Plantações podem ser nossa nova fonte de energia elétrica - Imagem: Marcelo Pereira/UOL |
Cientistas da Universidade de Tel Aviv conseguiram, após anos de pesquisa, produzir eletricidade a partir de plantas. O estudo demonstra que as plantas têm capacidade de produção elétrica particularmente eficaz, baseada no processo da fotossíntese, e podem ser uma fonte de energia "limpa".
O estudo foi divulgado pela revista científica britânica "Energy and Environmental Science", e dirigido pelo professor Iftach Yacoby, diretor do laboratório de energia renovável da faculdade de Ciências da Vida da Universidade de Tel Aviv, em colaboração com o professor Kevin Redding, da Universidade do Arizona (EUA).
De acordo com Yacoby, todas as plantas verdes, folhas, ervas ou algas, possuem verdadeiros "painéis solares" e podem transformar um raio de luz em uma corrente de elétrons. O desafio é extrair esta corrente das plantas, diz o professor.
"Para fazer funcionar um eletrodoméstico, simplesmente conecte-o a uma tomada de luz. No caso de uma planta, (ainda) não sabemos onde conectar. Temos buscado um nano plug trabalhando com microalgas", nas quais temos injetado uma enzima que produz hidrogênio com a ajuda de um biorreator, explica.
As microalgas desenvolveram células que continham a nova enzima e os pesquisadores concluíram então que produzem eletricidade. O professor Yacoby afirmou estar convencido de que será "uma nova era para a agricultura que, depois de ter alimentado os humanos por milênios, poderá ser utilizada para produzir energia".
"Pensávamos que havia um potencial, mas não sabíamos se funcionaria e funcionou", após quase seis anos de trabalho, contou o cientista. "Consideramos que há muitas coisas que se possam fazer graças aos resultados de nossa pesquisa", acrescentou, dado que, a longo prazo, "reduzirá a contaminação nos setores de transporte e na indústria pesada", por exemplo. No entanto, em sua opinião, levará ainda entre 10 e 20 anos para alcançar isso.
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Etanol de resíduos
Ao mesmo tempo, um grupo de cientistas israelenses desenvolveu uma técnica simples e de baixo custo para produzir etanol de resíduos vegetais tratados com ozônio, respondendo ao aumento da demanda por álcool para uso médico, devido à pandemia de coronavírus.
Há cinco anos, Hadas Mamane, que dirige o programa ambiental da Universidade de Tel-Aviv, trabalha com sua equipe na reciclagem de resíduos, transformando-os em álcool. A chegada do novo coronavírus aumentou a demanda por gel hidroalcoólico para desinfetar as mãos e levou sua pesquisa para a transformação de resíduos em etanol, usado na fabricação do gel.
"Constatamos que Israel importava todo etanol para produzir álcool em gel e decidimos fabricar etanol, nós mesmos, com base em resíduos", disse Hadas Mamane à AFP. A técnica, que consiste em injetar pequenas doses de ozônio, permite reduzir os recursos necessários para transformar os resíduos em álcool e, por isso, é mais barata, explica a responsável pelo programa.
"Conseguimos demonstrar que é possível produzir etanol com um processo simples, que respeita o meio ambiente e que não gera toxinas", acrescentou a pesquisadora. Segundo ela, o estudo tem um grande potencial.
A cada ano, são produzidas 620.000 toneladas de resíduos vegetais em Israel. Realizado em conjunto com o professor Yoram Gerchman, da Universidade de Haifa (norte), o estudo foi publicado no periódico "Waste and Biomass Valorization". (Com AFP)
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