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Você está há oito horas sem comer nada. Quanto mais a fome aperta, mais irritado e mal-humorado você parece ficar. Suas decisões tendem a ficar cada vez mais emocionais (motivadas pela irritação), do que racionais.
Isso lembra algum dia que a dieta o tirou do sério? Pois saiba que a ciência corrobora cada vez mais a "culpa" do estômago nas brigas que você comprou motivado pela fome. Uma das principais razões para essa alteração de humor está na queda dos níveis de glicose no sangue.
"A hipoglicemia leva à liberação de hormônios relacionados ao estresse, como o cortisol e a adrenalina", comenta o endocrinologista Márcio Mancini. Há ainda a liberação do neuropeptídeo Y (NPY), um potente estimular do apetite, que leva a comportamentos mais agressivos.
CORTISOL
Uma pesquisa publicada no periódico científico "Proceedings of the National Academy of Sciences", em 2014, reuniu 107 casais para um estudo de 21 dias. O objetivo era avaliar a relação entre níveis de glicose e agressividade. Para isso, eles desenvolveram um jogo em que os casais competiram entre si.
O vencedor poderia se gabar para o parceiro por meio de um fone de ouvido. Eles teriam ainda que espetar até 51 alfinetes em um boneco de vodu, de acordo com a intensidade da raiva que sentiam. Ao fim do estudo, os dados mostraram que quanto menores eram os níveis de glicose no sangue, maior era o número de alfinetes espetados e mais alto e mais longo os barulhos que eles faziam para se vangloriar para o companheiro.
Em outras palavras, eles descobriram que a fome deixou os voluntários mais irritados e com mais sensação de raiva.
ADRENALINA
Um segundo estudo, publicado em 2016 no periódico Judgment and Decision Making, chegou a uma conclusão bastante polêmica. Segundo os pesquisadores, os juízes são menos favoráveis a darem sentenças mais brandas ou positivas perto do horário do almoço. E a culpa seria da fome. Controverso, o levantamento ainda não foi repetido. Segundo o endocrinologista Márcio Mancini, essas alterações de humor poderiam ser explicadas com base nas necessidades do homem primitivo. Àquela época, encontrar alimento era difícil, e, muitas vezes, era preciso lutar por um pedaço de comida. Por isso, o corpo precisava de uma 'injeção' de adrenalina e cortisol para sair à caça. "A agressividade para um caçador pode ter sido fundamental para sua sobrevivência", comenta.
Mas hoje, para boa parte da população, isso já não é mais necessário. Com mais acesso ao alimento e recomendações para refeições com espaçamento de poucas horas, evitar a fome se tornou mais fácil. "Boa parte das pessoas nem chega a sentir tanta fome, porque temos hora para comer", comenta o médico.
NEUROPETÍDEO Y (NPY)
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