quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Os metais e o cabelo

Uma característica importante no cabelo humano é a sua habilidade de absorver e acumular metais do ambiente. Essa capacidade, juntamente com as análises químicas de metais em sangue e urina, permite refinar a extensão em que o ser humano é exposto a diferentes níveis de poluição.  A Tabela 1 mostra as concentrações de metais encontradas nos seres humanos, no entanto esses valores são alterados pela idade e a região habitacional. Por causa dessa característica a análise de tecido capilar permite verificar o equilíbrio mineral, que são alterados de acordo com o ambiente exposto.

Tabela 1 - Concentrações naturais (micro g g-1) encontrados em algumas partes do corpo humano 
MetalRinsFigadoSangueCabelo
Li0,010,010,800,20
Al5,005,001,0015,0
Ti0,500,505,002,0
V0,20,10,050,05
Cr0,10,10,10,8
Mn1,005,000,41,5
Fe320600109040
Co0,1000,1000,1000,350
Ni0,500,10,30012,0
Cu14,020100020
Zn150250900180
As0,010,031,000,10
Se0,502,00902,00
Rb5,005,001600,05
Sr0,050,055,000,10
Mo0,301,000,5,00,10
Cd15,00,800,1,00,20
Sb0,050,500,300,20
Cs0,010,100,700,50
Hg0,100,101,000,40
Pb3,005,003,001,00
Fonte: Fifield e Haines (1995)

 O homem vem sendo exposto a nível elevados de metais potencialmente tóxicos (conhecidos como metais pesados) há milhares de ano. O chumbo é utilizado há pelo menos 5000 anos. Ele foi usado nos materiais de construção, pigmentos para cerâmica de revestimento e tubos para transporte água. Na Roma antiga, acetato de chumbo foi usado para adoçar o vinho velho, e alguns Romanos, poderia ter consumido, tanto quanto um grama de levar um dia. O mercúrio foi supostamente usado pelos romanos como uma pomada para aliviar a dentição dos recém-nascidos, e mais tarde (a partir dos anos 1300 ao final de 1800) foi empregado como um remédio para sífilis. O pintor Claude Monet usou pigmento de cádmio exaustivamente em meados dos anos 1800, felizmente a escassez do metal limitou o seu por outro artistas.
         Embora os efeitos adversos para a saúde de metais potencialmente tóxicos sejam bastante conhecidos há um longo período de tempo, a exposição continua aumentando em diversos locais da Terra. Por exemplo, o mercúrio é ainda utilizado na mineração de ouro em muitos partes da América Latina. O arsênico é ainda comum em conservantes de madeira, e o chumbo tetraetílico continua a ser um aditivo para gasolina comum, mesmo esteja sendo reduzido nos paises desenvolvidos mais naquele emergentes ainda é possível encontrar este poluente.
       Essa exposição é revelado a cada centimentro de cabelo que cresce; ou seja, os valores de metais encontrados num ser humano indicam o nível de exposição em um ambiente.  A presença de arsênio no cabelo foi encontrada em diferentes segmentos do fio de cabelo de Napoleão Bonaparte. Suspeita-se que Napoleão Bonaparte foi exposto ao arsênio por vários anos. A mesma idéia foi usada para comprovar a contaminação por mercúrio em uma população do Iraque, onde o trigo utilizado para o pão era tratado com fungicida à base de compostos mercuriais. 

Referências
Carneiro, M. T. W. D, Silveira, C. L. P. da, Miekely, N., Fortes, L. M. de C. Intervalos de referência para elementos menores e traço em cabelo humano para a população da cidade do Rio de Janeiro - Brasil. Química Nova, 2002, 25(1): 37-45
Fifield, F. W., Haines, P. J. Environmental Analytical Chemistry. London: Chapman & Hall, 1995.
Järup, L. Hazards of heavy metal contamination. Bristh Medical Bulletin, 2003, 68:167-182.
Pozebon, D., Dressler, V. L., Curtius, A. J. Análise de cabelo: uma revisão dos procedimentos para a determinação de elementos traço e aplicações. Química Nova, 1999, 22(6): 838-846.

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