sábado, 11 de maio de 2013

‘Vilã incompreendida’, química oferece mercado atraente a profissionais

Terror para parte dos vestibulandos, ao lado de outras ciências exatas como física ou matemática, a química é uma ciência em muitas vezes injustiçada pela má fama. Xingada e desprestigidada por alguns candidatos nos vestibulares e até mesmo cantada – quem nasceu antes dos anos 90 se lembra de como Legião Urbana e Paralamas do Sucesso teciam versos de ódio contra a disciplina, na canção “Química” – a ciência tem tudo para virar o jogo, cujo placar é injusto, diga-se de passagem. 

Diferentemente do estereótipo facínora que recebe por vezes, seja em música, prosa, verso ou escolhas de vestibulandos, a disciplina é responsável por uma das maiores demandas por profissionais no País, com tendência ainda a ficar maior em vista dos investimentos previstos, especialmente após o anúncio das jazidas de petróleo na camada abaixo do pré-sal. 

Além da questão do mercado de trabalho, a ciência também ganha holofotes – positivos – em âmbito global, já que 2011 é o Ano Internacional da Química (AIQ). A iniciativa é da Organização das Nações Unidas (ONU) que, desta forma, pretende dar coro a pesquisadores que pleiteiam o reconhecimento universal de que a ciência está na base de tudo, inclusive os processos naturais. 

Com perspectivas de abertura em até 200 mil novos postos de trabalho no Brasil até o ano de 2020, de acordo com recente estudo divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o mercado no setor, apesar do espaço garantido aos profissionais, enfrenta uma contradição. Mesmo com vagas abertas, tem gente sem trabalhar. 

Conforme especialistas, a massa desempregada não atende às expectativas do também grande contingente de empresas, que busca profissionais com maior grau de qualificação. 

Essa dificuldade na contratação é atestada por um dado recente apontado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Conforme o estudo, 69% dos empresários não conseguem encontrar pessoal qualificado, especialmente para cargos técnicos ou especializados. Por outro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 1,5 milhão de pessoas estão desempregadas no Brasil. 

E é justamente a famigerada química uma das áreas com maior potencial de absorção de profissionais. Ao lado de outros nichos como tecnologia ou engenharia, a ciência, entretanto, não pode ser considerada um atrativo apenas pela possibilidade de emprego. É preciso muita aptidão e afinidade, observam profissionais do setor. 

Ou seja, vestibulandos sem intimidade com números, de certa forma, estão certos em se manter longe da disciplina. “É preciso gostar, ter facilidade com o conteúdo que exige muita Matemática”, observa a professora de química Lidiane Pradilha. 

Outra particularidade, observa o também professor Moisés Pradilha, é o caráter misto da disciplina, que faz paralelo entre conceitos das ciências exatas com as humanas também. “Demanda muita interpretação de texto. É preciso aliar tanto conceito das ciências exatas quanto humanas. Na Física também é desta forma”, compara.

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