segunda-feira, 11 de julho de 2022

Frances Arnold, de taxista a Nobel de Química: “A vida é longa, você pode ter muitas vidas diferentes”

A engenheira química Frances Arnold, fotografada na cobertura de um hotel de Barcelona.
JUAN BARBOSA

Na adolescência, Frances Arnold saiu de casa por não se dar bem com os pais e precisou fazer muitos “bicos” para arcar com as próprias despesas e os estudos.

Sempre que nos deparamos com uma história de sucesso, ficamos animados, excitados com a possibilidade de uma pessoa comum alcançar os louros da fama, acendendo aquela chama de esperança em nossos peitos.

Na adolescência, Frances Arnold saiu de casa por não se dar bem com os pais e precisou fazer muitos “bicos” para arcar com as próprias despesas e os estudos.

Sempre que nos deparamos com uma história de sucesso, ficamos animados, excitados com a possibilidade de uma pessoa comum alcançar os louros da fama, acendendo aquela chama de esperança em nossos peitos.

Assim que chegou ao ensino médio, ela saiu definitivamente da casa onde morava com a família e passou a se sustentar com os vários trabalhos, conseguindo pagar seus gastos básicos.

|| Frances precisou mentir que já era maior de idade e assim conseguiu trabalhar como garçonete e motorista de táxi. Foi preciso conciliar o trabalho e os estudos, mas ela se formou na Taylor Allderdice High School. ||

Frances se reconciliou com a família e decidiu entrar na Universidade de Princeton, como seu pai tanto queria, mas suas notas não lhe permitiram ser aceita no curso de Artes Liberais, então ela optou por Engenharia Mecânica, o que surpreendeu a todos. Naquela instituição, ela aprendeu russo e italiano, literatura, economia e várias outras disciplinas que nem sequer faziam parte da sua grade curricular.

A cientista nunca se importou em realizar inúmeras funções, e chegou até a trabalhar como faxineira na casa do filósofo da ciência, Thomas Khun. Enquanto fazia faculdade, ela decidiu tirar um ano de folga e trabalhou numa fábrica, fazendo peças para reatores nucleares. Logo depois desse processo, ela concluiu seu curso de Engenharia Mecânica, passando a se interessar por energia alternativa.

Na década de 1980, depois de trabalhar na área de energia solar, Frances decidiu estudar engenharia química na Universidade da Califórnia; em 1986, ela já era pós-doutora em bioquímica. Em 1993, criou novas proteínas em laboratório, e a publicação do seu estudo causou alvoroço na comunidade científica, fazendo com que ficasse na vanguarda da sua área.

Direitos autorais: reprodução/arquivo pessoal.

Seu trabalho e o de sua equipe levaram à produção de enzimas que funcionam em ambientes sem ar, permitindo a produção de biocombustíveis sem depender de equipamentos caros. Frances se tornou cofundadora de uma empresa de biocombustível, em 2005, e outra em 2013, desenvolvendo processos biocatalíticos verdes para produtos químicos agrícolas.

Frances Arnold é creditada com 40 patentes e possui mais de 200 publicações, também já recebeu dezenas de prêmios, inclusive o Nobel de Química, em 2018, o qual apenas cinco mulheres haviam recebido. É a primeira estadunidense a receber tal honraria.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convidou-a, em 2021, para trabalhar em sua administração como uma das presidentes do Conselho Consultivo Científico.

Direitos autorais: reprodução/arquivo pessoal.

Para ela, segundo entrevista do El País, a vida é muito longa e é possível ter inúmeras vidas diferentes, basta abraçar tudo o que estiver pelo caminho, aprendendo o máximo de assuntos que puder. No futuro, é possível combinar seus conhecimentos de maneira inovadora, basta se adaptar, ser flexível e querer aprender permanentemente.

Fontes: 
https://osegredo.com.br/de-motorista-de-taxi-a-nobel-de-quimica-cientista-conta-historia-de-superacao-para-o-sucesso/
https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-07-03/frances-arnold-de-taxista-a-nobel-de-quimica-a-vida-e-longa-voce-pode-ter-muitas-vidas-diferentes.html

quinta-feira, 7 de julho de 2022

A cidade secreta russa considerada o lugar mais radioativo do mundo – Chelyabinsk-40

 

Imagem de https://www.fatosdesconhecidos.com.br/cidade-secreta-russa-considerada-o-lugar-mais-radioativo-do-mundo/

☢️ Além de receber o nome de Chelyabinsk-40, a cidade secreta também era conhecida como Chelyabinsk-65: Chelyabinsk era uma referência ao centro administrativo mais próximo e os números representavam o código postal da localidade, uma maneira comum de dar nome a cidades fechadas na antiga União Soviética. Na década de 1940, a cidade foi escolhida como sede da “Mayak”, um centro de produção de material nuclear que foi mantido em segredo até 1990.
🎯 O objetivo da Mayak era converter o urânio-238 encontrado nas montanhas da região em plutônio para então enviá-lo para a construção de armas atômicas. Porém, como era comum ao governo comunista, questões de segurança, como o planejamento do descarte dos resíduos, foram deixadas em segundo plano. Assim, tanto o rio Techa, que abastecia cerca de 40 cidades e vilas da região, quanto o lago Karachay foram usados como destino dos resíduos nucleares. Entretanto, o material depositado nesses lugares logo se espalhou para outras localidades.
🛑 Não bastasse a contaminação ambiental, a Mayak sofreu acidentes nucleares de grandes proporções e que contribuíram para aumentar os riscos de radioatividade na região. Em 1957, a explosão de um tanque (conhecido como Desastre de Kyshtym e tema de um próximo post) resultou na dispersão de 50 a 100 toneladas de material altamente radioativo, o que contaminou ainda mais o já castigado meio ambiente da região.
⚠️ Com a queda do regime comunista, vieram à tona registros do aumento de até 40% da incidência de câncer, como leucemia, nos moradores da região de Chelyabinsk. Contudo, os médicos tinham que atestar que seus pacientes sofriam de uma “doença especial”, pois eram proibidos de mencionar os efeitos da radioatividade em seus diagnósticos. Atualmente, estima-se que até 70% da população tenha sido afetada, de alguma forma, pela radiação.

Veja também o vídeo abaixo sobre o assunto:


Fonte:
📓 Chelyabinsk: The Evolution Of Disaster, Post-Soviet Geography, 1992, vol. 33, p. 533.