segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM): Uma análise crítica

Imagem reprodução do artigo
Fernando Lang da Silveira, Marcia Cristina Bernardes Barbosa, Roberto da Silva
Instituto de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

Neste texto são apresentados alguns problemas relacionados ao ENEM/Sisu que merecem ser estudados em mais detalhes para que os responsáveis pelas políticas educacionais possam delinear estratégias de aprimoramento na seleção dos pretendentes ao ensino superior. Parece, ao autores, ser relevante enfatizar aqui o final da manifestação do conselho da SBF ao INEP em 2014: “O conselho da Sociedade Brasileira de Física (SBF), portanto, reconhece a importância de termos no país um instrumento de avaliação do Ensino Médio, mas salienta que o presente instrumento precisa ser aperfeiçoado. Neste sentido, colocamos esta sociedade à disposição do INEP para um processo de ampliação deste debate.”

Acesse o artigo completo aqui:

domingo, 30 de outubro de 2016

Menos questões e mais raciocínio: Enem de 18 anos atrás era mais "fácil"... ou simplesmente perdeu seu objeto de ser!?

Estudantes do ensino médio chegam para fazer o Enem na Fatec, no bairro do Bom Retiro, no centro de São Paulo, em 30 de agosto de 1998


Fabiano Accorsi/Folhapress - 30.ago.1998
Estudantes do ensino médio chegam para fazer o Enem na Fatec, no bairro do Bom Retiro, no centro de São Paulo, em 30 de agosto de 1998

Chovia bastante na cidade de São Paulo naquela tarde do dia 30 de agosto de 1998. Tanto que foi um desafio para a então estudante Virginia Schimidt, na época com 16 anos, chegar ao Colégio Logos, localizado na zona oeste da capital paulista, para participar da primeira edição do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

"Peguei muito trânsito e estava preocupada em não chegar atrasada. O Enem foi antes da Fuvest e eu nunca tinha feito uma prova assim, por isso estava bem ansiosa", conta a professora de inglês, hoje com 34 anos.
Virginia estava entre os 157.148 inscritos para participar do exame, a primeira iniciativa de fazer uma avaliação geral da qualidade do ensino médio no Brasil. A prova feita por ela em 1998 foi muito diferente da resolvida por alunos de ensino médio no Enem de 2015, a última edição do exame.
Até antes 2009, o estudante tinha que responder 63 questões de múltipla escolhae fazer uma redação dissertativa. Além disso, a prova era realizada apenas no domingo. Em 2009, durante a gestão do então ministro da Educação Fernando Haddad, o Enem ganhou um novo modelo, passou a ser feita em dois dias e ter 180 questões, além da dissertação.
Mas as mudanças não aconteceram apenas na estrutura do exame.
Reprodução/Inep

Em 1998, questões eram mais simples, tinham menos conteúdo e exigiam mais interpretação de texto

Mais conteúdo a cada edição

"As questões eram muito simples, tinham menos conteúdo e exigiam mais interpretação de texto. Apesar de ter sido aplicada apenas numa tarde, eu me lembro de ter saído de lá muito cansado. Se ela já era cansativa naquela época, hoje essa característica está bem mais intensa", conta Fabrício Cortezi, que prestou Enem em 1999 e hoje é gerente pedagógico do Sistema pH, no Rio de Janeiro.
Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo, conta que as edições de 1998, 1999 e 2000 foram bastante parecidas no que diz respeito ao conteúdo. "Todas as disciplinas eram apresentadas misturadas. Não era como é hoje, que a prova é dividida por blocos de acordo com as áreas de conhecimento. Era uma matemática muito básica, sem grandes cálculos, que dependia mais do raciocínio lógico para ser respondida. O mesmo valia para física. Das questões de biologia, quase todas abordavam ecologia", conta.
Segundo ela, elas tinham uma lógica diferente das questões dos vestibulares tradicionais. "Não havia questões para escolher o que era certo ou errado, verdadeiro ou falso. A questão mostrava o que era importante do assunto e o aluno tinha que ler o enunciado com muita atenção, muito cuidado", diz. 
A partir de 2001, as provas começaram a ter, paulatinamente, um conteúdo mais complexo. "O nível de dificuldade foi aumentando, não aconteceu da noite para o dia com as mudanças feitas do exame em 2008", acrescenta.


Virou "vestibular"?

Até 2009, algumas instituições de ensino superior aceitavam somar um percentual da nota com o resultado obtido pelo estudante no vestibular --a PUC-RJ foi uma das primeiras--, mas o Enem não era a porta de entrada para as instituições federais de ensino superior.
Nas suas primeiras edições, não estava claro para os alunos para que o Enem servia. "O governo precisava daqueles dados para medir a qualidade no ensino médio, porque não havia uma forma de avaliar isso antes do Enem. Mas o estudante não sabia muito o porquê de estar fazendo aquela prova", explica Paulo Moraes, professor do Curso Anglo.
Virginia Schimidt conta que a escola em que estudava incentivou os alunos a prestarem o Enem em 1998. "A minha intenção era de diagnóstico, saber se estava preparada para o vestibular e em que áreas eu precisaria melhorar. No outro ano, eu fiz de novo, mas eu nem sabia que algumas universidades já estavam aceitando dar uma pontuação extra na nota do vestibular por causa do Enem", conta.
Virginia disse que quando fez o Enem pela primeira vez ficou ansiosa para receber em casa a carta do Inep com os resultados --uma forma de comunicação que definitivamente ficou no passado.
O aluno consegue saber a nota pela internet e, desde 2009, com a criação do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), dá para saber quais cursos aceitariam a nota obtida por ele no exame e fazer a inscrição, tudo isso pelo site do sistema. "Se virou um vestibular? De certa forma virou. Se transformou ao longo dos anos e deixou de ter como principal finalidade a avaliação da qualidade do ensino médio", afirma Paulo Moraes.

Mudanças à vista

A medida provisória (MP) apresentada pelo governo para a reformulação do ensino médio deve afetar o Enem, mas especialistas dizem que ainda é cedo para saber quais serão essas mudanças.
Em linhas gerais, a MP modifica pontos da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), de 1996, enfocando a especialização e a educação em tempo integral no ensino médio.  A proposta cita português, matemática e inglês como disciplinas obrigatórias nos três anos do ensino médio. Hoje, os alunos fazem 13 disciplinas. Haverá a opção de aprofundamento em cinco áreas: linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da natureza e formação profissionalizante. A oferta dessas habilitações, porém, dependerá das redes e escolas.
"Com a reforma do ensino médio, não dá para falar como será o Enem no futuro, porque simplesmente não há definições sobre o futuro do ensino médio. O conteúdo da prova vai de acordo com o que é proposto na base, no conteúdo nacional a ser dado nas escolas, então, naturalmente se há mudanças nessa base, deverá haver mudanças no Enem", conclui Fabrício Cortezi.

FONTE: http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/10/18/em-18-anos-enem-foi-de-prova-de-raciocinio-a-conhecimentos-complexos.htm

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Alunos que fazem mais exercício físico têm melhores resultados escolares

imagem de https://www.publico.pt/educacao
Os alunos que fazem exercício físico têm melhores resultados escolares, conclui uma investigação junto de três mil alunos realizada, ao longo de cinco anos, por uma equipa de investigadores da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade Técnica de Lisboa (FMH/UTL).

Os jovens com aptidão cardio-respiratória saudável tiveram um maior somatório das classificações a Português, Matemática, Ciências e Inglês.

Luís Sardinha, director do Laboratório Exercício e Saúde, da FMH, afirma que existe "a tendência para sobrevalorizar a parte biológica" dos benefícios do exercício físico. E este estudo também os comprova, evidenciando, por exemplo, que "os alunos insuficientemente activos", ou seja, que não cumprem as recomendações de actividade física diária (pelo menos 60 minutos por dia de actividade física moderada e vigorosa), têm maior probabilidade de serem pré-obesos ou obesos, que os miúdos cuja aptidão cardio-respiratória é saudável, decorrente do exercício, têm mais massa óssea, e os que não a têm tendem a ter uma saúde vascular pior.

Mas, para o coordenador do estudo, o resultado mais inovador desta investigação - feita em parceria com o Ministério da Educação e Ciência (MEC) e a autarquia de Oeiras - é o demonstrar que o aumento da actividade física tem reflexos "na parte psicológica, uma dimensão que tem sido menos estudada", nota. "Face à dimensão da amostra", o investigador admite que os resultados possam ser extrapolados para a população escolar.

O chamado Programa Pessoa, co-financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), estudou durante cinco anos (começou em 2007) três mil alunos de 13 escolas do concelho de Oeiras, usando desde acelerómetros, instrumentos que os alunos usavam na cintura para medir os seus tempos sedentários e activos; ecografias para medir a espessura das camadas da artéria carótida; cronómetros para medir a performance cardio-respiratória dentro de um determinado circuito com cadência progressiva.

O que se concluiu é que os alunos do 3.º ciclo com aptidão cardio-respiratória saudável têm melhores classificações a Matemática e a Língua Portuguesa e que, no geral, os alunos com aptidão cardio-respiratória saudável têm um maior somatório das classificações a Português, Matemática, Ciências e Inglês. Ou seja, o exercício físico tem efeito positivo no aproveitamento escolar, uma conclusão que estava sobretudo estudada em idades mais novas, nota.

"Esta linha de investigação vem demonstrar a importância do jogo e actividade física informal e organizada para todas as crianças em contexto escolar", defende Carlos Neto, presidente da FMH/UTL.

Mais auto-estima

A explicação para este efeito foi já estudada noutras investigações: "o exercício promove a formação de novos neurónios e uma maior interacção entre neurónios, que, por sua vez, promovem maior sensibilidade e desenvolvimento cognitivo".

Mas não só. É sabido que a adolescência é uma idade turbulenta, tendencialmente acompanhada pela diminuição de indicadores ligados à qualidade de vida, refere o investigador. O que este estudo também permitiu concluir é que, aumentando a actividade física, cerca de uma média de duas horas por semana, melhoraram indicadores como "a auto-estima, afectos positivos, competência, autonomia, relacionamentos positivos e boas motivações". Pelo contrário, constata-se que os rapazes e as raparigas que fizeram menos exercício desceram nestes indicadores.

Além da produção de resultados estatísticos, o Programa Pessoa esteve no terreno para tentar mudar comportamentos em termos de exercício físico e nutrição, dando acções de formação a professores das várias disciplinas, e produzindo quatro manuais. Nos alunos que revelam maior apetência para a prática desportiva, "um dos objectivos do programa foi criar uma porta de entrada à maior participação desportiva".

Luís Sardinha afirma que "nos jovens há uma luta muito grande entre comportamentos sedentários, associados às tecnologias, e exercício físico" e, defende Sardinha, nesta faixa etária, "temos que mudar o discurso". "Nos jovens, a mensagem assente nos benefícios que o exercício traz à saúde não é eficaz", diz, "estão numa idade em que pensam que são super-homens e não têm capacidade para se colocarem na linha de vida aos 40 anos". O investigador sabe que apelar a estes jovens não tem o efeito desejado.

O investigador sublinha que o que é importante é que os jovens "identifiquem o retorno que o exercício lhes traz com situações do dia-a-dia: têm de perceber que [se fizerem exercício] dormem melhor, interagem com mais confiança com o namorado ou a namorada, podem ter melhores notas, relacionam-se mais positivamente com os colegas e os pais".

Se o exercício físico se revela tão importante para os alunos, como é que Carlos Neto comenta a redução da carga horária da Educação Física e a nota da disciplina no final do secundário deixar de contar para todos os alunos? "Um corpo sedentário a par de um currículo escolar apenas centrado nas aprendizagens socialmente úteis (corpos sentados) será um caminho problemático no aumento do "analfabetismo e iliteracia motora" dos cidadãos", responde, acrescentando que "as posições assumidas pelo MEC [são] paradoxais e incompreensíveis".

O ideal seria que, ao terminarem o 12.º ano, estes alunos fossem "consumidores educados do exercício físico", isto porque "está identificado que este é o período de maior abandono da actividade física, por ser uma altura que os jovens adultos adoptam novas rotinas, quer arranjando emprego ou indo para a universidade. Este é um período crítico para o reconhecimento do valor do exercício físico", conclui Sardinha.

O Ministério da Educação e Ciência rejeita que exista uma redução efectiva das horas da disciplina, lembrando que cabe às escolas tomar essa decisão. Quanto ao secundário, a nota contará apenas para os estudantes que queiram. Portanto, "não existe assim qualquer desvalorização da disciplina", informa. 

Dormir nove horas

Os alunos que dormem menos de oito horas por noite têm maior risco de serem pré-obesos ou obesos, conclui o estudo, confirmando assim uma relação já identificada em estudos anteriores. O tempo ideal de sono nas idades estudadas (dos 13 aos 15 anos) é de mais de nove horas, diz o coordenador do Programa Pessoa, Luís Sardinha. 

"Os miúdos que dormem menos têm um Índice de Massa Corporal superior. Dormir oito ou mais horas por noite reflecte-se também num maior aproveitamento académico", aponta. Os alunos que dormiam um mínimo de oito horas por noite tiveram melhores classificações a Matemática e Língua Portuguesa, revelam os resultados.

FONTE: https://www.publico.pt/educacao/noticia/alunos-que-fazem-mais-exercicio-fisico-tem-melhores-resultados-escolares-1558459

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

USP em Ribeirão Preto produz kits de experimentos científicos para professores

Kits são feitos pelo Centro de Ensino Integrado de Química que investe em espaços interativos para estimular ensino de ciências

Tabela Periódica Interativa 360º que revela os mistérios dos elementos químicos que a compõe - Fotos: Divulgação/CEIQ/FFLCRP
Tabela Periódica Interativa 360º que revela os mistérios dos elementos químicos que a compõe – Fotos: Divulgação/CEIQ/FFCLRP
Aulas práticas na universidade não são apenas para alunos de graduação. No Centro de Ensino Integrado de Química (CEIQ), da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, a presença de professores e estudantes do ensino médio e fundamental é rotina. Somente no ano passado, os espaços do CEIQ e do Departamento de Química da FFCLRP atenderam em torno de cinco mil pessoas de cerca de 120 escolas de Ribeirão Preto e região. Elas vêm ao campus da USP para realizar visitas monitoradas e participar de experimentos científicos, atividades interativas, jogos e palestras.
Um dos principais atrativos, para os professores que participam dessas visitas, é o empréstimo de coleções de experimentação para dinamizar suas aulas de química, biologia, física e ciências. Há dois tipos de kits, o do CEIQ (caixas com materiais para demonstração prática de experiências científicas) e os da Experimentoteca (que podem ser realizados por até dez grupos de alunos), criados pelo Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP em São Carlos. Cada kit possui orientações sobre a sua utilização e uma proposta de perguntas a serem respondidas pelos alunos.

Fotos: Divulgação/CEIQ/FFLCRP
À esquerda, informação da Caixa de Curiosidades Químicas e, à direita, o Mapa Minérios do Brasil – Fotos: Divulgação/CEIQ/FFCLRP

Joana de Jesus de Andrade, coordenadora do CEIQ, conta que os professores da rede pública de ensino recebem material teórico (Caderno do Professor e do Aluno da Proposta Curricular do Estado de São Paulo) da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo orientando a realização de atividades práticas, como a experimentação. Entretanto, quase sempre, eles não dispõem de equipamentos, reagentes, vidrarias ou espaço necessário para as atividades experimentais. Para atender essa demanda, a equipe do CEIQ desenvolveu os kits para demonstração de experiências. Eles podem ser emprestados aos professores por até duas semanas, podendo ser renovado o prazo, basta que solicitem pelo site ou pelo telefone do CEIQ  (16) 3315-0400.

Propostas interativas 


Fotos: Divulgação/CEIQ/FFLCRP
Kit da Experimentoteca do CDCC – Fotos: Divulgação

O Centro de Ensino Integrado de Química possui ainda instalações interativas com equipamentos que colocam os conhecimentos científicos literalmente “ao alcance das mãos e de todos os sentidos”.  É o caso da “Tabela Periódica Interativa 360º” que, com mais de três metros de comprimento e dois metros de altura, revela um pouco dos mistérios dos elementos químicos que a compõe. Construída com o objetivo de ser manipulada e explorada, a tabela possui, além dos símbolos, amostras dos elementos químicos ou de suas aplicações.
Há também as “Caixas de Curiosidades Químicas” que apresentam conhecimentos sobre os conceitos químicos do cotidiano e o “Mapa Minérios do Brasil” que ilustra, com brilho e interatividade, amostras reais dos principais minérios brasileiros, fontes de importantes elementos químicos.
Complementando o espaço, está a “Sala Touch-Chem”. Ela possui monitores de vídeo com tecnologia touch screen e tablets que permitem a realização de experimentação virtual em jogos e simuladores. Além disso, a sala possui um espaço para a realização de experimentos reais pelos alunos.
Outra ação realizada pelo CEIQ para aproximar as escolas ao mundo da química é a preparação para a XIV Olimpíada Regional de Química (ORQ), que o grupo realiza todos os anos com alunos do ensino médio.


25 anos do CEIQ

Neste ano, o Centro Integrado de Química da USP em Ribeirão Preto completa 25 anos de atividades. A ideia de divulgar ciência reuniu alguns professores do Departamento de Química da FFCLRP em 1990. O foco seria estudantes de educação básica e os objetivos era incentivar o conhecimento da profissão do químico e melhorar o ensino de química em todos os níveis.

Fotos: Divulgação/CEIQ/FFLCRPEstudantes visitam laboratório do Departamento de Química – Fotos: Divulgação/CEIQ/FFCLRP

Mas foi 1991, que o CEIQ começou a funcionar efetivamente e com apenas dois integrantes. Os projetos foram se multiplicando e hoje o grupo colhe frutos, com volume de público-alvo conquistado, novos projetos, equipamentos modernos e espaço físico em expansão.
Os ideais, adianta a coordenadora do CEIQ, continuam os mesmos: “estimular nossos alunos, seja do ensino médio, seja da graduação, a buscar conhecimento”. Joana destaca que conhecimento é condição para desenvolvimento humano, qualificação de vida, consciência cultural mais ampla.
Quanto maior é o conhecimento, continua ela, mais desenvolvemos nosso espírito crítico e reflexivo e isso “nos habilita a ler o mundo a nossa volta”. E a escola, tanto quanto a universidade, tem o papel de “habilitar nossos alunos a não serem ingênuos para as questões que o mundo nos traz e que demandam nossa análise e tomada de decisão”.
Mais informações: (16) 3315-0400, 3315-3856 ou 3315-4387;                           email ceiqusp@gmail.com
FONTE: http://jornal.usp.br/universidade/usp-em-ribeirao-preto-produz-kits-de-experimentos-cientificos-para-professores/

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Portal oferece mais de 1 milhão de materiais de estudo gratuitos

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imagem de Blog do NEAF

Plataforma de estudos online lança portal exclusivo para vestibulandos, com mais de 1 milhão de materiais de estudo gratuitos, criados por alunos e professores com ferramentas online.
Na reta final para as últimasprovas de Vestibulares deste ano, plataforma de educação online, que conta com mais de 100 mil estudantes e professores do Brasil, reúne em um único portal Tudo sobre Vestibular.
ExamTime – plataforma de educação online que existe nas versões em Inglês, Espanhol e Alemão – conta, em sua versão Brasileira, com mais de 1 milhão de materiais de estudos criados por professores e alunos, com o auxílio de ferramentas online. Materiais que são compartilhados entre os mais de 100 mil usuários da plataforma, em uma força-tarefa para democratizar o acesso à educação e à informação de qualidade.
O portal Tudo sobre Vestibular reúne os melhores materiais de estudo criados em ExamTime, por disciplina e por ferramenta de estudo, para guiar o vestibulando em sua missão de passar no exame.
  • Mapas Mentais com resumos e esquemas;
  • Flashcards (os cartões de memória) com fórmulas, datas histórias e conceitos;
  • Simulados de provas anteriores de Vestibular;
  • e Cadernos Online com anotações e resumos de obras literárias.

Tudo isso disponível a todos, gratuitamente.
O portal também traz dicas e informações sobre as disciplinas mais cobradas nas provas de Vestibulares, como Português, Matemática, Física, Química e História, informações sobre os diferentes tipos de processo seletivo do país,  e uma extensa lista com os mais variados materiais de estudo e exercícios sobre todo o conteúdo cobrado nos exames.
O cadastro na plataforma, assim como a utilização das ferramentas online para estudar, são gratuitos.
Os vestibulandos podem, com este portal, inspirar-se para criar materiais de estudo e compartilhá-los com os usuários da plataforma, ajudando uns aos outros a atingir a meta de passar no processo seletivo escolhido, além de democratizar o acesso à educação.
Professores também podem beneficiar-se utilizando as ferramentas como apoio em sala de aula e lição de casa.
Confira o portal exclusivo e gratuito de ExamTime: 

domingo, 16 de outubro de 2016

Reconhecimento é a melhor forma de estimular alguém

Reconhecimento é a melhor forma de estimular alguém (Mário Sérgio Cortella)
Entrevista foi publicada no site de Época NEGÓCIOS
O Salário não é a principal fonte de insatisfação dos brasileiros dentro das empresas. Mais do que uma remuneração condizente com o que seria justo pelo seu trabalho, as pessoas querem ser reconhecidas e valorizadas dentro das organizações. Ser mais uma peça da engrenagem é um fardo nos tempos atuais, defende o filósofo Mário Sérgio Cortella. Docente, educador, palestrante e consultor de empresas, Cortella afirma que a principal causa da atual desmotivação é a ausência de reconhecimento. E ela manifesta-se de várias formas: do chefe injusto à falta de valorização em cada projeto e tarefa. Não é uma questão puramente de promover o elogio desmesurado, mas uma forma de “dar a energia vital ao funcionário para continuar fazendo e seguindo em frente". É principalmente evitar a mensagem de que "não ser mandado embora já é um elogio" ou que "o silêncio é a melhor maneira de dizer que está tudo em ordem". 
Em seu novo livro, Mário Sérgio Cortella fala sobre reconhecimento e de outras questões que considera inerentes à insatisfação de muitas pessoas hoje em relação ao próprio emprego. Em “Por Que Fazemos O Que Fazemos” [Editora Planeta], o professor reflete sobre próposito e por que as pessoas almejam empregos que conciliam uma satisfação pessoal e a certeza de não realizar um esforço “inútil” dentro da sociedade. Este tipo de aflição ganha maior evidência com a geração millennial que passou a almejar um “projeto de vida que não soe como conformado”, ou seja, do trabalho pelo trabalho. É sonhar com o trabalho grandioso, com uma rotina que não seja monótona, com um 'projeto que faça a diferença'. Por outro lado, é uma geração também que chega - em parte -  com pouca disciplina, que tem ambição e pressa, que vê seus desejos como direitos - e ignora os deveres. 
Todas essas aflições corporativas têm moldado a forma de atuar das empresas e das pessoas na hora de se associarem a um emprego. Em momentos de crise econômica, elas ganham um nível de contestação ainda maior. Em entrevista à Época NEGÓCIOS, Cortella comenta esses dilemas e mudanças, os “senões” de se fazer o que se ama e por que há uma “obsessão enorme por uma ideia de felicidade que não existe”: 
As pessoas não querem mais somente um salário mais alto, querem acreditar que fazem algo importante, autoral. Por que a necessidade de ter propósito ganhou maior relevância? É uma questão geracional?
Ela é mais densa e angustiante na nova geração que enxerga muitas vezes na geração anterior, que a criou, certa estafa em relação ao propósito. É muito comum que jovens e crianças enxerguem hoje nos pais algum cansaço e até tristeza naquilo que fazem. O pai e mãe dizem “eu trabalho para sustentar, esse é meu trabalho”. Há uma grande conformidade. E essa conformidade de certa forma acabou marcando uma nova geração, a millennial, que traz aí a necessidade de ter algum projeto de vida. Eles não querem repetir um modelo que, embora esforçado, dedicado e valoroso soa, de certa maneira, como conformado. Hoje há uma aflição muito grande na nova geração de maneira que se traduz numa expressão comum: “eu quero fazer alguma coisa que me torne importante e que eu goste”. A geração anterior tinha um pouco essa preocupação, mas deixou um tanto de lado por conta da necessidade.

Quando o sr. se refere à geração Y, aos millennials, está considerando um recorte ou o todo?
Claro que temos recortes. Não estou falando de quem está atrelado ao reino da necessidade, que precisa trabalhar sem discussão porque precisa sobreviver. Esta é uma questão de outra natureza. O termo millennial que eu adoto, como muitos, é aquele que cunharam para quem nasceu a partir dos anos 1990. E essa geração tem recortes mais diretos em relação à camada social. Evidentemente se você considerar aqueles que são escolarizados, têm boa condição de vida e que estão acima da classificação oficial da classe D, essa geração tem mais possibilidade de escolha à medida que a sobrevivência imediata não é uma questão. Ela pode viver até mais tempo com os pais e ser por eles sustentada. Isso vem acontecendo. Já integrantes das classes D e E têm mais dificuldade - uma parcela às vezes encontra sobrevivência na transgressão, no crime de outra natureza e outros encontram aquilo que é o trabalho suplicial que o dia a dia coloca sem escolhas. 

Como o senhor diz no seu livro até para ser mochileiro, você precisa ser livre de uma série de restrições…
Sim, você precisa dominar outro idioma, saber se virar. Há uma diferença entre um filho meu, de camada média, com uma mochila nas costas andando pela rua em relação ao modo que ele se conduz, à maneira como ele se dirige às pessoas do que ele ser, por exemplo, um andarilho. Uma pessoa pode até ser mochileira, mas ela já tem condições prévias que a tornam uma mochileira com menos transtornos do que como seria de outro modo.

O senhor diz frequentemente que, para fazer o que se gosta, é preciso fazer uma série de coisas das quais não se gosta. Esse entendimento provém de uma educação na empresa, da família ou escola?
É uma questão de formação familiar. Hoje há uma nova geração que, especialmente nas classes A, B e C, cresceu com facilitações da vida. Hoje a gente até fala em “adolescência estendida” que vai até aos 30 anos e não necessariamente até os 18 anos. São as pessoas que continuam vivendo com os pais, sob sustentação. Isso acabou levando também a uma condição, que uma parcela dos jovens entende que “desejos são direitos”, que vão obter aquilo porque é desejo deles e um outro vai providenciar. Cria-se assim a perspectiva equivocada de que as coisas podem ser obtidas sem esforço. Mas sabe, eu lembro sempre, trabalhar dá trabalho. Como costumo dizer: “só mundo de poeta que não tem pernilongo”. É óbvio que isso não anula a riqueza que essa nova geração tem de criatividade, expansividade, de receptividade em relação a vários modos de ser. Uma geração mentalmente rica, mas que precisa de um disciplinamento - que não é torturante, mas pedagógico - e que começa na família e vai encontrando abrigo na empresa. Essas estruturas são importantes para que essa energia vital não se dissipe. É preciso organizar essa energia de modo que não se perca com inconstâncias, para ser algo que possa de fato gerar benefício para o indivíduo e para a comunidade dele. 

As empresas ainda não sabem lidar, de forma geral, com a energia desses jovens?
Não, elas ainda estão começando a aprender. Há algumas que já possuem uma certa inteligência estratégica e estão se preparando e preparando seus gestores para que acolham essa nova geração como um patrimônio e não como um encargo. Porque quando você acolhe a nova geração como um encargo, em vez dela ser “sangue novo”, ela se torna algo que é perturbador. E é claro que não é só o jovem que tem de se preparar para essa condição. É necessário que a pessoa que a receba seja acolhedora, mas que também se coloque em uma postura de humildade pedagógica. Que ela saiba que vai aprender muito com alguém que chega com novas habilidades que a geração anterior não tem. Lidar nos dois polos de maneira que equipes multigeracionais ganhem potência em vez de entrarem em situação de digladio ou confronto. 

Nesses dois polos, os profissionais mais seniores ficam inseguros com receio de que seu papel não seja mais relevante nas organizações. Como eles podem lidar com esse novo cenário?
Eu só conseguirei ter essa percepção de que estou ficando para trás se eu deixar de lançar mão daqueles que chegam com coisas que eu ainda não conheço. E aí eu não vou ter só a percepção, eu vou ficar mesmo para trás. A gente aprende muito com quem chega, mas a gente também tem o que ensinar. Tem dois princípios que precisamos implantar: 1) quem sabe, reparte 2) quem não sabe, procura. Se eu formar seniores e juniores nesses dois princípios, de um lado vai ter generosidade mental e de outro a humildade intelectual. Essas duas trilhas virtuosas serão decisivas para que a gente construa maior potência no que precisa ser feito.

Com todos esses dilemas e mudanças, a ambição é necessária? Uma pessoa ambiciosa é boa ou perigosa para a empresa?
A pessoa ambiciosa é aquela que quer ser mais e melhor. É diferente de uma pessoa gananciosa, que quer tudo só para si a qualquer custo. Uma parte do apodrecimento que nosso país vive no campo da ética hoje se deve mais à ganância do que à ambição. Eu quero um jovem ambicioso. Eu, Cortella, sou ambicioso. Quero mais e melhor. Mais e melhor conhecimento, mais e melhor saúde. Mas não quero só para mim e a qualquer custo. A ganância é a desordem da ambição. É quando você entra no distúrbio que é eticamente fraturado. Por isso, é necessário que uma parte dos jovens seja ambiciosa. Um ou outro tem sim essa marca da ganância caso ele seja criado em uma família, estrutura, comunidade, na qual a regra seja a pior de todas: “fazemos qualquer negócio”. E essa regra é deletéria, é malévola aos negócios que, embora possam ser feitos, não devem ser feitos. A ambição é necessária, mas a ganância tem que ser colocada fora do circuito.

E quando você junta ambição e pressa? 
Não é algo que traz bons resultados. Uma das coisas boas da vida não é ter pressa, é ser veloz. Se você faz um trabalho apressadamente, você vai ter que fazer de novo. Quando eu vou consultar médico, eu quero velocidade para chegar à consulta, mas eu não quero pressa na consulta. Velocidade resulta de perícia, habilidade, de ser alguém que tem competência no que faz. A pressa resulta da imperícia. Por isso, o desenvolvimento da perícia, habilidade, competência permite que se faça algo velozmente. E se sou veloz, aquilo que resulta da minha ambição pode se transformar no meu êxito. Se sou apenas um apressado, vou ter que lançar mão de trilhas escusas para chegar ao mesmo objetivo - e o nome disso é Lava Jato.

O senhor aponta no livro que o maior descontentamento atual dos funcionários nas empresas não é salarial, mas a falta de reconhecimento. Por que a questão ganhou força nos últimos anos?
Hoje há um anonimato muito forte na produção. Como a gente tem uma estrutura de trabalho em equipe muito grande, o trabalho em equipe quase leva à anulação do reconhecimento do indivíduo. E isso significa que um trabalho em equipe não prescinde da atuação de cada pessoa. É necessário que não se gere anonimato. Eu insisto: reconhecimento não é só pecuniário, financeiro, é autoral. É necessário que a empresa exalte, mostre quem colaborou com aquilo. À medida que você tem reconhecimento, comemoração, celebração, isso dá energia vital para continuar fazendo. Não se entende aquilo como sendo apenas uma tarefa. O reconhecimento ultrapassa a ideia de tarefa. Não sei se seu pai fazia isso, mas chegava em casa com o boletim da escola, altas notas, e ele dizia: “não fez mais que a obrigação” - isto é altamente desestimulador. É preciso reconhecer, dizer que é bacana, comemorar. Aquilo que estimula a continuar naquela rota. Reconhecimento é a principal forma de estímulo que alguém pode ter. 
No livro, o senhor também cita a obsessão por “uma tal ideia de felicidade” que acaba levando as pessoas a viverem muito mais a expectativa do que a realização. Por que isto ocorre?
A felicidade não é o lugar onde você chega. A felicidade é uma circunstância que você vivencia no seu dia a dia. Não tem “a felicidade”. Você tem circunstâncias de felicidade, ocasiões, que quando vêm à tona não devem ser deixadas de lado. Ninguém é feliz o tempo todo - isso seria uma forma de idiotia - à medida que a vida tem suas turbulências. Mas quando ela vier, admita a felicidade. Colocar a felicidade só num ponto futuro, inatingível, isso é muito mais resultante de uma dificuldade de lidar com a questão do que concretamente uma busca efetiva. Por isso, sim, a felicidade é uma desejo porque o mundo tecnológico nos colocou em contato com tantas coisas, mas nos deu uma certa marca de solitariedade, de ficar solitário com relação àquilo que se tem, a uma ausência de contato muito forte. Tudo é muito virtual e isso acaba gerando desconforto interno, angústia nas pessoas. E a felicidade é um nome que as pessoas dão para superar essa angústia.

O que é felicidade para o sr?
É a que eu tenho na minha vivência. Quando percebo uma obra feita, uma aula bem dada, um abraço sincero, afeto verdadeiro, conquista merecedora. São meus momentos de felicidade. Não são um lugar onde desejo chegar. 

Fonte primária: Época Negócios (Acesso para lê a reportagem na íntegra)

Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/reconhecimento-%C3%A9-melhor-forma-de-estimular-algu%C3%A9m-jovenildo-carvalho