A partir do material do seu próprio cabelo é possível criar uma pedra de diamantes. Como? Pura química.
O carbono é um dos elementos mais abundantes do planeta, que dá origem a materiais tão distintos quanto grafite e o diamante. Ao mesmo tempo, é também base da química orgânica e está presente nos seres vivos – nas plantas, animais e, claro, no homem.
O que transforma um elemento tão comum em pedra preciosa, composta 100% de carbono, são condições específicas de temperatura e pressão. “Na natureza os diamantes demoram milhões de anos para se formar, mas em laboratório reduzimos esse tempo recriando as condições necessárias”, diz Flávio Amante, diretor da Brilho Infinito, única empresa que comercializa no Brasil os diamantes feitos a partir de cabelo.
Em seu laboratório, na Espanha, a empresa utiliza fornos de mais de 1.600 ºC e pressões de 45 mil atmosferas para transformar madeixas em brilhantes. São necessários cerca de sete centímetros de cabelo para formar as pedras que variam de 0,20 a 0,70 quilate – ou, para quem tem cabelo curto, uma colher de sopa com fios basta.
Apesar de requerer um grande laboratório, a técnica em si não é complicada. O cabelo é aquecido até ser, literalmente, carbonizado. O material é macerado e prensando até virar uma pastilha que é então submetida a altíssimas pressões para se transformar em diamante. A última etapa é a lapidação, finalizando um processo que leva cerca de dois meses – incluindo transporte.
“O cliente pode escolher o tamanho mínimo da pedra que deseja e também a cor”, explica Amante. Para obter os tons desejados, basta adicionar os elementos que, na própria natureza, são responsáveis pelos pigmentos das pedras. “O azul é proveniente do boro, o champagne é a cor natural das pedras e a incolor, a mais conhecida, fica assim por causa da adição do nitrogênio”, diz.
Outras cores podem estar disponíveis em algum tempo, como rosa, verde e amarelo – e também outros tamanhos, já que 0,7 quilate é, por enquanto, o máximo garantido.
Desde o lançamento da marca no Brasil, no início do ano, mais de 400 clientes já encomendaram suas peças que, segundo o diretor, agradam pelo o que representam. “Você pode fazer a pedra com fios de cabelos de várias pessoas – já vi casais fazendo juntos, filhos que fizeram para a mãe…”, diz. Justamente pelo valor sentimental da peça, é importante garantir que a pedra recebida foi mesmo feita a partir dos cabelos enviados.
Assim, a empresa criou um sistema: o próprio cliente corta suas madeixas e as coloca em uma embalagem previamente cedida, com o lacre selado e uma etiqueta assinada colocada por cima. Ao chegar ao laboratório, o processo é todo filmado: do momento em que o cientista rompe o lacre até a entrada da pastilha na câmara de pressão.
Apesar de durarem para sempre, as pedras têm um custo alto: o modelo mais simples, de 0,20 quilates e da cor champagne, custa a partir de R$4,5 mil. “Mas o valor inclui todo o transporte, o certificado de um laboratório atestando que se trata mesmo de um diamante e classificando a pedra e o DVD com a filmagem do processo”, diz o diretor.
Se você se interessou, e talvez considere um diamante de cabelo como presente bem legal, Flavio Amante esclarece uma dúvida importante: e os carecas? “A técnica permite produzir diamantes a partir de pelos do corpo. Já tive casos de clientes retirando do braço, por exemplo, mas não é praxe perguntarmos de onde veio o material – você envia de onde quiser e, desde que seja cabelo do corpo, fabricamos a pedra”, brinca.
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