segunda-feira, 5 de abril de 2021

Em testes, droga contra câncer diminui efeitos de proteínas do Sars-CoV-2 💊💉🩸

 

O vírus Sars-CoV-2 (Foto: NIAID)

Em experimentos com moscas-de-frutas (Drosophila) e linhagens de células humanas, cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Maryland (UMSOM), nos Estados Unidos, descobriram que o medicamento anticâncer, selinexor, pode diminuir os efeitos prejudiciais de proteínas do vírus da Covid-19, o Sars-CoV-2.

Os pesquisadores publicaram a descoberta na quinta-feira (25), no jornal científico Cell & Bioscience. O líder do estudo, Zhe Han, professor associado do Centro de Modelagem de Doença de Precisão na UMSOM, aponta em comunicado que o fármaco pode proteger o organismo de células já infectadas por proteínas virais – algo que não faz o medicamento remdesivir, usado para tratar o ebola.

O remdesivir, que é aprovado no Brasil, foi recentemente alvo de estudos para verificar se ele poderia também tratar Covid-19, pois supostamente o medicamento evitaria a multiplicação do Sars-CoV-2. Mas, sua possível eficácia contra a doença foi descartada por uma pesquisa publicada no renomado periódico The Lancet.

Como alternativa, Han acredita que o selinexor pode ser uma esperança. "Nosso trabalho sugere que há uma maneira de evitar que o Sars-CoV-2 lesione os tecidos do corpo e cause danos extensos", diz o pesquisador.

No estudo, antes dos testes com selinexor, os cientistas consideraram que o coronavírus infecta as células e as sequestra, fazendo com que ocorra produção de proteínas e cada um de seus 27 genes.

Estrutura do Selinexor (<-- clique e saiba mais)

Ao introduzirem esses genes em células humanas e em 12 linhagens de mosca-da-fruta, observou-se a produção de proteínas virais tóxicas ao organismo. A mais tóxica de todas as proteínas foi a Orf6, que matava cerca de metade das células humanas infectadas, de acordo com o estudo. Depois dessa, as vilãs eram as proteínas Nsp6 e Orf7a, que aniquilavam cerca de 30 a 40% das células de seres humanos.

Já nas moscas-da-fruta, foi possível notar que sempre que elas produziam em seus pequenos corpos qualquer uma das três proteínas virais tóxicas, havia bem menos chance desses seres voadores sobreviverem até a idade adulta. Algumas delas apresentaram até problemas pulmonares e menos mitocôndrias (fábricas de energia) em suas células musculares.

Em seguida, os pesquisadores analisaram a proteína viral Orf6 e viram que ela era a mais tóxica pois aderia às proteínas humanas infectadas pelo coronavírus. Mais precisamente, agiam nas proteínas XPO1, que transportam material genético para fora do núcleo das células.

Mosca-de-fruta Drosophila melanogaster se alimentando de uma banana
(Foto: Wikimedia Commons )

Mesmo sendo nocivo, o que o medicamento selinexor faz então é atuar nas XPO1, evitando a propagação da doença pelo corpo. Depois que os pesquisadores tentaram aliviar a toxicidade do fármaco, eles concluíram que a droga melhorava as chances de sobrevivência de células humanas infectadas pelo coronavírus em 12%.

A morte prematura em moscas caiu, por sua vez, em 15%, sendo que os ramos dos pulmões dos insetos e suas mitocôndrias foram restaurados. Os cientistas norte-americanos enxergam nisso uma possibilidade de tratamento, já que o selinexor é aprovado pela agência federal de saúde Food and Drug Administration (FDA).

"Mais de 1 mil medicamentos aprovados pela FDA estão em testes clínicos para testar possibilidades de tratamentos para Covid-19 e, felizmente, um teste para testar o selinexor, o medicamento usado em nosso estudo, já está sendo realizado", conta Han. “Se este ensaio for bem-sucedido, nossos dados terão demonstrado o mecanismo subjacente pelo qual a droga funciona”.

FONTE: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2021/03/em-testes-droga-contra-cancer-enfraquece-proteinas-do-sars-cov-2.html

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