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Em 2004, cientistas isolaram o grafeno, uma camada transparente do carbono com apenas um átomo de espessura. Instantaneamente, começamos a pensar sobre todas as maravilhosas maneiras de como o material pode transformar a nossa tecnologia, sendo introduzido em tudo, de computadores quânticos a água potável ilimitada.
Quinze anos depois, essa transformação ainda não ocorreu, pois o complexo e caro processo de fabricação do grafeno retardou as pesquisas.
Agora, isso pode estar prestes a mudar, com uma empresa da Universidade de Cambridge afirmando que encontrou uma maneira de produzir grafeno em escala comercial.
Em 2018, uma equipe de pesquisadores de Cambridge criou uma empresa chamada de Paragraf. Na última terça-feira (12), a Cambridge anunciou que a Paragraf começou a produzir grafeno em escala comercial, criando peças do material de até oito polegadas de diâmetro usando um método que os pesquisadores desenvolveram em 2015.
De acordo com um comunicado de imprensa, o primeiro dispositivo eletrônico baseado em grafeno da empresa estará “disponível nos próximos meses”.
Embora o comunicado à imprensa não especifique qual será o primeiro dispositivo da Paragraf, as aplicações para o grafeno são quase infinitas: o material é duzentas vezes mais resistente que o aço e dez vezes melhor na condução de calor do que o cobre, o condutor usado na maioria dos eletrônicos.
O grafeno também é 250 vezes melhor na condução de eletricidade do que o silício, e a Cambridge prevê que, se substituirmos os chips de silício nos transistores atuais por chips baseados em grafeno, poderemos aumentar a velocidade dos dispositivos eletrônicos em dez vezes. A universidade também estima que o grafeno pode tornar os sensores químicos e elétricos 30 vezes mais precisos.
Usada como corante de alimentos, a curcumina - substância encontrada no pó extraído da raiz da cúrcuma ou açafrão-da-índia (Curcuma longa) - pode ajudar a prevenir ou combater o câncer de estômago. Um estudo feito por pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e UFPA (Universidade Federal do Pará) apontou possíveis efeitos terapêuticos desse pigmento e de outros compostos bioativos encontrados em alimentos nesse tipo de tumor - o terceiro mais frequente em homens e o quinto entre as mulheres no Brasil.
Curcumina
Resultado de um projeto temático apoiado pela Fapesp, o estudo foi publicado na revista Epigenomics.
"Fizemos uma vasta revisão na literatura científica de todos os nutrientes ou compostos bioativos com potencial de prevenir ou tratar o câncer gástrico e identificamos que a curcumina é um deles", disse Danielle Queiroz Calcagno, professora da UFPA e primeira autora do estudo, à Agência Fapesp.
De acordo com a pesquisadora, compostos como colecalciferol (uma forma da vitamina D), resveratrol (um polifenol) e quercetina (um flavonoide) podem proteger contra o câncer de estômago por serem reguladores naturais da atividade de proteínas conhecidas como histonas.
colecalciferol
resveratrol
quercetina
Essas proteínas formam um complexo, chamado nucleossomo, que funciona como uma matriz em torno da qual o DNA se enrola como uma linha no carretel. Esse núcleo proteico permite compactar o DNA e acomodá-lo no interior das células, empacotado por uma estrutura chamada cromatina.
Uma modificação química na cadeia de aminoácidos das histonas após sua tradução, como a adição de um grupo acetila (acetilação) ou de um grupo metil (metilação), pode afetar a compactação do DNA pela cromatina e, consequentemente, a expressão dos genes.
"Se as histonas estiverem acetiladas, por exemplo, a cromatina estará menos condensada e um determinado gene de uma região do segmento de DNA no interior dela estará disponível para ser expresso. Se as histonas não estiverem acetiladas, por outro lado, a cromatina estará mais condensada e o gene não será expresso", explicou Calcagno.
Estudos feitos nos últimos anos mostraram que modificações de histonas após sua tradução provocam alterações na expressão de genes sem causar mudanças na sequência de DNA. São as chamadas variações epigenéticas, que influenciam o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer.
A fim de avaliar se essa hipótese também se aplicava ao câncer gástrico, pesquisadores de diferentes grupos, um deles coordenado pela professora Marília de Arruda Cardoso Smith na Unifesp, fizeram estudos do padrão de acetilação de histonas em amostras de células do estômago tanto de pessoas saudáveis como de pacientes diagnosticados com a doença.
As análises revelaram que as células dos pacientes com câncer gástrico apresentavam alterações no padrão de expressão das histonas acetiltransferases (HATs, na sigla em inglês) e desacetilases (HDACs, também na sigla em inglês). Dessa forma, essas alterações conferiam marcas epigenéticas típicas desse tumor.
Como estudos recentes também indicavam a existência de nutrientes e compostos bioativos capazes de regular a atividade de HATs e HDACs, os pesquisadores da Unifesp e da UFPA fizeram um levantamento de quais dessas substâncias influenciam a acetilação de histonas para identificar quais seriam capazes de ajudar na prevenção e no tratamento do câncer gástrico.
Além da curcumina, outros compostos com papel relevante na modulação de atividade das histonas revelados pelo estudo foram o colecalciferol, o resveratrol (polifenol encontrado principalmente nas sementes de uvas e no vinho tinto) e a quercetina (encontrada em grandes concentrações em maçãs, brócolis e cebolas). Completam a lista o garcinol, isolado de cascas de kokum (Garcinia indica), e o butirato de sódio, gerado pela fermentação de fibras alimentares por microrganismos da flora intestinal.
"Esses compostos podem favorecer a ativação ou a repressão de genes envolvidos no desenvolvimento do câncer de estômago por meio da acetilação ou desacetilação de histonas", afirmou Calcagno.
garcinol
A curcumina, por exemplo, influencia modificações das histonas ao inibir a atividade das enzimas HDACs e HATs para suprimir a proliferação e induzir a apoptose - a morte programada - de células cancerígenas. Já o garcinol, que possui estrutura química semelhante à da curcumina, inibe a atividade das histonas HATs.
"Pretendemos, agora, esclarecer os efeitos anticâncer e epigenético de compostos bioativos da flora amazônica, presentes, por exemplo, no açaí [Euterpe oleracea] e no murici [Byrsonima crassifolia], para que também possam ser usados, no futuro, na proteção contra o câncer gástrico", disse Calcagno.
Chá de hibisco é muito consumido nas dietas de emagrecimento... e por que??Isso porque é rico em antioxidantes como flavonoides e ácidos orgânicos, que possuem ação diurética e impedem a retenção de líquidos
Um outra vantagem é que esses nutrientes impedem que gorduras se acumulem na região do abdômen e dos quadris.
Alguns dos flavonoides (por exemplo a cianidina 3-glucosídeo) encontrados na bebida exercem efeito cardioprotetor e vasodilatador, proporcionando o aumento do colesterol bom, o HDL e, consequentemente, diminuindo o colesterol ruim, o LDL. Também ajuda a regularizar a pressão arterial.
cianidina 3-glucosídeo
O chá de hibisco também é rico em ferro, que auxilia a transportar o oxigênio no organismo, prevenindo o risco de anemia, cansaço e dor de cabeça. A bebida é boa para o cérebro, devido às boas concentrações de vitaminas B1 que possui. Essa vitamina atua principalmente nos neurônios, as células que formam o nosso cérebro.
Vitamina B! (Tiamina)
Mas, fique atento: o chá pode ajudar a não retenção de líquidos e ser uma bebida saudável, mas o que vai fazer você emagrecer ou engordar, ficar ou não saudável, é seu estilo de vida por completo. E não apensa o fato de beber o chá diariamente.
Pesquisas da USP em Ribeirão Preto avançam na busca de plástico 100% biodegradável e competitivo com o plástico comum. Testes que reúnem na fórmula resíduos agroindustriais resultaram num produto com qualidades técnicas e econômicas promissoras.
A boa nova saiu dos laboratórios do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. A química Bianca Chieregato Maniglia desenvolveu filmes plásticos biodegradáveis a partir de matrizes de amido presentes em resíduos agroindustriais de cúrcuma, babaçu e urucum.
O fato do novo material ser totalmente desenvolvido a partir de descartes da agroindústria faz toda diferença. Ao mesmo tempo, recicla resíduos; é biodegradável; é produzido com fontes renováveis que não se esgotam como o petróleo (de onde sai o plástico comum) e cultivadas em qualquer lugar do mundo. Bianca lembra de mais predicados de seu produto: matéria-prima barata, que não compete com o mercado alimentício e ainda “contém composição interessante com a presença de ativos antioxidantes”.
Essa fórmula com compostos antioxidantes, lembra a pesquisadora, pode ser ainda mais interessante no desenvolvimento de “embalagens ativas”.
Uma embalagem ativa interage com o produto que envolve, sendo capaz de melhorar a qualidade e segurança para acondicionamento de frutas e legumes frescos.
Os estudos parecem indicar o caminho certo para a obtenção de um plástico, ou pelo menos um filme plástico, totalmente biodegradável. Os pesquisadores da FFCLRP conseguiram produzir filmes plásticos com boa aparência, boas propriedades mecânicas, funcionais e ativas, o que os torna mais eficientes na conservação de hortifrútis. O grupo de pesquisa também tem trabalhado com a aplicação de aditivos como a palha de soja tratada, outro resíduo agroindustrial, para melhorar as propriedades destes filmes. A meta é o ganho de maior resistência mecânica e menor capacidade de absorver e reter água.
Bianca, porém, acredita que ainda demande mais pesquisa e teste para os 100% biodegradáveis chegarem ao mercado. Em perspectiva mais recente, comenta, “esse tipo de plástico deve atuar como alternativa ao comum”. Apesar de não substituir o tipo comum, pode ser aplicado a diversos tipos do produto, como já ocorre nas misturas de matérias-primas renováveis com polímeros não renováveis, formando as chamadas “blendas”. “Temos as boas propriedades dos plásticos comuns com parcial biodegradabilidade”, comenta.
Plásticos (não tão) “verdes”
O plástico comum, que é produzido com derivado do petróleo (matéria-prima não renovável, cuja composição não é metabolizada por microrganismos), leva até 500 anos para desaparecer.
Já o plástico biodegradável desenvolvido na USP é feito de material biológico, e por isso é atacado, na natureza, por outros agentes biológicos – bactérias, fungos e algas – e se transformam em água, CO2 e matéria orgânica. Ele se degrada em no máximo 120 dias.
Atualmente, existem no mercado outros tipos de plástico biodegradável. São feitos a partir de fontes renováveis – milho, mandioca, beterraba e cana-de-açúcar. Porém, estas fontes servem como matérias-primas para produzir um composto (ácido láctico) do qual se pode sintetizar o polímero (PLA – ácido polilático). “Devido ao fato destes plásticos não serem produzidos com polímeros naturais, como proteína e carboidratos, por exemplo, o material apresenta estrutura mais complexa e só se biodegrada corretamente em usinas de compostagem, onde há condições adequadas de luz, umidade e temperatura, além da quantidade correta de microrganismos”, lembra Bianca.
Além de caros, os plásticos produzidos por fontes renováveis hoje comercializados ainda deixam a desejar em relação a algumas propriedades mecânicas e funcionais se comparados aos plásticos produzidos com fontes não renováveis, e também demandam outros custos para não poluírem o meio ambiente.
Outro plástico muito divulgado na busca por maior sustentabilidade é o “plástico verde”. No entanto, a pesquisadora faz um alerta sobre este tipo de plástico. É feito de cana-de-açúcar, mas não é biodegradável. A partir da cana, é produzido o polietileno igual ao obtido do petróleo, assim o tempo de decomposição do plástico verde é o mesmo do plástico comum. “Vai continuar a causar problemas nas cidades e na natureza.”
Bianca defende que a aceitação e demanda por plásticos biodegradáveis dependam mais de consciência ambiental, legislação e vontade política que de fatores econômicos. Avalia que, em perspectiva global, quando se incluem custos indiretos, como geração de lixo, poluição e outros impactos à saúde e meio ambiente, “os biodegradáveis assumem posições economicamente mais favoráveis”.
Falando em economia, os custos de produção desses materiais podem ficar bem menores que os atuais. E isso se deve à utilização dos resíduos agroindustriais, como o produto agora desenvolvido na USP, cujos componentes não competem no mercado com a indústria de alimentos.
Os resultados desse estudo foram apresentados em março deste ano à FFCLRP na tese de doutorado de Bianca, que trabalhou sob orientação da professora Delia Rita Tapia Blácido.