Gasolina com chumbo e outros usos do metal pesado
Os seres humanos conhecem o chumbo desde a antiguidade. Originalmente, ele era visto como novidade de baixo valor ou utilidade. E começou a ser empregado em arte. Mas o espírito empresarial dos romanos conduziu ao seu uso extensivo, aproveitando sua maleabilidade e resistência à corrosão. Eles produziam canos de chumbo para transportar água e remover a água de esgoto. Eles também usavam recipientes revestidos de chumbo para armazenar água. A palavra inglesa "plumbing", para encanamento, e o símbolo químico do chumbo (Pb) vêm do termo latino plumbum, que significa "prata líquida". Canos de chumbo sobrevivem até hoje em banhos e estruturas romanas.
© istockphoto.com / Marco Maccarini Nos anos 70, gasolina com chumbo era a mais comum em uso em automóveis. Ela era simplesmente chamada de gasolina comum, e não gasolina com chumbo. |
Além de seu papel no encanamento, o chumbo era usado em cosméticos, tintas coloridas e pigmentos, vidros, jóias e louças, munições e em outros artefatos de cozinha. No século 20, o metal viria a ser usado em tintas para uso residencial, canos, revestimento de cabos e aditivos para a gasolina(chumbo tetratetil). No entanto, à medida que os responsáveis pela saúde pública começavam a reconhecer seus efeitos tóxicos sobre a saúde humana e ambiental, o uso de chumbo para certas finalidades foi abolido ou fortemente reduzido.
Hoje, chumbo é encontrado predominantemente em baterias de ácido-chumbo para armazenar energia elétrica, como aquela que equipa seu carro. De acordo com a Associação Internacional do Chumbo, 70% das baterias de ácido-chumbo do planeta são recicladas e aproveitadas para a produção secundária desse metal.
Além das baterias, é possível encontrar chumbo em produtos de revestimento residencial e em escudos contra a radiação - a alta densidade do elemento o torna ideal para absorver radiação gama e raios X. A maioria dos tubos de raios catódicos feitos de vidro (como os dos monitores decomputador) contêm esse elemento químico para proteger o usuário da radiação interna que geram. Além disso, o metal também está presente nos vidros usados para produzir cristais decorativos. Por fim, soldas de chumbo são boas para gerar conexões elétricas; e o elemento funciona bem para dispositivos cerâmicos como os usados no setor de eletrônica.
De onde vem todo esse chumbo? Ele fica escondido na crosta da Terra, primordialmente, como sulfeto (PbS) no mineral galena. Atualmente, 75% do metal produzido no mundo vêm da China, Estados Unidos, Austrália,Canadá, México e Peru [fonte: Associação Internacional do Chumbo (em inglês)]. E mais dele é produzido por fontes secundárias pela reciclagem de refugos.
Antes que o chumbo possa existir em sua forma final, é preciso processar e refinar o minério de chumbo. Os romanos usavam um processo chamado copelação para separar esse metal da prata. Hoje, esse setor extrai o elemento químico usando processos de torrefação e fundição, bastante semelhantes aos usados pelos romanos.
1. Torrefação: A galena é aquecida ao ar para converter sulfeto de chumbo (PbS) em óxido de chumbo e dióxido de enxofre.
2PbS + 3O2 --> 2PbO + 2SO2
2. Fundição: Coque (carbono - C) é acrescentado ao óxido de chumbo (PbO) e misturado com ar em um alto-forno de temperatura elevada, para obter chumbo metálico. No oco da fornalha, o carbono substitui o chumbo do óxido de chumbo e forma dióxido de carbono (CO2) gasoso e chumbo (Pb) derretido.
2PbO + C --> 2Pb + CO2
O chumbo derretido afunda até o fundo da fornalha, é escoado e resfriado e forma tijolos ou lingotes de chumbo. A escória, um subproduto não metálico da fundição de metais, se separa do chumbo derretido. Então é escoada, resfriada e descartada como resíduo. O metal derretido extraído por fundição muitas vezes contém outras impurezas metálicas, como zinco, arsênio, cobre, prata, ouro e bismuto. A eletroextração remove essas impurezas com a ajuda de uma corrente elétrica.
Além de extrair chumbo do minério, os produtores também podem obtê-lo de fontes secundárias, como baterias usadas e resíduos de chumbo. Aextração secundária também envolve processamento de matérias-primas, fundição (para restaurar a forma original do chumbo ou da liga que o contenha), resfriamento e moldagem.
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