticas pós-ganglionares, que inervam as glândulas sudoríparas e os vasos sanguíneos musculares (Figura 1). Além disso, a ACh é o transmissor neuro-humoral do nervo motor do músculo estriado (placa mioneural) e de algumas sinapses interneuronais no sistema nervoso central Figura 2 (LOTTI, 1995; WILSON, 2001).

Figura 1. Esquema do processo de transmissão e controle nervoso nas sinapses
A transmissão do impulso nervoso requer que a ACh seja liberada no espaço intersináptico ou entre a fibra nervosa e a célula efetora. Depois, a ACh se liga a um receptor colinérgico nicotínico ou muscarínico, gerando um potencial pós-sináptico de ação e a propagação do impulso nervoso. A seguir, a ACh é imediatamente liberada e hidrolisada pela AChE (BOSGRA et al, 2009; KLAASSEN; WATKINS, 2012; SIDELL et al, 2008).
A ACh une-se aos sítio aniônico e esterásico da acetilcolinesterase (AChE) através de forças como a de van der Waals, dando lugar ao complexo enzima-substrato; em seguida, é liberada a colina, e a enzima fica acetilada. A enzima acetilada reage com água para regenerar a enzima, liberando ácido acético, conforme Figura 2.


Figura 2.
 Hidrólise da ACh pela AChE
O sarin, como os demais organofosforados, se liga de forma bastante estável e mais forte ao centro esterásico da enzima acetilcolinesterase inibindo (Figura 3), assim, sua ação por impedimento espacial. Desta forma, a acetilcolinesterase não consegue se ligar a acetilcolina, que por sua vez acumula-se nas fendas sinápticas, desencadeando todos os vários sinais característicos da intoxicação (Figura 4) (KLAASSEN; WATKINS, 2012; OGA et al, 2008).

Figura 3. Esquema simplificado do sítio ativo da AChE
Os efeitos anticolinesterásicos dos agentes neurotóxicos podem ser caracterizados como muscarínicos, nicotínicos, e sobre o sistema nervoso central (SNC) (Figura 5)
Figura 4. Mecanismo de ação do Sarin
Os efeitos muscarínicos ocorrem no sistema parassimpático (brônquios, coração, pupilas dos olhos, glândulas salivares, lacrimais e sudoríparas) e podem resultar em sinais de edema pulmonar, bradicardia, miose, lacrimejamento e sudorese.
Os efeitos nicotínicos ocorrem no sistema somático (esquelético e motor), e no sistema simpático, resultando em fasciculações musculares, fraqueza muscular, taquicardia e diarréia.
Os efeitos sobre o SNC se manifestam como ansiedade, tontura, labilidade emocional, ataxia, confusão e depressão. Suspeita-se que o sarin possa afetar a transmissão dos impulsos nervosos em tecidos excitáveis, receptores e canais iônicos (SIDELL et al, 2008; MARTIN e LOBERT, 2003).

Figura 5. Efeito da inibição da AChE
  • Antídotos
No tratamento de episódios de intoxicação aguda por agentes neurotóxicos, como é o caso do sarin, são administrado dois antídotos específicos, a atropina e a pralidoxima.
A atropina é um antagonista das ações da acetilcolina e atua bloqueando os efeitos muscarínicos da estimulação colinérgica. Ela compete com a acetilcolina por um local de ligação comum no receptor muscarínico, diminuindo a crise colinérgica provocada pelo sarin e demais compostos neurotóxicos.
A pralidoxima promove a reativação da enzima acetilcolinesterase através da remoção do grupo fosforil ligado ao grupo éster da enzima, restaurando a função normal da acetilcolinesterase. Nesta reação, o sarin (e outros agentes neurotóxicos) e a pralidoxima são mutuamente inativados. Estes produtos são, então, submetidos a uma rápida biotransformação, levando à remoção do sarin e de outros compostos neurotóxicos.
  • Uso do sarin
Dentre os usos com fins bélicos ou em atentados mais recentes do sarin, tem-se que ele foi empregado em junho de 1994 em Matsumoto, Japão, num ataque terrorista organizado por um grupo religioso conhecido como Aum Shinrikyo (Verdade Suprema) e provocou a morte de oito pessoas, com mais de 200 feridos.
Em 20 de março de 1995, ocorreu outro ataque terrorista no metrô de Tóquio, Japão, com gás sarin. O ataque foi de autoria da mesma seita religiosa Aum Shinrikyo e provocou a morte de onze pessoas e mais de 5.000 ficaram feridas.
Atualmente, segundo publicação do Estadão, os EUA afirmam que o governo da Síria utilizou gás Sarin na capital da Síria, Damasco no último dia 21 de agosto. Segundo relatos, mais de 1.429 pessoas foram mortas, incluindo 426 crianças e diversos feridos.
Há indícios de que na Guerra Civil do Iêmen (1963-1970) foram empregados pela primeira vez os agentes neurotóxicos, supostamente tabun e sarin.
Na Guerra Irã-Iraque (1984-1990), o Iraque lançou gás mostarda, tabun e sarin contra os curdos, grupo étnico que vivia nas regiões de Israel e em outros países, como Irã e Síria.
  •    Métodos de detecção
O gás sarin pode ser detectado em amostras biológicas como: urina, sangue, cabelo, entre outras, e, em amostras do solo, água, roupas, entre outras.
O sarin, assim como outros agentes neurotóxicos, podem ser detectados empregando GC/MS, GC/MS/MS, LC/MS/MS.

Referências:
LOTTI, M. et al. Cholinesterase inhibition: complexities in interpretation. Clinical Chemistry, v. 41, n. 12, p. 1814-1818, 1995.
WILSON, B.W. Cholinesterases. In: KRIEGER, R. I. Handbook of Pesticides Toxicology Agents. 2 ed. California: Academic Press, 2001. cap. 48, p. 967-985.
BOSGRA S. et al.Toxicodynamic analysis of the inhibition of isolated human acetylcholinesterase by combinations of methamidophos and methomyl in vitro. Toxicology and Applied Pharmacology, v. 236, n. 1, p.1-8, 2009.
HILMAS, C.J.; SMART, J.K.; HILL, B. Nerve Agents. In.SIDELL, F.R., NEWMARK, J., MCDONOUGH, J.H. Medical Aspects of Chemical Warfare. Washington, DC, Borden Institute, 2008. Capter 5.
MARTIN, T., LOBERT, S. Chemical warfare: toxicity of nerve agents. American Association of Critical-Care Nurses, v.23, n.5, p. 15 – 22, 2003.
OGA, S. et al. Fundamentos de toxicologia. Editora Atheneu, São Paulo, 2008.
KLAASSEN, C.D., WATKINS, J.B. Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull. Editora AMGH, Porto Alegre, 2012.
FONTE: http://www.guerraquimicaebiologica.com.br/blog/10-guerra-quimica/26-arma-quimica-gas-sarin