quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Como "funciona" o CHUMBO (parte 4)... ufaaa...

Efeitos do chumbo e tratamentos

Ao contrário do zinco ou do ferro, o chumbo não tem papel biológico no organismo. Ele é apenas uma toxina. Mas o corpo o trata como se fosse cálcio, de modo que se acumula em lugares em que o mineral é armazenado, como nos ossos. E como o cálcio exerce funções essenciais na comunicação entre células nervosas, nas contrações musculares e nos hormônios, o chumbo pode interferir nesses processos.  
crianças envenenamento por chumbo
© istockphoto.com / Glenn Bo
Crianças correm risco especial de envenenamento por chumbo, de fontes como a tinta à base de chumbo usada para pintar brinquedos e em velhas casas e outras edificações

O chumbo afeta o cérebro e o sistema nervoso, os vasos cardíacos esanguíneos, os rins, o sistema digestivo e o sistema reprodutor. À medida que afeta cada sistema, o metal produz diversos sintomas.

  • Sistema cardiovascular: alta pressão arterial, inchaço do coração, problemas de condução elétrica
  • Sistema digestivo: dor, constipação ou diarréia, falta de apetite
  • Sistema nervoso: dores de cabeça, irritabilidade, fadiga, perda de memória
  • Sistema renal: problemas renais, níveis de uréia elevados no sangue, anemia
  • Sistema reprodutor: perda de interesse pelo sexo e esterilidade/infertilidade em ambos os sexos
  • Sistema esqueletal: dor nos ossos e juntas causada pela acumulação de chumbo nessas áreas
Os sintomas podem ser facilmente percebidos em casos de envenenamento agudo por chumbo, com concentração relativamente elevada no sangue. Mas talvez seja menos perceptível em casos menos agudos, e só se revele em momentos de exposição crônica, com a elevação gradual do nível desse metal no sangue.
O efeito predominante do envenenamento por chumbo em crianças é cerebral. O cérebro de uma criança não tem um "circuito elétrico" completamente definido como o de uma casa. Em vez disso, à medida que a criança se desenvolve novos circuitos nervosos se formam em resposta a novas experiências, aprendizados e memórias (os neurocientistas denominam plasticidade a essa capacidade de formar novas conexões). Esses circuitos envolvem um ou mais neurônios que se comunicam com os demais em diversas partes do cérebro pelo envio e recepção de mensagens químicas, conhecidas como neurotransmissores. Os novos circuitos usam o glutamato como neurotransmissor.

Como as células nervosas se comunicam
O seu cérebro e sistema nervoso são feitos de células nervosas, ou neurônios. Como os fios no sistema elétrico de uma casa, as células nervosas fazem conexões umas com as outras em circuitos conhecidos como percursos neuronais. Ao contrário dos fios elétricos, as células nervosas não se tocam, mas se unem nas sinapses - as duas células nervosas ficam separadas por uma pequena brecha ou fenda sináptica. O neurônio emissor é conhecido como célula pré-sináptica e o receptor como célula pós-sináptica. As células nervosas enviam neurotransmissores em jornadas unidirecionais, da célula pré-sináptica para a pós-sináptica. 
Como o corpo não distingue chumbo de cálcio muito bem, ele pode interferir com a liberação de glutamato pela célula pré-sináptica e com um receptor chamado NMDA na célula pós-sináptica. Essa interferência prejudica a plasticidade tão importante para o desenvolvimento do cérebro das crianças. 
Assim, o melhor tratamento é a prevenção. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos recomenda que todas as crianças com seis anos ou menos sejam testadas em busca de traços de chumbo. Caso haja fontes potenciais do metal em sua casa - tinta descascada à base de chumbo ou canos de chumbo - você ou um profissional deve tentar removê-las (por meio de limpeza profissional, pintura nova sobre a tinta velha ou remoção do material perigoso).
Caso os níveis de chumbo no sangue sejam elevados, remédios vendidos sob receita - como o Succimer - podem reduzi-los. Porém, em casos extremos de exposição a chumbo, como em um acidente industrial, os níveis tóxicos podem ser removidos por terapia de quelação, um agente de quelação como o ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) é injetado na corrente sanguínea. O agente se afixa ao chumbo. Os rins então expelem o EDTA que transporta o chumbo. Mas esse é um tratamento reservado a casos extremos de envenenamento.
Não somos os únicos corpos que o chumbo afeta negativamente. Ele penetra no ambiente pela água contaminada -  água proveniente de canos de esgoto de chumbo, água de chuva contaminada pela poluição atmosférica ou que se infiltre em solo contaminado. Essa água contaminada chega ao lençol freático e aos ecossistemas aquáticos. O chumbo afeta adversamente os organismos nos primeiros elos da cadeia alimentar, como o plâncton (plantas e animais microscópicos) e os moluscos. Quando esses organismos morrem, se decompõem e liberam o chumbo de volta no ambiente. Ao serem comidos por organismos em estágios mais elevados da cadeia alimentar, como peixes, mamíferos marinhos, aves e seres humanos, o metal que portam se acumula nos tecidos desses outros organismos, e gera ainda mais efeitos adversos.

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