quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O poder supercondutor do grafeno finalmente foi desbloqueado – e a coisa é mais inesperada do que pensávamos

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Imagem de Tecnologia É | Realidade que parece ficção!
Texto traduzido do original no ScienceAlert

Agora é oficial: o grafeno foi transformado em supercondutor em seu estado natural – o que significa que a corrente elétrica pode passar por ele com zero de resistência.
Ano passado, físicos resolveram fazer isso através da dopagem do grafeno com átomos de cálcio, mas esta é a primeira vez que pesquisadores conseguiram alcançar a supercondutividade nesse material sem ter que alterá-lo. E o resultado até agora mostra que o material alcança um inacreditável e raro tipo de supercondutividade que é ainda mais interessante e mais poderosa que os cientistas esperavam.
A nova pesquisa é um grande negócio, mesmo para um material tão inatamente impressionante como grafeno, visto que a supercondutividade é a chave para uma eletrônica mais eficiente, para melhores redes de energia e novas tecnologias médicas.
“Tem sido postulado por um longo tempo que, sob condições adequadas, o grafeno deveria passar por uma transição de supercondutividade, mas isso não acontece”, disse um dos pesquisadores, Jason Robinson da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Agora ele disse que sua equipe de pesquisadores conseguiu acordar essa habilidade supercondutora do grafeno. E parece que o material não é apenas um supercondutor normal – ele pode conduzir corrente elétrica sem resistência como resultado de um tipo não confirmado e evasivo de supercondutividade chamado estado de onda p. Pesquisas adicionais ainda são necessárias para confirmar este resultado, mas este já é um resultado bastante intrigante.
Como já demonstrado em um paper anterior que superou as expectativas, o grafeno é uma folha bidimensional de átomos de carbono que é super flexível, mais duro que o diamante (na ciência dos materiais, dureza é a propriedade característica de um material sólido que pode ser avaliada como a resistência que um mineral tem de se opor ao esforço exercido sobre a sua superfície com o fim de riscá-la) e mais resistente que o aço.
Mesmo materiais que são bons condutores ainda são ineficientes se comparados com os supercondutores – por exemplo, as empresas do setor elétrico perdem cerca de 7% da energia na forma de calor, como resultado da resistência elétrica nas redes de energia.
Materiais supercondutores já são utilizados em aparelhos de ressonância magnética para criar os seus fortes campos magnéticos e também nos trens Maglev (os trens de levitação magnética), mas atualmente esses materiais só se tornam supercondutores a temperaturas em torno de -269 ºC (-452,2 graus Fahrenheit), o que é incrivelmente dispendioso e não muito prático.
Se nós pudermos encontrar um jeito de alcançar a supercondutividade de forma sustentável e em temperaturas viáveis, isso possibilitaria que a supercondutividade ocorresse mais eficientemente em tecnologias médicas – e o grafeno frequentemente é pensado com o primeiro candidato para se conseguir isso, dadas todas as suas estranhas e maravilhosas propriedades.

A supracondutividade adormecida do grafeno desperta. A supracondutividade adormecida do grafeno foi desperta? Mais em: Phys.org

Os pesquisadores foram bem sucedidos em fazer do grafeno um supercondutor no ano passado, pela inserção de átomos de cálcio em sua estrutura. E outras equipes de pesquisadores têm atingido um resultado similar ao adicioná-lo junto a outros materiais supercondutores. Mas, neste estudo de agora,  os pesquisadores da Universidade Cambridge foram capazes de ativar o potencial dormente do grafeno sem que ele fosse influenciado por outro material. “Adicionar grafeno em um metal pode alterar drasticamente as propriedades, por isso, tecnicamente, ele não estaria se comportando da maneira esperada”, disse um membro da equipe, Angelo di Bernardo. “O que você vê não é a supercondutividade do grafeno, mas simplesmente a do supercondutor subjacente que está sendo transmitida”.
Em vez disso, os pesquisadores alcançaram a supercondutividade acoplando o grafeno a um composto chamado de óxido de cobre de praseodímio e cério (PCCO). Isso pode soar similar ao que aconteceu em experimentos anteriores – afinal de contas os pesquisadores continuam colocando o grafeno sobre outro material –, mas a diferença agora é que o PCCO é um tipo de material supercondutor chamado cuparato, o qual tem propriedades eletrônicas bem entendidas. Então, os pesquisadores foram capazes de distinguir claramente a supercondutividade do PCCO da supercondutividade no grafeno. E o que eles viram foi bem inesperado.
A supercondutividade ocorre quando elétrons se emparelham e trafegam mais eficientemente através do material. O alinhamento de rotação, ou simetria, dessas cargas elétricas em pares dependem do tipo de supercondutividade envolvida. Por exemplo, no PCCO, os elétrons se emparelham com um giro que é anti-paralelo, o que é chamado de estado de onda d.
Mas o que os pesquisadores viram acontecendo no grafeno foi algo muito diferente – eles encontraram evidências de um raro e ainda não verificado tipo de supercondutividade chamada de estado de onda p ocorrendo.
“O que vimos no acontecendo no grafeno foi, em outras palavras, um tipo muito diferente de supercondutividade do que a do PCCO”, disse Robinson. “Esse foi um passo realmente importante, porque significava que sabíamos  que a supercondutividade não estava vindo de fora dele [do grafeno], e que o PCCO, por essa razão, foi preciso apenas para liberar a supercondutividade intrínseca do grafeno”.
Não está claro ainda qual foi exatamente o tipo de supercondutividade que a equipe de pesquisadores liberou no grafeno – mas está confirmado que realmente é a elusiva forma estado de onda p, que poderia provar de uma vez por todas que este tipo de supercondutividade existe e permitiria aos pesquisadores estudar suas propriedades pela primeira vez.
A supercondutividade de onda P foi proposta pela primeira vez em 1994, quando pesquisadores japoneses encontraram evidências de sua ocorrência em um cristal de um material chamado estrôncio rutenato. Mas o cristal é muito volumoso para estudá-lo suficientemente e alcançar o tipo de prova científica necessária para confirmar que o estado de onda p existe. Se ele estiver acontecendo no grafeno, seria muito mais fácil de investigar.
Se a supercondutividade de onda p está de fato sendo criado no grafeno, o grafeno pode ser usado como um suporte para a criação e exploração de todo um novo espectro de equipamentos de supercondutividade para pesquisas em áreas fundamentais e aplicadas”, afirmou Robinson. “Tais experimentos necessariamente levariam a uma nova ciência através de um melhor entendimento da supercondutividade de onda p e com ela se comporta em diferente equipamentos e configurações”.
Não somente isso, mas a equipe sugere que o grafeno poderia ser a chave para desbloquear a supercondutividade acima de -269 ºC (-452,2 ºF), e poder ser usado no interior de supercomputadores e outras tecnologias para torná-las mais eficientes.
Outras equipes de pesquisadores sem dúvida, estarão correndo para verificar esse resultado em seus próprios laboratórios e começarão a experimentar com este novo e despertado estado do grafeno, então, espere para ver.
Os resultados da pesquisa foram publicados na Nature Communications.
Referências:
  1. Site da NatureCommunications: pwave triggered superconductivity in single-layer graphene on an electron-doped oxide superconductor” <http://www.nature.com/articles/ncomms14024#results>
  2. Site Phys.org “Graphene’s sleeping superconductivity awakens” <https://phys.org/news/2017-01-graphene-superconductivity-awakens.html>
FONTE: http://socientifica.com.br/2017/01/o-poder-supercondutor-do-grafeno-finalmente-foi-desbloqueado-e-coisa-e-mais-inesperada-do-que-pensavamos/

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Palavras Cruzadas – Tabela Periódica e Configuração Eletrônica

Jogos didáticos, quando aplicados corretamente e em um contexto correto, são ferramentas extremamente úteis para o ensino de qualquer disciplina.
Neste post do site BIzú da Química apresento um jogo de palavras cruzadas que foi aplicado a alunos do 1° Ano do Ensino Médio do Colégio Pedro II – Campus Tijuca II. O tema do jogo estava relacionado aos tópicos:
  • Configuração Eletrônica;
  • Tabela Periódica e Propriedades Periódicas;
Abaixo estão as chaves para encontrar as respostas na vertical e horizontal:
Vertical


1 – Elemento mais leve da tabela periódica, contendo apenas 1 próton e 1 elétron
2 – Elemento que contém duas camadas eletrônicas e possuí 6 elétrons no seu subnível mais energético.
3 – Elemento cujo ânion monovalente apresenta a configuração eletrônica igual a do cátion monovalente do elemento césio.
4 – Elemento mais eletronegativo da tabela periódica, encontrado na composição de pastas de dentes. 
5 – Elemento do 4° período da tabela periódica pertencente ao grupo dos calcogênios, encontrado na composição de shampoos anticaspas. 
6 – Elemento contendo 4 elétrons em sua última camada, encontrado na natureza forma de diferentes alótropos sendo que um deles é considerado uma pedra preciosa. 
7 – Elemento indispensável à vida. Possui uma das maiores eletronegatividades da tabela periódica e seu ânion bivalente possui uma configuração eletrônica idêntica a do elemento encontrado no número 2.
8 – Elemento contendo 92 prótons e 92 elétrons em sua forma atômica. Na forma enriquecida pode ser utilizado na fabricação de bombas nucleares.


Horizontal
1 – Elemento mais abundante no universo. Descoberto primeiramente na análise do espectro de linhas da luz solar, o que fizeram os cientistas acreditarem que tal elemento existiria apenas no sol. É na temperatura ambiente um gás muito utilizado no preenchimento de balões.
2 – Elemento cujo cátion trivalente possuí 5 elétrons no subnível d. Encontra-se no 4° período da tabela periódica. A ausência deste elemento no sangue pode causar anemia. 

3 – Elemento encontrado na composição de certos remédios para depressão. É o menor metal alcalino da tabela. 
4 – Elemento encontrado nos ossos, nos dentes, em diversas rochas calcárias e nas pérolas. Possuí 2 elétrons na última camada e seu cátion bivalente possui configuração eletrônica idêntica a do argônio.
5 – Elemento descoberto primeiramente em amostras de urina humana. É explosivo quando em uma determinada forma alotrópica. Possui 3 elétrons no subnível 3p. 
6 – Elemento encontrado na composição do sal de cozinha. Apresenta a menor energia de ionização do seu período.
7 – Elemento de transição do sexto período da tabela periódica, apresenta 5 elétrons no seu subnível mais energético em sua forma atômica. Utilizado em fios metálicos para a confecção de lâmpadas para flashs fotográficos. 
8 – Um dos mais abundantes metais encontrados na natureza. Possui pequenas diferenças entre as suas primeira, segunda e terceira energias de ionização. Sua quarta energia de ionização é significativamente maior que a terceira. Encontra-se no terceiro período da tabela periódica.
PALAVRA-CRUZADA-BLOG

Gabarito: goo.gl/wmQaQM
O jogo pode ser reproduzido por qualquer um, desde que com a devida citação.
Referências para o Professor:
[1] Jogos no Ensino de Química: Considerações
Teóricas para sua Utilização em Sala Aula: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc34_2/07-PE-53-11.pdf
FONTE: https://bizudaquimica.wordpress.com/2017/09/26/palavras-cruzadas-tabela-periodica/

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Experimentos revelam falha na teoria sobre Forças de van der Waals


Experimentos revelam falhas na teoria sobre Forças de van der Waals
As forças que unem as camadas do material não são tão fracas quanto a teoria propõe. [Imagem: University of Tsukuba]

Interações de van der Waals
A descoberta do grafeno levou a uma explosão no interesse nos sólidos 2D, materiais formados por camadas atômicas individuais ou empilhadas.
Como as interações fracas e de longa distância dão a esses materiais monoatômicos algumas das suas propriedades mais interessantes, entender essas interações é crucial para sua exploração tecnológica - mais especificamente, entender como as interações de van der Waals mantêm juntas as camadas atômicas.
Agora, acabam de ser realizados os primeiros experimentos de difração de raios X síncrotron no dissulfeto de titânio (TiS2), um metal de transição calcogeneto com uma estrutura 2D em camadas que já vem sendo pesquisado para uso na produção de hidrogênio solar e células solares.
E os resultados foram surpreendentes, mostrando que o papel da força de van der Waals é bem diferente do que as teorias propunham. Essa surpresa vem se juntar a outra demonstração recente, a de que as forças de Van Der Waals atraem e repelem, ao contrário do que os cientistas acreditavam até então.

Materiais de van der Waals
O TiS2 é um material de van der Waals arquetípico, com camadas que compreendem folhas de titânio (Ti) e de enxofre (S) interagindo através de ligações químicas fortes, com os elétrons sendo compartilhados entre os átomos, resultando em uma estrutura relativamente fixa. Entre estas folhas, as interações de van der Waals de longa distância (S-S) atraem as camadas umas para as outras, permitindo que elas se empilhem, formando materiais sólidos. Essas interações são conhecidas por serem muito mais fracas do que aquelas dentro das folhas 2D individuais.
No entanto, ao medir com precisão um cristal de TiS2, os pesquisadores descobriram que as interações entre as camadas são de fato muito mais fortes do que a teoria estabelece, e envolvem um compartilhamento significativo de elétrons.
"Este trabalho fornece uma compreensão fundamental de uma classe de materiais incríveis com numerosas aplicações potenciais em tecnologias como baterias iônicas, catálise e supercondutores," disse Hidetaka Kasai, da Universidade de Tsukuba, no Japão. "Nossos experimentos são os primeiros a revelar a verdadeira natureza das interações que tornam os materiais 2D tão interessantes, e esperamos que eles apoiem muitos desenvolvimentos futuros nesta área".
A equipe considera que os resultados obtidos no experimento dentro das camadas Ti-S, que se mostraram de acordo com as teorias, validam seus resultados quanto às interações de longo alcance ao longo dos intervalos intercamadas, que estão em desacordo com as teorias.
A expectativa é que essa descoberta contribua substancialmente para a compreensão fundamental das ligações químicas nos materiais 2D em geral, facilitando sua fabricação e interação com outros materiais, dois dos maiores entraves ao seu uso prático.
Bibliografia:

X-ray electron density investigation of chemical bonding in van der Waals materials
Hidetaka Kasai, Kasper Tolborg, Mattia Sist, Jiawei Zhang, Venkatesha R. Hathwar, Mette O. Filso, Simone Cenedese, Kunihisa Sugimoto, Jacob Overgaard, Eiji Nishibori, Bo B. Iversen
Nature Materials
Vol.: 17, pages 249-252
DOI: 10.1038/s41563-017-0012-2
FONTE: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=falha-teoria-sobre-forcas-van-der-waals&id=010165180222#.WpA0KKinFPa

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Especialista do MIT sugere estratégias contra 'passividade' de alunos

imagem de uol.com.br
Disciplinas de pouca aplicação prática e ensino de conteúdo distante do contexto real são prejudiciais aos alunos por ensiná-los a pensar de um modo linear, que não os prepara para o mundo. É o que diz a especialista americana em educação Jennifer Groff, pesquisadora-assistente do Laboratório de Mídias (Media Lab) do MIT (sigla em inglês para o Instituto de Tecnologia de Massachusetts).
Groff é autora de estudos sobre ensino personalizado, inovações em sistemas de aprendizagem e uso de jogos e tecnologias em sala de aula.

Em entrevista à BBC Brasil em São Paulo, onde atuará como diretora pedagógica da escola Lumiar, Groff faz coro ao crescente número de especialistas internacionais que defendem um ensino mais baseado em habilidades e competências do que em disciplinas tradicionais.
Ela também defende que a mudança na base curricular brasileira (documento do Ministério da Educação atualmente em fase de consulta pública) é uma oportunidade para dar flexibilidade para que professores possam adotar jogos, brincadeiras e projetos em sala de aula.

A seguir, os principais trechos da entrevista:
BBC Brasil - Uma das áreas que você estuda é aprendizagem por jogos. O que, na sua experiência, tem funcionado ou não em termos de jogos em sala de aula?
Jennifer Groff - Em nosso laboratório, buscamos jogos que envolvam (o aluno) em experiências e permitam a imersão em um conceito - em vez de um jogo que simplesmente o instrua a fazer uma tarefa.
Por exemplo, para ensinar a tabuada, brincadeiras com blocos permitem às crianças perceber que "dois blocos mais dois formam quatro".
Não gostamos de jogos em que o aluno completa quatro perguntas de matemática para ganhar o direito de atirar em alienígenas e em seguida, "ok, a brincadeira acabou, é hora de resolver mais uns problemas de matemática".
Tentamos ajudar os professores a verem o valor de um aprendizado mais voltado à brincadeira, explorando um tópico em vez de "encher" a cabeça dos alunos com ideias.
Crianças brincando com blocos em sala de aula
imagem bbc.com.br (GETTY IMAGES)  
Videogames comerciais também podem ser usados de modo eficiente. CivilizationDiplomacy já foram usados por bons professores como ferramenta para engajar os alunos em temas como negociação, por exemplo. (...) E (é importante) deixar as crianças liderarem (o processo), deixar que elas sejam professores também.
BBC Brasil - Muito tem sido dito sobre o aprendizado não mais centrado no professor, e sim nos alunos. É a isso que você se refere?
Groff - Exatamente. Muitos dos jogos que desenvolvemos no nosso laboratório são criados para serem jogados socialmente, em grupos - somos seres sociais e não construímos conhecimento em isolamento.
Fazemos com que essa experiência individual e coletiva seja o centro (do aprendizado), e o professor (tem de) criar um ambiente dessas experiências para as crianças e, talvez depois, avaliar essas experiências - mais do que comandar um plano de aula.
BBC Brasil - O que tem sido mais eficiente nas transformações dos ambientes de aprendizagem nas escolas?
Groff - Sabemos por pesquisas e por escolas (bem-sucedidas) que o bom aprendizado é centrado no estudante, que constrói seu próprio conhecimento socialmente.
Em muitos currículos, temos aquela aula de 45 minutos de matemática, por exemplo, e (os estudantes) nem sequer sabem por que estão aprendendo matemática. Os estudantes não a recebem (o conteúdo) em contexto.
E contexto é algo poderoso - projetos, problemas, conceitos do mundo real. As escolas em que vejo um aprendizado mais robusto são as que trabalham nesses parâmetros (...) baseados em competências.
A questão é que (historicamente) não sabíamos como medir o desempenho dos alunos em grande escala, então os dividimos em séries com base em suas idades, todos aprendendo a mesma coisa ao mesmo tempo.
Jennifer Groff
Jennifer Groff defende ensino mais baseado em habilidades e competências do que em disciplinas tradicionais (Foto: arquivo pessoal)
Hoje vemos que isso não ajuda muito. Entendemos hoje que o aprendizado é orgânico, individualizado, diversificado, e no entanto o jeito como gerenciamos nossas escolas não reflete isso.
Por isso que tem ganhado muita atenção o modelo de aprendizado baseado em competências - por exemplo, pensamento crítico e outras habilidades, em vez de dividir (as aulas) artificialmente em matérias.
BBC Brasil - E como conciliar isso com um modelo tradicional de provas e avaliações?
Groff - Esse é o problema. As avaliações são apontadas há muito tempo como o maior problema na educação, e com razão. Como muitos modelos são atados a elas, acaba sendo o rabo que balança o cão. (O ideal), em um futuro próximo, é a avaliação estar inserida no sistema de modo que as crianças nem sequer percebam (que estão sendo avaliadas).
Avaliações são essencialmente feedback, e todos precisamos de feedback.
Uma das razões pelas quais me interessei pelo aprendizado por jogos é que (...) um bom jogo consegue (via algoritmos) coletar o tempo todo dados dos usuários e se adaptar com base nisso (ou seja, compreender o que o aluno já aprendeu e sugerir-lhe conteúdo que complemente suas deficiências de ensino).
BBC Brasil - Nesse modelo, como saber o que cada criança precisa aprender até determinado estágio?
Groff - Não deveríamos colocar tais expectativas sobre as crianças, do tipo "até esta idade elas precisam saber isto".
Provavelmente deve haver zonas de alerta - devemos nos preocupar se até determinada idade a criança não souber ler ou escrever, por exemplo.
Mas um dos problemas da educação é a expectativa de que todos os alunos (aprendam uniformemente), e não é assim que funciona.
Queremos que eles sigam seus interesses, que é de onde virá sua motivação, e temos de coletar dados para saber em que ponto eles estão em termos de competências.
Há um mapa de competências ainda em desenvolvimento (pelo MIT Media Lab). (...) São grandes áreas de domínio, como pensamento crítico, pensamento sistemático (levar em conta múltiplas opções, prever consequências e efeitos), pensamento ético, ou outras habilidades. Até mesmo matemática, línguas.
É possível medir esse desenvolvimento em crianças, assim como é possível acompanhar um bebê aprender a se mexer até ser capaz de correr.
Com essas medições, professores não precisariam (aplicar) provas, e sim permitir que os alunos tenham uma experiência de aprendizado poderosa e depois simplesmente monitorá-la.
BBC Brasil - Como avaliar matemática nesse contexto?
Groff - Passei meu ensino médio aprendendo álgebra, geometria, trigonometria, pré-cálculo e cálculo. E e não uso a maioria dessas coisas hoje. É algo totalmente inútil para a maioria dos estudantes, que acabam deixando de aprender coisas como finanças, estatística, análise de dados - e vemos dados diariamente, mas não sabemos tirar sentido deles.
A matemática é um grande exemplo de disciplina que precisamos olhar sob uma perspectiva de competência. Não precisamos de uma sociedade repleta de matemáticos, mas sim de pessoas com competência de equilibrar seu orçamento pessoal, calcular seus impostos.
BBC Brasil - Você mencionou pensamento ético. Como habilidades sociais como essa podem ser ensinadas?
Groff - De forma geral, é (levar em conta) múltiplas perspectivas sociais. Quanto mais você conseguir olhar (algo) da perspectiva de muitas pessoas e tomar decisões com base nisso, mais éticas serão suas decisões.
Aula de trigonometria
Para Groff, países não devem ter medo de se livrar de antigas disciplinas e trocá-las pelo ensino de competências
(GETTY IMAGES)
O MIT tem um jogo chamado Quandary (dilema, em tradução livre), que coloca as crianças em um mundo fictício com vários cenários em que não há uma resposta certa ou errada, mas sim decisões a tomar e consequências. É um exemplo desse aprendizado mais divertido e contextual.
Se entrarmos em uma escola tradicional e pedirmos ao professor que ensine pensamento ético, ele provavelmente não vai ter nem ideia de como fazer. E um jogo é perfeito para isso - brincando em cenários fictícios em vez de tendo uma aula. (...) A maioria das inovações ocorre justamente em escolas onde há liberdade para brincar.
BBC Brasil - É possível implementar esse ensino por competências em um país tão grande quanto o Brasil?
Groff - Com certeza. (...) A Finlândia, por exemplo, jogou fora seu currículo inteiro, porque quer que suas escolas sigam essa direção e viu que uma das maiores barreiras são essas estruturas rígidas do currículo.
Ministro da Educação, Mendonça Filho, na entrega do documento da Base Nacional Comum Curricular, em abril
Ministro da Educação, Mendonça Filho, na entrega do documento da Base Nacional Comum Curricular, em abril; mudança é oportunidade para incorporar ensino por competências, defende especialista americana (Foto: Ministério da Educação)
BBC Brasil - O Brasil também está mudando sua base curricular. Quais os principais desafios e oportunidades disso?
Groff - O maior desafio é ter mais do mesmo, com uma roupagem diferente. Mas para qualquer país que reforme seu currículo há uma grande oportunidade: o documento pode moldar o dia a dia do aprendizado nas escolas. (...) Eu daria (esse documento) a professores de escolas públicas e perguntaria a eles se o modelo os convida a ensinar de um modo diferente.
As pessoas subestimam o impacto dessas estruturas, que são uma grande oportunidade de mudança. Por exemplo, em uma visita ao Reino Unido, vi que escolas da Escócia estavam adotando o ensino baseado em projetos (em que alunos realizam projetos multidisciplinares, em vez de aula tradicionais), e me disseram que isso só foi possível porque o novo currículo permitiu.
BBC Brasil - Você se aprofundou nas dificuldades do ensino brasileiro? O que vê como maiores desafios?
Groff - Não sei muito ainda, então não posso falar em termos específicos. Mas, globalmente, todos os sistemas educacionais estão tentando fazer que suas escolas sejam transformadoras - e uso essa palavra intencionalmente porque (a busca) é por um formato totalmente diferente.
No Centro para a Redefinição de Currículos (organização internacional cofundada por Groff), um dos trabalhos é ajudar os países a fazerem grandes mudanças nos documentos oficiais: tire (do currículo) aquele ano de trigonometria, você não precisa dele.
A maioria dos países tem medo de se livrar dessas antigas disciplinas e não percebe o impacto negativo que isso tem em seus alunos. Precisam pensar com mais coragem sobre a questão de habilidades e competências.
Tantas crianças nas escolas são tão passivas, absolutamente desengajadas, desmotivadas, e isso faz mal a elas. Estamos treinando-as a pensar de um modo linear e achatado, que não as prepara para o mundo. É mais crucial do que nunca pensar em como romper esse ciclo.
BBC Brasil - Vivemos em uma época em que ideias podem ser reforçadas por fake news (notícias falsas) e por algoritmos que conseguem expor usuários de redes sociais a conteúdos selecionados. Como ensinar pensamento crítico nesse ambiente?
Groff - É um ótimo exemplo de como, se colocamos as crianças em ambientes de aprendizado em que elas não são desafiadas a controlar suas próprias decisões, elas nunca vão refletir sobre essas questões.
Você quer que as crianças vão à escola para simplesmente obedecer e entrar na fila, ou quer um ambiente fértil em que elas floresçam como agentes no mundo?
Você não pode esperar que, em um ambiente em que as crianças têm de apenas obedecer, aprendam a ser cidadãos engajados e conscientes.

FONTE: https://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2017/09/17/especialista-do-mit-sugere-estrategias-contra-passividade-de-alunos.htm

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Utilização do Ludismo Como Instrumento na Recuperação de Conteúdos Ligações Químicas

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Kelly Aparecida Ferreira Campos, Yorrana Marquenis Silva, Alanna Evellin Alves Ferreira, Antonio Carlos Chaves Ribeiro, Cinthia Maria Felicio
Resumo

Dificuldades dos estudantes no ensino de química, que ainda é predominantemente tradicional, podem ser observadas na escola básica e necessitam ser superadas. Abordagens mais interativas e que envolvam o protagonismo do aluno podem ser alternativas viáveis e já apresentam bons resultados, pois permitem tomadas de decisões mais autônomas. Neste sentido foi desenvolvido uma proposta com 4 turmas de primeiros anos de um colégio estadual na cidade de Morrinhos – GO e a temática trabalhada foi ligações químicas, assunto escolhido pela professora, para as avaliações de recuperação. Assim, para realizar um estudo contrastando duas abordagens, duas turmas do período matutino, a abordagem trabalhada foi tradicional, já as outras duas, do período vespertino, foi proposto uma atividade lúdica. Esta atividade foi trabalhada por duas alunas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) - Química, Campus Morrinhos, do Instituto Federal Goiano (IFGoiano). Os resultados destas observações são discutidos, sendo possível algumas reflexões sobre aspectos do ludismo e o processo de ensino aprendizagem em química. Mudanças de postura, maior participação, melhor desempenho dos estudantes e responsabilidade pela própria aprendizagem são alguns dos resultados da aplicação desta atividade que precisam ser considerados.

Palavras-chave


Atividade lúdica; Recuperação; Ligações químicas.

Veja texto completo aqui:


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Maconha vicia e gera prejuízos permanentes no cérebro, diz novo estudo

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imagem de http://www.jornalciencia.com
Já faz um certo tempo que é considerada a ideia de que as pessoas que ocasionalmente fumam maconha podem, em breve, se tornarem viciadas.

Agora, os cientistas afirmam ter chegado ao real motivo dessa questão. Segundo eles, a Cannabis sativa (Tetra-hidrocanabinol ou THC), a longo prazo, perturba determinados circuitos cerebrais, desencadeando desejos e dependências. Essa constatação foi feita a partir de um estudo que mostrou que parte do cérebro associada a recompensa, acendeu-se quando pessoas olhavam para imagens da droga ou itens associados. Segundo os pesquisadores, essa ideia marca a diferença entre usuários ocasionais e dependentes.
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Cannabis sativa (Tetra-hidrocanabinol ou THC)
Ainda ilegal no Brasil, nos Estados Unidos ela é permitida em 25 estados, para fins recreativos ou medicinais. Apesar do crescente número de usuários, muitos cientistas consideravam que as evidências de vício por parte da maconha ainda eram escassas. Logo, em estudos recentes, pesquisadores sugeriram que ela pode impactar um circuito cerebral, conhecido como sistema de recompensa mesocorticolímbico, provocando desejos. Esse sistema controla uma outra região do cérebro que libera a dopamina – uma substância química associada ao prazer.
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Cannabis sativa (Tetra-hidrocanabinol ou THC)
Para investigar a relação da maconha com danos ao sistema cerebral, os pesquisadores reuniram 59 adultos usuários e um grupo de 70 pessoas que não faziam uso da droga. À ambos os grupos eram mostradas imagens da maconha e itens relacionados. Em seguida, eram mostradas fotos de frutas que eles disseram gostar, tal como, banana, maçã, uvas ou laranjas. A equipe também recolheu um questionário a respeito do uso da droga e se acreditava que estavam sofrendo problemas em razão a isso. Muitos dos usuários afirmaram sofrer problemas familiares e de relacionamento.
Logo, os pesquisadores descobriram que, em média, as pessoas que usaram maconha tinham feito isso por pelo menos 12 anos. Usando exames de ressonância cerebral, eles descobriram que quando mostradas as imagens relacionadas a droga, como esperado, o circuito de recompensa do cérebro ficou ativo. Este não era o caso quando olhavam para as frutas. Para os não-usuários, isso acontecia exatamente ao contrário: as frutas estimulavam o circuito.
“Descobrimos que esta perturbação do sistema de recompensa se correlaciona com o número de problemas, como questões familiares, que os indivíduos têm por causa do uso de maconha”, disse a pesquisadora Dra. Francesca Filbey, da Escola de Ciência e Comportamento do Cérebro, da Universidade do Texas, em Dallas, EUA. “O uso contínuo, apesar desses problemas, é um indicador de dependência”, salientou.
A pesquisa foi financiada pelo Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas e publicado na revista Human Brain Mapping.
[ Daily Mail ] [ Foto: Reprodução / Wikipédia ]

FONTE: http://www.jornalciencia.com/maconha-vicia-e-gera-prejuizos-permanentes-no-cerebro-diz-novo-estudo/

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Como ler mais livros no ano de 2018

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Imagem de Casos Acasos e Livros

por Galeno Amorim

Ler é um hábito pouco comum entre a maioria dos brasileiros. Ainda que esse número tenha aumentado nos últimos anos, é menor que em muitos países. Mas mesmo contra as estatísticas é possível ler mais aderindo a alguns hábitos diários:


Criar meta de páginas diárias: O ideal é começar com poucas páginas toda manhã e depois se torna mais fácil manter o hábito. Cinco páginas por dia durante 365 dias do ano seria o mesmo que ler 1.825 páginas, o que equivale a vários livros. Este tempo de #leitura pode ser logo depois do café da manhã e não deve demorar mais que 10 minutos.

Esquematizar: Quando se planeja o dia, é preferível escolher o turno da manhã para fazer leitura, pois a mente está mais livre e descansada.

A melhor opção é inserir dentro do planejamento esse horário como se fosse um compromisso e assim fica tudo mais organizar e fácil de seguir.

Planeje a leitura depois do exercício: Nem todo mundo se exercita, mas mesmo um alongamento é benéfico e existem livros que comprovam que ler depois do exercício é muito bom, pois ativa os neurotransmissores do cérebro.

Torne o processo de ler agradável: Ler em lugares agradáveis. Isso vai do gosto de cada pessoa, como um café ou em um lugar que se sinta bem torna mais fácil em dias que a preguiça bater. Isso pode ser feito em casa também obviamente.

Elimine as distrações: Celulares e computadores são grandes distrações, assim como sons aleatórios ou pessoas que possam distrair do objetivo que é somente ler.

Antecipar os problemas antes que sejam uma barreira: Ter sempre os materiais e livros necessários para completar a leitura e outros itens que precisem ser arrumados no dia anterior, não escolher locais barulhentos ou com pessoas que queiram conversar, pois isso se tornará um problema ao longo do dia e não será possível tornar a tarefa concluída.

Externalizar o desejo de ler: Falar para as pessoas que está lendo certo livro faz com que se crie uma relação de importância e medo de fracassar frente as outras pessoas. Isso ajuda a criar mais responsabilidade e cumprir a tarefa.

Ler durante o caminho: Quando se está no ônibus ou metrô é possível ler muito e geralmente ajuda a ser menos entediante.

Audiobooks: São livros em áudio, na internet há milhares de opções e ainda pode ajudar se estiver aprendendo outro idioma, pois ouvir é uma parte muito importante do processo de aprendizagem.


Ler enquanto espera: Ler na fila de espera é muito fácil, quando se está sentado esperando ser chamado para uma consulta no médico, por exemplo.

FONTE: http://www.blogdogaleno.com.br/2018/01/29/como-ler-mais-livros-no-ano-de-2018

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

A INOVAÇÃO NA ÁREA DE EDUCAÇÃO QUÍMICA

Diante dos desafios imPortal da Química (Forense)postos à educação básica, faz-se necessário refletir sobre as ações que podem contribuir com a sua melhoria tanto para o alcance dos objetivos educacionais, bem como atender às necessidades e aos interesses da comunidade na qual a escola está inserida. Nessa perspectiva, a Educação Química apresenta-se como conhecimento escolar importante para a formação dos alunos nas mais variadas dimensões. Sob tais circunstâncias, buscamos discutir neste texto possíveis respostas para a seguinte problemática: O que é inovação na área de Educação Química? Para isso, consideramos a perspectiva de interlocutores da revista Química Nova na Escola, de livros e de escolas. Para o primeiro grupo, consideramos somente os artigos da revista Química Nova na Escola, selecionada pela visibilidade que apresenta no país em relação à divulgação de pesquisas sobre a Educação Química, principalmente no âmbito da educação básica. (…) 
  • Resumo do Artigo Publicado na Revista Química Nova na Escola, vol. 35, n° 1, p.48-56, Fev., 2013.
  • Autora: Nicole Glock Maceno
Clique aqui para ler o artigo completo: A Inovação na Área de Educação Química

FONTE: http://portaldaquimica.org/a-inovacao-na-area-de-educacao-quimica/