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Imagem de www.bbc.com |
Assim foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em homenagem aos 150 anos desde que o químico russo Dmitri Mendeleev criou sua primeira versão, em 1869.
Mendeleev encontrou uma solução para algo que havia questionado aos cientistas havia muito tempo: como classificar os elementos químicos?
Sua famosa tabela, que foi a primeira amplamente reconhecida, dispõe os elementos de acordo com seus números atômicos, ou seja: pela quantidade de prótons que eles têm em seu núcleo (em estado neutro, essa quantidade tem que ser igual ao número de elétrons do elemento).
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Quando foram identificados os 92 elementos naturais, os químicos começaram a produzir novos |
Sua famosa tabela tinha sete linhas e oito colunas, que listavam, do menor para o maior, os 63 elementos conhecidos até então.
Mas Mendeleev era tão visionário que até deixou espaços vazios para elementos que ainda não haviam sido descobertos.
Sua previsão estava correta: ao longo dos anos, esses elementos começaram a ser encontrados e, em 1925, a tabela periódica incluía todos os 92 elementos que existem na natureza.
Mas os químicos não pararam por aí. Eles começaram a inventar novos elementos, criados em laboratórios.
Foi assim que a tabela periódica chegou aos 118 elementos que contém hoje.
Os últimos são recentes. O nihônio (elemento 113), moscóvio (115), tenesso (117) e oganesson (118) foram incorporados em 2016.
E tudo indica que mais serão encontradas no futuro, o que torna difícil imaginar que a tabela periódica possa ser concluída.
No entanto, esse não parece ser o objetivo da ciência hoje.
Os químicos dedicados à criação de novos elementos têm outro objetivo em mente. Essa meta chama-se Ilha da Estabilidade.
O que é e como chegar lá?
Para entender isso, é preciso primeiro conhecer um pouco da história de como um novo elemento químico é descoberto.
Isso remonta ao século 17, quando o alquimista amador alemão Hennig Brand tentou descobrir a "pedra filosofal", uma substância lendária que supostamente poderia transformar qualquer elemento em ouro.
Brand pensou em experimentar com sua própria urina. Ele a deixou repousar, cozinhou até que se tornasse um resíduo sólido, aqueceu esse resíduo misturado com areia e pegou o material branco que ficou após a evaporação.
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O alquimista alemão Hennig Brand estava buscando uma maneira de criar o ouro. Em vez disso, encontrou o fósforo |
Brand não encontrou a pedra filosofal, mas sim o fósforo, e assim ele se tornou - em 1669 - a primeira pessoa a descobrir um novo elemento através da química.
Dezenas de outros elementos foram descobertos nos anos seguintes. Mas o grande salto ocorreu no século 19, quando o químico britânico Humphry Davy desenvolveu um novo método de identificação.
Davys usou a eletrólise, um processo que separa os elementos de um composto por meio da eletricidade. Assim, ele conseguiu, por exemplo, determinar que o sal de mesa era composto de sódio e cloro.
Ele também conseguiu separar magnésio, bário, estrôncio, cálcio, potássio, boro e lítio.
Eventualmente, 92 elementos são produzidos de forma natural: do hidrogênio - elemento 1, porque possui apenas um próton e elétron em seu núcleo - ao urânio, com 92.
Logo, com a ajuda do laboratório, chegaram os elementos sintéticos, também conhecidos como "elementos transurânicos", que são mais pesados e ocupam as últimas posições da tabela.
Efêmeros
Mas esses novos elementos têm um problema: eles são muito radioativos e, por isso, não são estáveis como os naturais.
"A razão pelo qual eles não existem na natureza é porque eles têm uma meia-vida muito curta, se desintegram rapidamente", disse à BBC o especialista nuclear atômico Jim Al-Khalili.
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Os elementos transurânicos são radioativos, muito instáveis e se desintegram em menos de um milissegundo |
Ele também observou que quanto mais pesado o elemento - em termos de número nuclear -, mais difícil é criá-lo. Existe até um ponto em que sua composição química se torna "confuso" e difícil de catalogar.
Há todo um campo da ciência dedicado a esses novos elementos, chamados de "super pesados".
Esses especialistas usam tecnologias de ponta para criar novos pesos pesados. Foi assim que descobriram os quatro elementos que foram incorporados à tabela periódica em 2016.
Mas o que eles não conseguiram fazer até agora é criar um peso pesado que dure mais de um milissegundo.
Esse objetivo é o que esses especialistas chamam de Ilha da Estabilidade.
"Existem boas razões para pensar que, eventualmente, seremos capazes de criar um grupo de elementos que durarão por muito mais tempo, que é conhecido como Ilha da Estabilidade", explicou Al-Khalili.
"Se conseguirmos criar elementos super pesados que durem, podemos começar a usá-los em processos químicos", acrescentou.
Assim, teoricamente, poderíamos produzir novos materiais com propriedades inimagináveis.
Por isso, 150 anos após a criação da tabela periódica, o objetivo não é mais definido na quantidade, mas na estabilidade dos novos elementos descobertos.
Este artigo é baseado em um capítulo do programa de rádio "Os casos curiosos de Rutherford e Fry" da BBC Radio 4.
FONTE: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49914127
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